ESTÔMAGO DE AVESTRUZ

Engolir celular vira 'moda' entre presos

A última ocorrência deste tipo registrada na RMC foi em Vinhedo, três dias antes do Natal

Alenita Ramirez
19/01/2019 às 10:01.
Atualizado em 05/04/2022 às 11:26

As unidades prisionais de Hortolândia e uma de Sumaré registraram, em 2018, 24 ocorrências de presos que engoliram celular durante a saidinha. Esses aparelhos são menores, não são smartphones. No total, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) apontou ao longo de 2018, em todo o Estado, 84 casos. Os incidentes, em sua maioria, foram detectados por scanner corporal, detector de metais, atitudes suspeitas ou exames de raio-X após encaminhados aos hospitais. A última ocorrência deste tipo registrada na Região Metropolitana de Campinas (RMC) foi em Vinhedo, três dias antes do Natal e um dia após o início da liberação dos presos do semiaberto, com direito ao benefício. Segundo a SAP, entre as formas usadas pelos presos engolirem celulares, está uma na qual um fio dental é amarrado em um dente e o objeto é engolido, amarrado na outra ponta do fio. Os aparelhos normalmente são expelidos por meio de vômito e evacuações, mas, em alguns casos, foram necessárias cirurgias para a retirada da peça. Segundo a SAP, em nenhum dos casos houve óbito dos sentenciados, em 2018. Os dados apontam ainda que só o Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Professor Ataliba Nogueira, em Hortolândia, registrou 19 casos ao longo do ano passado. Na penitenciária 2 e no Centro de Detenção Provisório (CDP), do mesmo complexo, foram dois casos em cada local. No Centro de Ressocialização (CR) Masculino de Sumaré, um. O CPP em Hortolândia (com os 19) e o CPP de Bauru 1 (16 casos ), foram os que mais tiveram ocorrências deste tipo. Esta estratégia de engolir celular ficou conhecida na região depois que o preso, Lucas Galdino Viana, que cumpre pena no do CPP de Hortolândia, foi descoberto pela polícia de Vinhedo. No dia 22 de dezembro, ele buscou atendimento médico na Santa Casa da cidade, com fortes dores no estômago. Ele foi internado e no exame de raio-X, os especialistas descobriram um aparelho entalado no estômago dele. O preso alegou que estava no período de saidinha temporária e havia engolido dois celulares para entrar com eles no presídio. Um, ele conseguiu vomitar, mas o outro ficou entalado no aparelho digestivo e foi necessário cirurgia para a retirada. A Polícia investiga a veracidade das informações, já que ele tinha saído naqueles dias. O retorno dele estava previsto para dia 3 de janeiro. O detento foi condenado por roubo a mão armada, cuja pena é de sete anos e quatro meses. Viralizou Em fevereiro de 2017, um caso de cirurgia para retirar um celular do estômago de um preso do CDP de São Bernardo do Campo viralizou nas redes sociais. A cirurgia foi por endoscopia. O criminoso havia engolido dois aparelhos, mas foi descoberto. Os agentes descobriram que três sentenciados daquele CDP estariam com celulares escondidos no próprio corpo e, durante procedimento de revista, realizado com o apoio do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), eles foram separados e questionados sobre a denúncia. Porém, apenas um admitiu estar com celulares escondidos no ânus. Os três foram encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento. Enquanto aguardava a remoção para o hospital, dentro da viatura, o primeiro preso retirou dois aparelhos do ânus, sendo que, posteriormente, foi liberado pelos médicos, retornando à unidade prisional. O exame de raio-X detectou a presença de celulares na área abdominal dos outros dois, que permaneceram em observação e depois foram submetidos à endoscopia para retirada deles. Os presos respondem a processo disciplinar e a unidade prisional instaurou apuração preliminar para elucidar o fato. Também foi comunicado à Vara de Execuções Criminais, que registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia.

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