As empresas de transporte coletivo de Campinas afirmam que o sistema poderá entrar em colapso, por causa da pandemia de Covid-19, já no dia 7
As empresas de transporte coletivo de Campinas afirmam que o sistema poderá entrar em colapso, por causa da pandemia de Covid-19, já no dia 7, quando terão de pagar os salários dos funcionários, mas estão sem caixa para isso. Com o isolamento social, houve redução no número de passageiros transportados e queda de 70% nas receitas. Na última quarta-feira, as empresas não pagaram o vale refeição e o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários articula paralisação regional para os próximos dias. O prefeito Jonas Donizette (PSB) disse que os impactos no transporte estão sendo sentido em todo o País e em muitas cidades a frota está parando por falta de recursos para pagar salários. Ele afirmou ainda que enviou ofício ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), pela Frente Nacional de Prefeitos presidida por ele, pedindo a criação de um programa do governo federal para auxiliar essas empresas a manter o funcionamento do serviço. O documento já está com o ministro da Economia, Paulo Guedes. As operadoras enviaram ofício ao prefeito de Campinas em que pedem aumento do subsídio enquanto durar o isolamento social, para equacionar o desequilíbrio econômico que estão enfrentando. O sindicato dos trabalhadores também enviou ofício ao prefeito reivindicando um valor mínimo para os trabalhadores não ficarem sem renda alguma. As entidades aguardam resposta. A frota ontem em operação na cidade totalizou 336 carros, o que representa apenas 40% dos 831 ônibus que circulam, em média, nos dias úteis anteriores ao isolamento social, informou o diretor de Comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp), Paulo Barddal, com base nos números da gestora do Sistema de Bilhetagem Eletrônica da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc). A média de dias úteis em fevereiro foi de 393 mil passageiros e na última quarta-feira, 110,9 mil. O pior dia até ontem ocorreu em 23 de março com 93,9 mil pessoas transportadas. “Essa situação está ocorrendo no País todo. As empresas estão quebrando e não sabem o que fazer com os funcionários. Como vamos pagar salários, diesel, os benefícios se não tivermos ajuda governamental”, afirmou. Trabalhadores O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários, Jeremias Nunes dos Santos, informou que se nenhuma medida for adotada pelo poder público, as empresas não aguentarão pagar os salários. “Essa dificuldade está ocorrendo em todas as cidades e os sindicatos estão articulando uma paralisação conjunta na RMC”, afirmou. As empresas de Campinas empregam, só de motoristas, 2,5 mil pessoas, e Barddal estima que a crise atingirá cerca de 10 mil pessoas e seus dependentes apenas no transporte urbano. Segundo ele, os últimos dez dias do mês, em todo o Brasil, garantem a maior parte da receita, porque é o período em que as empresas adquirem o vale transporte para seus funcionários. “As compras foram reduzidas drasticamente, por causa do isolamento social”, afirmou Barddal. Social A Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU), a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana querem uma ação do governo federal que chamaram de Programa Transporte Social. As empresas avaliam que será necessário investimento R$ 2,5 bilhões mensais, que seriam usados para a compra de créditos eletrônicos de passagens, mantendo, assim, a entrada de dinheiro nas empresas de transporte coletivo urbano que estão lidando com redução de passageiros por causa da Covid-19. A proposta é que cada crédito seja equivalente a uma tarifa de cada cidade e o governo utilizaria esses créditos como estoque de passagens para ser empregado durante e depois da crise e fornecido para quem precisa fazer seus deslocamentos essenciais, complementando o auxílio que será dado aos informais, que vão receber R$ 600 durante a crise. As entidades sugerem ainda que o benefício seja estendido aos desempregados e às famílias carentes que recebem algum auxílio federal, como beneficiários do Bolsa Família e do Seguro-Desemprego.