Em cinco meses, 2023 passa a ser o sexto ano com mais registros da doença desde 1998
Para evitar a proliferação do mosquito é importante vedar a caixa d’água (Kamá Ribeiro)
Campinas registra novo recorde de casos confirmados de dengue e preocupa as autoridades de Saúde do município. Segundo dados do Painel Interativo de Arboviroses, desde o início do ano até quarta-feira (24), foram confirmadas 7.151 ocorrências da doença. Desta forma, 2023 passa a ser o sexto ano com mais registros de dengue desde 1998, quando foi identificado o primeiro caso na cidade. O recorde absoluto de 65.754 casos positivos para dengue foi contabilizado em 2015. O excesso de chuvas e o calor são fatores que favorecem a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya. O pico de casos ocorre nestes cinco primeiros meses do ano, justamente pelas condições climáticas.
A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, que resultam em desidratação. Ao apresentar estes sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde da cidade para atendimento médico.
Para acabar com a proliferação do mosquito é preciso evitar acúmulo de água em latas, pneus e outros objetos. Os vasos de plantas devem ter a água trocada a cada dois dias. É importante, também, vedar a caixa d’água. Os vasos sanitários que não estão sendo usados devem ficar fechados.
O Painel separou a metrópole em cinco regiões, Norte, Noroeste, Leste, Sudoeste e Sul. Com 1.842 registros, a região Noroeste lidera em 2023, com bairros como Jardim Garcia e Vila Teixeira. Em segundo lugar, está a região Sudoeste com 1.652 casos, que abrange bairros como Novo Campos Elíseos e Vila União. A região Norte está em terceira posição com 1.437 e abriga o Jardim Novo Botafogo e o Jardim Chapadão. O quarto lugar é ocupado pela região Leste, que contabilizou 1.258 positivos para dengue e uma morte, a única desse ano. A região Leste inclui o Centro, Distrito de Sousas e Taquaral. Por fim, a região Sul de Campinas tem 958 casos, que abrange bairros como Cidade Singer e Vila Industrial. Os quatro casos restantes estão na categoria “ignorado”, que, por um erro no sistema de preenchimento, ainda não foram vinculados a nenhum endereço.
A infectologista Raquel Stucchi, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), enfatizou que a pessoa infectada pode desenvolver complicações, podendo até levar a óbito. “Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça e dor atrás dos olhos. Em casos leves, o paciente pode ter dor no corpo, diarreia e dor abdominal. Os sinais graves são sangramentos, surgimento de manchas vermelhas no corpo e dor abdominal intensa”. Em Campinas, o sintoma mais comum é a febre, que atingiu 98,9% dos 7.151 infectados até agora em 2023. Já o menos recorrente são as manchas vermelhas, que foram detectadas em apenas 6,3% dos casos.
O coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto explicou que os casos estão concentrados em toda a cidade. “Agora vamos ter uma alta nos números. Mas, com o clima frio é esperado um decréscimo”. Neto pediu que as pessoas separem 10 minutos por semana para fazer vistoria nos domícilios e no local de trabalho, para eliminar criadouros. A larva leva entre 7 a 10 dias para virar mosquito, por isso o controle semanal é efetivo. Com relação à nebulização, o coordenador do Programa de Arboviroses disse que essa técnica que consiste na aplicação de inseticida é utilizada somente em locais em que o controle foi perdido. “Só matar o mosquito não resolve o problema. Temos que eliminar o criadouro”.
Moradora da região Leste, Juliana Pasti Villalba, 52 anos, nunca teve dengue . Ela tem uma piscina em casa e faz o tratamento da água três vezes por semana. “Fico atenta em não deixar recipientes ou objetos que sirvam como reservatórios de ágra parada. Tenho piscina em casa, que é limpa e a água tratada frequentemente”, contou.
Cecilia Toledo, moradora da mesma região que Juliana, disse que tem muitas plantas e toma cuidado para não deixar água acumulada nos pratinhos. “Apesar de morar em apartamento, tomo esse cuidado. Além disso, meu prédio toma muito cuidado na prevenção de focos. O síndico e os funcionários estão sempre atentos aos vasos da área comum e calhas”, disse a professora.
Dienes Alberto Reginaldo Santana, 36 anos, morador da região Sudoeste, testou positivo para a dengue duas vezes, uma em 2014 e outra neste ano. “Descobri que estava com dengue pelas dores no corpo e na cabeça. Foi a segunda vez que tive a doença e por isso os sintomas ficaram mais claros. Fiquei cinco dias de molho. Fiz exame de sangue para acompanhar as plaquetas. Tomei paracetamol e esperei os sintomas passarem. Tomei suco de laranja e beterraba para ajudar e muita água de coco para hidratação”, revelou o porteiro.
O estudante de biologia na Unicamp Rodrigo Dutra Campos, 21 anos, tem plantas em casa e toma os cuidados para que os pratos não virem criadouros. “Evito deixar acumular água na caixa que fica atrás da geladeira e confiro se não tem água parada nos vasos de flores”, disse o morador da zona Norte. Gabriel Guedes Barbosa Dias Alves, 29 anos, também reside na região e disse que está vigilante. “Eu evito deixar água parada nas poucas plantas que tenho em casa e em alguns locais próximo da minha kitnet”.