Unidade Parque dos Servidores funciona há três anos na estrutura do sambódromo, em Paulínia
As instalações da Escola Estadual Parque dos Servidores, em Paulínia, que ficam embaixo do sambódromo da cidade, são motivo de revolta dos alunos do Ensino Médio que estudam no local. Em princípio, a escola deveria funcionar no sambódromo provisoriamente, até que o prédio novo estivesse concluído. Mas três anos depois, os estudantes continuam tendo aulas na base do improviso. A Secretaria de Estado da Educação afirmou que a nova escola ficará pronta este ano.O colégio fica na estrutura do sambódromo, que já abrigou uma universidade, mas fechou as portas no início de 2012. Naquele ano, foi criada a escola para atender a demanda de alunos do Ensino Médio da cidade e o espaço foi cedido pela Prefeitura. Apesar de ter divisão entre as salas, em muitos pontos as paredes de gesso estão com buracos. As janelas possuem vidros quebrados e telas de proteção foram danificadas. As aulas de educação física são feitas em uma quadra que foi pintada no asfalto, onde um dia foi estacionamento. Não há muros ou telas cercando a escola, e qualquer pessoa pode transitar ao lado das salas de aula.A reportagem esteve no local na tarde desta quarta-feira (19), mas não foi autorizada a entrar do prédio. O estudante Anderson Henrique, de 18 anos, que lidera um movimento que pede providências ao Estado e à Prefeitura, denunciou o que chamou de descaso com os cerca de 800 alunos. Ele já publicou na internet alguns vídeos mostrando as instalações do local, que são precárias, e também denuncia a situação em redes sociais. “São muitos problemas. Rachaduras e buracos na parede, não há sistema de combate a incêndios, muitos animais, alguns peçonhentos, aparecem com frequência e a escola costuma inundar quando chove”, contou.Quando Anderson era fotografado em frente à escola, a vice-diretora da instituição chamou o menino, que foi levado para o pátio do lado de dentro. O estudante acabou advertido por causa das imagens que eram feitas do lado de fora pela equipe do Correio. Em nenhum momento a profissional de educação direcionou o seu descontentamento aos jornalistas. ProtestoNa manhã desta quinta-feira, os estudantes organizam uma manifestação em frente à Prefeitura. Na pauta, eles pedem um local apropriado para estudar, além da priorização das políticas em Educação e Saúde.A manifestação está marcada para as 8h30. Este não é o primeiro protesto realizado pelos alunos do colégio do sambódromo. Em outubro do ano passado eles foram às ruas pedir a mudança do prédio por causa da presença de escorpiões. Mas nada foi feito. O estopim para estudantes e pais de alunos aconteceu no Carnaval, quando as arquibancadas do sambódromo — praticamente o teto da escola — foram interditadas a pedido do Ministério Público (MP), por não haver documentação que atestasse sua segurança. “Nós estudamos ali, não sabemos se o prédio é seguro, ou não. Só dizem que vão resolver, mas nunca resolvem. A sensação é que estamos abandonados”, disse o jovem, que está há dois anos na escola.“A cidade se orgulha de ter um teatro de primeira, petróleo, mas não tem uma educação de primeira”, criticou Gisele Bassi, moradora da cidade que irá participar do protesto.Por meio de nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que já teve início a construção do novo prédio que abrigará a Escola Estadual Parque dos Servidores. O investimento é de R$ 5 milhões e a previsão é que a obra seja concluída neste ano. Sobre o atual prédio, a Diretoria Regional de Ensino esclareceu que a unidade conta com verbas e com uma equipe de manutenção disponíveis para reparos na estrutura. Após as queixas, disse que irá enviar ao local uma equipe de obras para averiguar se os serviços estão sendo utilizados, além de verificar a necessidade de outras intervenções. Sobre a invasão de animais peçonhentos, a Secretaria disse que a escola passou por dedetização no mês de janeiro, antes do início das aulas, mas que será feita novamente no mês de abril. Justificou que o espaço onde estão as salas de aula não está interditado e que a Diretoria Regional não recebeu qualquer comunicado a respeito do assunto do Corpo de Bombeiros ou da Defesa Civil.