VALINHOS

Entregador denuncia racismo em condomínio

Moradora grava vídeo do motoboy de 19 anos sendo humilhado e posta nas redes sociais causando revolta

Alenita Ramirez
08/08/2020 às 10:20.
Atualizado em 28/03/2022 às 19:25
Vítima acionou a Guarda Municipal após as agressões verbais, mas não quis registrar queixa; Família do acusado disse à polícia que ele é doente  (Divulgação)

Vítima acionou a Guarda Municipal após as agressões verbais, mas não quis registrar queixa; Família do acusado disse à polícia que ele é doente (Divulgação)

Um vídeo publicado nas redes sociais por uma moradora de um condomínio de alto padrão em Valinhos, que mostra um contabilista de 31 anos, humilhando um motoboy de 19 anos, causou revolta nos internautas e profissionais do ramo, ontem. As imagens mostram o momento em que o homem ofende o profissional e diz que ele tem inveja das casas do local, que nunca teria aquilo e também disse que o jovem tinha "inveja disso aqui", apontando para a própria pele. O entregador trabalha para aplicativos de serviços de alimentação e registrou um boletim de ocorrência para denunciar as agressões e o crime de racismo. O caso aconteceu no dia 31 do mês passado e na ocasião, a Guarda Municipal (GM) foi chamada no local. O boletim foi registrado como injúria racial e, segundo o delegado Luis Henrique Apocalypse Joia, para que seja aberto inquérito e o agressor processado é necessário que a vítima represente criminalmente. O prazo para a representação é de seis meses. “O crime de racismo atinge várias pessoas. Neste caso, foi registrado como injúria porque foi feita contra uma pessoa específica”, explicou Joia. De acordo com depoimentos da vítima para a polícia, a agressão verbal ocorreu porque ele fez uma brincadeira com o contabilista, dizendo que o agressor “não seria bem-visto entre os motoboys”, uma vez o cliente os faziam caminhar até próximo a casa dele, contrário de outros clientes que esperam no portão da casa. Ainda conforme o motoboy, o contabilista se alterou e partiu para a agressão verbal. Durante a discussão, o rapaz ainda ofende o entregador, o chamando de “semianalfabeto” e diz que o profissional não tem onde morar nem "nunca vai ter" nada do que ele estava mencionando. Depois da repercussão do caso, a empresa expulsou o cliente da plataforma iFood. Em nota oficial, informou que o iFood disse que "racismo é crime" e que "condena qualquer forma de preconceito ou discriminação e por isso presta solidariedade e apoio ao entregador". A reportagem tentou contato com a vítima e com o agressor, mas não conseguiu. Segundo o delegado, o pai do contabilista chegou a ligar no dia na delegacia e disse que o filho é esquizofrênico. Caso a vítima representar contra o suspeito, será solicitado o laudo médico para avaliação.

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