Foram apresentados 10 projetos que vão do uso em sala de aula a atividades em presídios
Projetos educacionais de veículos de comunicação de todo o País foram apresentados nesta quarta-feira (23) em encontro promovido pelo Programa Jornal e Educação, da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), na Casa do Professor Visitante da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). As iniciativas vão muito além da leitura aprofundada dos periódicos em salas de aula: muitas delas envolvem outras camadas vulneráveis da sociedade, como reeducandos do sistema prisional. Outras promovem a integração de jornalistas de redação com estudantes. O Correio Escola Multimídia, do Grupo RAC, está entre as sete instituições que iniciaram o Jornal e Educação, há 22 anos.Ao todo, foram apresentados dez projetos. A coordenadora-executiva do Jornal e Educação, Ana Gabriela Simões Borges, afirmou que, além de ser uma forma de trocar experiências na área, o evento é um painel amplo da função social do jornal. Fomentar a leitura crítica das notícias é uma forma de promover a cidadania e de inclusão da criança e adolescente no contexto em que vivem, segundo Ana Gabriela. Além disso, é uma forma de angariar público e garantir a sustentabilidade do próprio veículo de comunicação. “O jornal precisa de novos leitores e conquistar esse público novo, que está mais interessado no individual de seus celulares do que no coletivo”.Para ela, a mídia na escola e projetos interativos que despertem interesse por reportagens garantem, inclusive, a permanência dos adolescentes nos colégios. “Uma das maiores preocupações do governo federal é a evasão escolar. Mas o aluno de hoje não tem mais grêmios, não tem mais o jornal produzido pelos próprios estudantes. Tudo isso sempre segurou as crianças nas escolas”.O evento teve ainda explicações de como conseguir recursos do Ministério da Educação (MEC) para projetos de função social. De acordo com Ana Gabriela, a ANJ assessora a criação de programas sociais em veículos de comunicação e indica como conseguir investimentos para o terceiro setor. “É muito importante que as empresas saibam como enquadrar os projetos nas políticas públicas do MEC, para terem maior aceitação.” Bom exemploEm Lajes (SC), o Correio Lageano, através do Instituto José Pachoal Baggio, desenvolveu o Projeto Mentes Livres, de leitura com detentos, que deve virar política pública do Estado catarinense. O programa oferece, além de livros e jornais, acompanhamento psicopedagógico aos reeducandos. Cada hora de leitura serve também como remissão da pena e o governo já economizou R$ 73 mil em um ano com o projeto. “Nós atendemos 150 detentos. E há uma mudança de atitude visível. Eles não apresentaram indisciplina, melhoraram o sono e a comunicação entre eles, além da questão da autoestima. Eles começam a ver o mundo de outra forma”, explicou Bárbara Zanonbi, coordenadora pedagógica do projeto. EngajamentoA coordenadora-geral do projeto Correio Escola Multimídia, a educadora Cecília Pavani, afirmou que o encontro demonstra o engajamento dos jornais com projetos de educação. “Para mim e para o Correio Escola, é uma satisfação ver que um programa de 22 anos cresce e dá bons frutos. Isso pode ser comprovado pela quantidade de pesquisa e trabalhos que devem ser apresentados no 7º Seminário Nacional (que começa nesta quinta-feira). As ideias apresentadas nesse encontro também servem de inspiração para nós”. Coordenador de jornalismo do Correio Escola, Fabiano Ormaneze considera o encontro um momento importante de organização das atividades do Programa Jornal e Educação. “É um espaço de troca de experiências para que possamos repensar juntos nossas práticas e desenvolvermos atividades que estejam conectadas às necessidades da educação brasileira e os desafios do processo de ensino e aprendizagem.”O Correio Escola Multimídia, mantido desde 1992 pelo Grupo RAC, é um dos pioneiros a serem criados por empresas jornalísticas no Brasil para o incentivo à leitura e ao uso de jornais em sala de aula de ensinos Fundamental e Médio. Atualmente, o projeto mantém dois cursos, um de extensão e outro de especialização, respectivamente, em parceria com a Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). O Correio Escola Multimídia mantém ainda concursos que envolvem produções de textos, fotografias e vídeos, além de campanhas sociais e do site E-Braille (www.correioescola.como.br/ebraille), direcionado a pessoas com deficiência visual. O projeto do Grupo RAC também realiza anualmente o prêmio Experiência 10, com o objetivo de reconhecer iniciativas criativas e originais realizadas por professores. Parte da experiência do Correio Escola Multimídia e do conhecimento produzido em 22 anos de atuação está reunida em quatro livros.