educação infantil e fundamental I

'Escola para Todos' é o desafio na área

Meta é conciliar a oferta de ensino e aprendizagem à população de modo geral com o respeito e atendimento às singularidades

Daniel de Camargo
07/07/2019 às 17:53.
Atualizado em 30/03/2022 às 23:24

O principal desafio da Educação na atualidade é conciliar a oferta de processos de ensino e aprendizagem para a população de modo geral com o respeito e atendimento das singularidades. A afirmação é do diretor pedagógico da Secretaria de Educação de Campinas, Luiz Roberto Mariguetti. Graduado em História e mestre em Educação, ele diz que o conceito é popularmente chamado de “Escola para Todos”. O pensamento é belo, porém, em sua concepção, extremamente complexo de ser concretizado. De acordo com o educador, esse cenário é mais manifesto a partir do Fundamental 1, que atende alunos com idade em média de 6 a 10 anos. Mariguetti relata que o trabalho educacional era bastante massificado nas escolas na década de 70. “Havia um padrão para todos os estudantes. Se porventura, um ou outro não se enquadrasse, não servia para determinado colégio”, disse. O diretor pedagógico contextualiza que essa era a característica da Educação na época, não só no Brasil, mas no mundo. O educador enfatiza que jovens com deficiência ou necessidades especificas tinham dificuldades para se encaixar no arquétipo. Por isso, parte das crianças era excluída da escolarização, mesmo que de maneira informal. Na Educação Infantil, que atende crianças de zero a 5 anos, Mariguetti analisa que a atuação se dá pela associação do cuidar e educar. Historicamente, segundo ele, esse nível de educação é atrelado ao assistencialismo. No passado, as creches não tinham como principal foco a educação em si. Esse cenário, na percepção do educador, mudou a partir dos anos 90. Nesse período, a “Educação Infantil ganhou um sentido pedagógico com a inserção da ciência da educação”, explicou. Pontos fortes e a melhorar Os professores da rede municipal de Campinas são altamente qualificados, segundo o diretor pedagógico da Secretaria de Educação de Campinas, Luiz Roberto Mariguetti. “Não temos profissionais com formação inadequada: todos tem a formação mínima para exercer o magistério”, disse. Esse cenário, de acordo com o educador, não é comumente encontrado em municípios brasileiros. Segundo ele, o Brasil conta com muitos professores ‘leigos’. No caso, pessoas sem formação ou fora da sua área. Por exemplo, um docente em matemática que, na prática, leciona português.”"Em Campinas, não temos isso: todos são habilitados para as funções que estão desempenhando", assegura. Outros pontos positivos da rede campineira são: o grande número de professores com pós-graduação; o modelo de educação integral, no qual as atividades do contraturno são diretamente ligadas às disciplinas; e o fato de que a cidade tem uma política de formações instituída para esses servidores. Em contrapartida, Mariguetti revela que ainda há um déficit de vagas nas creches. Hoje, em torno de 4 mil crianças permanecem aguardando vagas. O diretor, entretanto, garante que esse número já foi maior e diminui a cada ano. Fórum Internacional Na Região Metropolitana de Campinas (RMC) ocorrerá o 10º Fórum Internacional de Educação, com recursos provenientes do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano (Fundocamp), vinculado a Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp). Para realização do Fórum, foram liberados R$ 400 mil. No evento serão discutidas boas práticas educacionais no âmbito regional, com a contribuição de especialistas e análise de experiências internacionais. O evento tratará das políticas públicas para Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Fundamental, temas de grande importância para a RMC, sobretudo porque em Campinas a Educação não foi municipalizada, coexistindo o Ensino Fundamental Municipal e Estadual. O projeto contempla os educadores dos 20 municípios da RMC e contará com um público aproximado de 2 mil pessoas. Falhas  Apesar de ser um direito garantido por lei, a educação ainda é um problema no Brasil. Em 2018, a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais de idade foi estimada em 6,8% (11,3 milhões de analfabetos). Se comparada à taxa de 2017 (6,9%), o número apresentou uma redução ínfima de aproximadamente 200 mil pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o nível de instrução, indicador responsável por apontar o grau educacional alcançado por cada pessoa, independentemente da duração dos cursos por ela frequentado, mostra que no País, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que finalizaram a educação básica obrigatória, ou seja, concluíram, no mínimo, o Ensino Médio, passou de 46,2%, em 2017, para 47,4%, em 2018. Tendo em vista que as escolhas educacionais variam ao longo da vida, essa métrica é melhor avaliada entre aqueles que já poderiam ter concluído o seu processo regular de escolarização, em geral, em torno dos 25 anos. O Pnad 2018 estimou ainda que, 24,3 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos não frequentavam a escola, cursos pré-vestibulares, técnico de nível médio ou de qualificação profissional e não haviam concluído uma graduação. Novas creches O Governo de São Paulo autorizou, na última terça-feira, a prorrogação de convênios, que estavam vencidos, para dar continuidade às obras de construção de 22 creches na região de Campinas. Ao todo, serão 98 no Estado. O investimento total será de pouco mais de R$ 174 milhões. As cidades a serem contempladas com uma unidade cada são: Espírito Santos do Pinhal, Itapira, Jarinu, Mococa, Monte Mor, Nova Odessa, Pedra, Pirassununga, Santa Cruz das Palmeiras, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. Já com duas unidades são Amparo, Araras, Bragança Paulista, Leme e Vargem Grande do Sul. As prorrogações não poderão ultrapassar o período de dois anos, contados a partir da data de celebração dos respectivos aditivos. Desta forma, os contratos já vencidos poderão ser prorrogados para que as obras, a maioria em andamento, sejam finalizadas mais rapidamente e os equipamentos entregues à população. As creches fazem parte do Programa Creche Escola. Para a viabilização da obra, os municípios devem apresentar um terreno compatível com um dos três modelos de plantas oferecidos pela Secretaria da Educação, além da documentação requerida. A Secretaria da Educação efetua o repasse das verbas em sete parcelas, mediante a execução das obras e só após o laudo da vistoria emitido pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). A licitação e condução dos serviços podem ficar tanto a cargo das prefeituras quanto da FDE. Com o projeto, o Governo Estadual espera expandir o atendimento de alunos dessa faixa etária, prioritariamente, em localidades com maior vulnerabilidade social. Programa na região Desde a implantação, em 2011, foram entregues 364 unidades dentro do Programa Creche Escola e outras 256 estão em execução. Na região de Mogi Mirim, já foram entregues 11 unidades e outras quatro estão com obras em andamento com previsão de 520 novas vagas. “Nós temos um número enorme de creches a serem inauguradas este ano. É uma das prioridades do programa de educação, sob liderança do secretário Rossieli Soars. “É o valor e a importância de o Governo apoiar a educação infantil de zero a cinco anos, oferecendo a essas crianças uma condição de vida e uma perspectiva de futuro. E, obviamente, também, gerar empregos. São professoras, professores, gestores, merendeiras e pessoas que trabalhando nas creches estimulam não só renda e oportunidade, como o processo educativo”, declarou o governador, João Doria (PSDB).

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