CONSTRANGIMENTO GERAL

Erro grosseiro revolta família durante cerimônia fúnebre

Setec reconhece a falha em troca de corpos e promete punir os responsáveis

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
05/07/2023 às 09:17.
Atualizado em 05/07/2023 às 09:17
Cemitério Parque das Flores, em Campinas, onde por um erro atribuído a funcionários da Setec, uma família enfrentou momentos constrangedores durante velório de ente querido (Alessandro Torres)

Cemitério Parque das Flores, em Campinas, onde por um erro atribuído a funcionários da Setec, uma família enfrentou momentos constrangedores durante velório de ente querido (Alessandro Torres)

A técnica em enfermagem Angela Medeiros Cruz, de 60 anos, ficou indignada na manhã de terça-feira (4) quando se preparava para iniciar o velório de sua mãe no Cemitério Parque das Flores, em Campinas. Angela percebeu que o corpo que estava no caixão não era o de sua genitora, mas sim o de outra pessoa falecida, que estava vestida com as roupas deixadas pela família para preparar o corpo da idosa Doralice Medeiros, de 83 anos.

Inconformada, a profissional de saúde procurou os funcionários do cemitério, que atribuíram o erro à Serviços Técnicos Gerais (Setec). No entanto, antes disso, um dos funcionários do campo santo fez um comentário desagradável, insinuando que a reclamação da mulher estava incorreta, dizendo que "o cadáver muda mesmo após a preparação". A Setec, responsável pelos serviços funerários na cidade, informou que irá investigar o caso por meio de uma sindicância.

Segundo familiares de Doralice, após a identificação do erro, levou pelo menos 4 horas para que o corpo correto fosse levado ao velório. Angela relatou: "Quando cheguei aqui às 5h e vi que não era minha mãe, fiquei indignada. Procurei os funcionários do cemitério, mas disseram que o problema era da Setec. Tive que ligar lá para que percebessem que enviaram o corpo errado". No entanto, o corpo da idosa só chegou por volta das 9h30.

O erro cometido pelos servidores da Setec causou a situação constrangedora. O corpo que foi levado ao Parque das Flores, fingindo ser o de Doralice, na verdade pertencia a uma mulher que seria velada e enterrada no Cemitério Parque Nossa Senhora Conceição - Amarais. Apesar de não ser Doralice, a pessoa falecida estava vestida com as roupas que pertenciam à mãe de Angela, o que aumentou ainda mais a indignação.

"Além de não ser minha mãe, o outro corpo ainda estava com as roupas dela. E como se não bastasse, retiraram essas roupas e as colocaram de volta em minha mãe... as mesmas roupas que foram vestidas em outra pessoa falecida. É uma falta de respeito absurda", comentou Angela indignada. Após a correção do erro, a família relatou que os funcionários pediram desculpas e partiram, o que não seria suficiente para "compensar tamanho desrespeito".

O neto de Doralice, o publicitário Vinícius Medeiros, de 33 anos, prometeu processar a Setec por danos morais, afirmando que "é inadmissível que isso aconteça" e que tomarão todas as medidas necessárias para evitar que outras pessoas passem pela mesma situação.

OUTRO LADO

A Setec se pronunciou sobre o caso por meio de uma nota oficial, reconhecendo o problema e solidarizando-se com a família. A autarquia informou que está tomando as medidas necessárias para abrir uma sindicância e apurar os fatos, que poderão resultar em um processo administrativo disciplinar.

Não é a primeira vez que casos como esse ocorrem no mesmo cemitério. Em setembro do ano passado, um funeral no local também se tornou um caso de polícia, quando uma família descobriu que o corpo levado ao velório era de outra pessoa. Assim como no caso de terça-feira (4), a troca só ocorreu após a família entrar em contato com a Setec e registrar um Boletim de Ocorrência na delegacia.

O presidente da Setec, Enrique Lerena, falou exclusivamente ao Correio Popular sobre o ocorrido. Ele reconheceu o erro na operação, afirmando que é inadmissível. Ele pediu desculpas aos familiares e ressaltou que a apuração será rigorosa, com foco em identificar a origem do erro. Lerena afirmou: "Lamento muito o ocorrido, reconheço o erro na operação e isso é inadmissível. Não há nenhuma justificativa que a gente possa minimizar o erro. Peço mil perdões para os familiares. Vamos apurar em sindicâncias as responsabilidades. Se já tiver provas diretas de quem foi responsável pelo erro, já vai para processo disciplinar direto, precisamos penalizar quem cometeu esse erro", disse Lerena.

EM MEMÓRIA

Em memória de sua mãe, Angela declarou: "Minha mãe sempre foi uma mulher trabalhadora, esforçada, dedicada. Ela trabalhou como diarista e criou quatro filhos. Ultimamente, estava abalada devido a uma doença de meu irmão, e foi isso que acabou com ela". Doralice Medeiros deixa quatro filhos. Após a adversidade que atrapalhou o velório, familiares e amigos deram seu último adeus à falecida, que foi sepultada por volta das 16h.

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