SONDAGEM

Empresas esperam definição da política econômica para investir

Arcabouço fiscal é dúvida para executivos das indústrias da região de Campinas

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
27/04/2023 às 09:33.
Atualizado em 27/04/2023 às 09:33
Máquinas, caldeiras, aparelhos mecânicos e suas partes são os produtos mais exportados pelas empresas (Divulgação)

Máquinas, caldeiras, aparelhos mecânicos e suas partes são os produtos mais exportados pelas empresas (Divulgação)

A Sondagem Industrial Mensal divulgada ontem pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Campinas mostra que a indústria regional vive um dilema, marcado por estabilidade e apreensão. Por um lado, o balanço aponta manutenção do volume de produção, dos empregos e da taxa de inadimplência. Por outro, o setor se mostra cético em relação aos efeitos da política econômica do governo federal e aguarda sinais mais claros sobre o arcabouço fiscal para investir.

As empresas associadas foram questionadas sobre o arcabouço fiscal – conjunto de medidas e regras para a condução da política fiscal do governo, enviado recentemente ao Congresso. Para 36% das respondentes, ‘o arcabouço fiscal trará confiança e previsibilidade ao mercado’. Também para 36%, ‘o arcabouço fiscal não é necessário e sim a reforma administrativa’. Já o arcabouço ‘provocará aumento de tributos e/ou cortes de incentivos fiscais’ para 19%. Apenas 9% das empresas ‘não tem avaliação’.

Sondagem de abril, quando comparada com o mês anterior, aponta que o volume de produção aumentou para 28% das associadas, permaneceu estável para 36% delas e diminuiu para 36% das respondentes. O faturamento das associadas, na mesma comparação, diminuiu para 55% delas, ficou estável para 27% e aumentou para 18%. Já o número de funcionários no período permaneceu estável para 91% das empresas, aumentou para 9% delas e nenhuma empresa diminuiu. 

A entidade interpreta que as respostas dos executivos representam, majoritariamente, fenômenos exclusivos de cada unidade empresarial, e não tendência de mercado, que atualmente, é de estagnação. Economistas ouvidos pela reportagem dizem que o cenário econômico do País não permite vislumbre de crescimento e que os aumentos apontados pelos empresários respondentes se resumem a uma pequena recuperação, já que os últimos meses foram marcados por estagnação e até retração econômica. Ou seja, é uma retomada de perdas, e não uma aceleração.

“São crescimentos de acordo com a demanda de algumas empresas específicas, já que a região de campinas tem uma indústria diversificada. O fato de um maior percentual de empresários declararem aumento na produção não indica a tendência de mercado”, declarou o diretor da entidade, José Henrique Toledo Corrêa. Para ele, as empresas ainda aguardam para ver como o mercado vai reagir ao arcabouço fiscal, em substituição ao teto de gastos, proposto pelo ministro da economia Fernando Haddad.

O economista Eli Borochovicius, da PUC Campinas, acredita que nem o arcabouço será um grande impulsionador da indústria. “É uma coisa que pode dar frutos a longo prazo, mas a indústria precisa decidir agora as medidas que vai tomar. Ou seja, gera esse fenômeno de indefinição. A tendência para os próximos meses não é de melhora”.

O coordenador da faculdade de economia das Faculdades de Campinas (Facamp), José Augusto Ruas, acredita que o cenário ruim deve se prolongar. “Não há uma grande novidade econômica transformando isso. Então a indústria fica nesse muro de pessimismo com estabilidade. Não é um cenário de expansão, nem de uma retração muita vigorosa, mas com toque de pessimismo”.

Balança comercial 

Os resultados da balança comercial na região apontam que, no mês de março, houve aumento de 6,2% nas exportações em relação a igual período do ano passado, saltando de US$ 303,3 milhões para US$ 322 milhões. Houve ainda um crescimento de 9,7% se considerado o primeiro trimestre do ano de US$ 874,4 milhões, contra US$ 797,4 milhões do ano passado.

Em contrapartida, as importações caíram. Para março, o valor importado foi de US$ 1,02 bilhão, 7,4% menor que os US$ 1,10 bi importados mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, a queda é ainda maior, de 9,4%, regredindo de US$ 3 bi para US$ 2,7 bi.

O saldo da balança comercial da região é deficitário, tanto para o mês quanto para o trimestre, porém, o déficit é menor que o registrado no ano passado. Para o mês, o montante foi de US$ 699,7 milhões, contra US$ 800 milhões do ano passado (12,6% menor). No trimestre, o saldo foi de US$ 1,8 bi, ante US$ 2,2 bi no ano anterior.

Os produtos mais exportados são Máquinas, caldeiras, aparelhos mecânicos e suas partes, que representam 13,9% do total, seguidos por combustíveis, óleos e derivados minerais e produtos plásticos e derivados, com 10,6% e 7,9% respectivamente. Os mais importados são produtos químicos e orgânicos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos e produtos químicos diversos., com 25,2%, 22,2% e 14,1%, respectivamente.

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