Primeira vítima foi homem, de 86 anos, em março; agora mulher, de 67 anos, em 15 de junho
Agentes de saúde realizam ações em casas de bairros com maior incidência da doença na cidade em busca de possíveis criadouros do Aedes aegypti (Alessandro Torres)
Em meio a uma epidemia de dengue declarada pela Prefeitura de Campinas desde o dia 12 de abril, a cidade registra a segunda morte confirmada pela doença neste ano. A Secretaria de Saúde informou que uma mulher de 67 anos, moradora da área de abrangência do Centro de Saúde Vista Alegre, na região Sudoeste, morreu no dia 15 de junho em um hospital público do município em decorrência da dengue. A primeira vítima no ano foi um homem de 86 anos, da região do Centro de Saúde Taquaral, que faleceu no dia 4 de março.
No dia 12 de abril eram menos de 3 mil casos confirmados. Na última atualização do Painel Interativo Arboviroses, que monitora os dados da dengue, zika e chikungunya em Campinas, feita no fim da tarde da última quarta-feira, Campinas tem 8.982 casos confirmados e 274 em investigação. Em 1,4% dos casos foi necessária a hospitalização do paciente.
Os números colocam 2023 como o sexto ano com mais confirmações da doença no município desde 1998. O ano com mais casos foi 2015, com 65.754, também ano com mais mortes, 22. Ano passado foi o quinto com mais casos em Campinas, 11.268, e quatro pessoas morreram.
Desde o início do ano, a semana com mais casos confirmados foi de 9 a 15 de abril, com 817 casos, 90 a mais que a segunda semana com mais registros, entre 30 de abril e 6 de maio. Março, abril e maio são os meses tradicionalmente com uma quantidade maior de notificações da doença.
"Isso acontece devido às altas temperaturas e chuvas frequentes, que influenciam diretamente no ciclo do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Com a chegada das frentes frias e diminuição das temperaturas, no período de inverno, ocorre uma redução progressiva dos casos de dengue em razão da menor atividade do mosquito e, consequentemente, menor transmissão dessa arbovirose", explicou o articulador do Núcleo de Arboviroses, Zoonoses e Determinantes Ambientais de Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Fausto de Almeida Marinho Neto.
Mesmo que a incidência dos casos diminua nos próximos meses, como é a tendência, precisa manter a atenção para evitar criadouros dentro de casa. A Prefeitura calcula que cerca de 80% deles estão dentro das residências, portanto para o combate efetivo do Aedes aegypti é essencial o apoio da população.
Marinho Neto reforçou a necessidade de continuar atento aos criadouros. Para ele, não é preciso muito tempo para evitar a concentração de água parada em criadouros que o mosquito pode botar o ovo.
"Apenas 10 minutinhos por semana ajudam na prevenção e controle da dengue. Basta checar os ambientes onde possam ter acúmulo de água parada."
A região Noroeste tem o maior número de casos, pouco mais de 2,1 mil, e também é a primeira na incidência, com 1.228,9 registros a cada 100 mil habitantes. Na sequência estão as regiões Sudoeste, com 2 mil casos e incidência em 951, e a Norte com 1,8 mil casos e 775,2 confirmações por 100 mil habitantes.
As regiões Sul e Leste têm, respectivamente, uma incidência de 440,1 e de 563,7 por 100 mil habitantes, sendo as únicas abaixo da incidência na cidade, que está em 736,2.
SINTOMAS
As pessoas que apresentarem febre associada a dores de cabeça e/ou no corpo e/ou atrás dos olhos, além de manchas vermelhas, vômitos ou dor abdominal, devem procurar o serviço de saúde para avaliação e seguir as recomendações médicas.
Quase todas as pessoas infectadas, 99%, relataram um sintoma em comum, a febre. Três a cada quatro pessoas, 75%, apresentaram dor de cabeça e 72% dores no corpo. Outro sintoma tradicional é a dor nos olhos, que atingiu 31% das pessoas que tiveram dengue este ano.
EPIDEMIA DE DENGUE
No dia 12 de abril as autoridades em saúde do município estiveram reunidas na Prefeitura para apresentar um panorama da epidemia de dengue na cidade. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, fez a apresentação do cenário epidemiológico e explicou os parâmetros considerados para que a situação atual seja classificada como epidêmica.
"A epidemia é um parâmetro de comparação de nós com nós mesmos. A gente considera 10 anos da nossa série histórica e retira os anos epidêmicos. Quando há no mês ou na semana epidemiológica um número de casos confirmados maior do que a média dos últimos dez anos, estamos em epidemia, e informamos o Estado, o Ministério (da Saúde), e (a informação) chega até a Organização PanAmericana da Saúde (OPAS) e à Organização Mundial da Saúde, então, tecnicamente, estamos em epidemia."
Com o atual estado epidêmico da dengue no município os profissionais de saúde estão orientados a observar qualquer sinal de sintomas característicos da moléstia para, imediatamente, iniciar os procedimentos terapêuticos recomendados ao tratamento, como a hidratação, essencial à proteção do paciente nesses casos.