DEPOIMENTOS

Empresários citados no Caso Sanasa se dizem "humilhados"

Alguns empresários denunciados no Caso Sanasa decidiram falar ao juiz da 3ª Vara Criminal

Milene Moreto
21/03/2013 às 15:07.
Atualizado em 25/04/2022 às 23:41

Alguns empresários denunciados no Caso Sanasa decidiram falar ao juiz da 3ª Vara Criminal, Nelson Augusto Bernardes. Os executivos Pedro Luís Ibraim Hallack e Dalton dos Santos Avancini, da Camargo Correa, negaram qualquer envolvimento com o esquema de corrupção e se disseram "humilhados" pelas denúncias. A obra que supostamente teve recursos desviados foi o da Estação de Tratamento Anhumas.

O juiz também faz o interrogatório do empresário Luiz Arnaldo Pereira Mayer. O proprietário da empresa negou a acusação e disse que houve "troca de palavras" na transcrição das escutas telefônicas que demonstram a participação do empresário no esquema. "Fui preso saindo da minha casa. Fui humilhado e jamais vou esquecer isso na minha vida", disse. A obra da Saenge foi a construção de um reservatório de água no Parque Oziel. 

Mayer discutiu com o promotor do Caso Sanasa, Amauri Silveira Filho, quando os dois falaram sobre a entrega de presentes para secretárias e funcionários da Sanasa. Mayer disse que entregou para o ex-presidente da Sanasa um relógio e um canivete e que era acostumado a dar "mimos" para os funcionários que trabalhavam nas empresas que mantinham contato com a Saenge. "Eu não sabia que era crime, até hoje, dar um ovo de páscoa para uma secretária do poder público. Vocês aqui devem receber presentes também", disse o empresário. O promotor reagiu e disse que nunca aceitou e nem aceitaria qualquer presente porque ocupa hoje uma vaga no serviço público. "O senhor não precisa me mandar orquídea ou ovos de páscoa. Nem eu, nem quem trabalha comigo vai aceitar" .

O primeiro a ser interrogado foi Valdir Boscato, que preferiu ficar em silêncio. O empresário da Hydrax, Gregório Wanderley Cerveira preferiu ficar em silêncio no seu interrogatório e afirmou apenas que não cometeu nenhuma irregularidade e se considera inocente. O ex-diretor da Hydrax, João Thomas Pereira afirmou não ser culpado da denúncia. "Fui julgado e condenado antes do tempo. Quatro policiais da ROTA foram na minha casa em Jaguariúna. Isso me indignou e estou aqui para esclarecer e ficar livre dessa lepra que eu peguei", disse. 

O proprietário da Gutierrez Engenharia, Gabriel Ibrahim Gutierrez, disse ao juiz que não consegue identificar o motivo pelo qual foi acusado pelo delator do esquema, o ex-presidente da Sanasa Luiz Augusto Castrillon de Aquino de integrar qualquer esquema criminoso. "Eu não consigo concluir com que o objetivo essa acusação foi feita. Acusar e colocar a Gutierrez como uma das contratadas envolvidas em fraudes é ilógico. Prestamos serviços lá (Sanasa) há 17 anos. O que passou pela minha cabeça é que se o delator (Aquino) tem que delatar, essa empresa vai também. Isso criou uma magnitude na imprensa, tomou uma proporção e a situação ficou complicada", disse o empresário.

O empresário, José Carlos Cepera, um dos pivôs do escândalo, se calou diante do juiz. Os advogados pediram vistas do processo de lavagem de dinheiro do Ministério Público e tentaram adiar o depoimento de Cepera, o que não ocorreu. O empresário disse que gostaria de falar, mas que acataria a decisão dos advogados para ficar em silêncio. "Eu verdadeiramente gostaria de fazer o depoimento para tentar elucidar o caso. Todavia, seguindo determinação dos meus advogados, neste instante eles consideraram que não seria conveniente. As acusações contra mim são falsas são falsas. Mas eu reafirmo que devo permanecer em silêncio. Se fosse possível, eu gostaria de retornar e faço o depoimento com o maior prazer", disse.

Bernardes afirmou que não haverá outra oportunidade porque o processo caminha para o fim.

Os lobistas Emerson Geraldo de Oliveira e Maurício de Paulo Manduca, acusados de intermediar os contratos da Sanasa, também optaram por ficar em silêncio.

Fuga de ex-secretário

O ex-secretário da Prefeitura de Campinas, Carlos Henrique Pinto disse ao juiz que ter fugido da polícia em maio de 2011 durante a operação do Gaeco foi o maior arrependimento da sua vida. Henrique Pinto afirmou que foi orientado por seus advogados a não se entregar, mas se arrependeu posteriormente. O ex-integrante do governo Hélio também afirmou que o dinheiro encontrado na sua casa, cerca de R$ 30 mil em dinheiro era fruto de ação que o seu escritório de advocacia havia recebido e que o valor serviria para pagar a festa de aniversário de sua filha.

"Aquele dinheiro encontrado na minha casa era de origem lícita. Aquele dinheiro, que nas minhas contas não passaria de R$ 28 mil, relacionava-se a um saque de uma via judicial me passado naquele dia pelo meu sócio, e solicitei em dinheiro para resgatar um cheque do aniversário da minha filha de 15 anos que iria ocorrer naquele dia. Muitas coisas a gente tinha que pagar em dinheiro. O tapete, os recepcionistas, os seguranças, o DJ, a pessoa que organizou disse que tinha que pagar os prestadores de serviços com dinheiro. Sempre tivemos economias, sempre tive algum “dinheirinho”. Eu quero deixar consignado que o dinheiro não era de tramoia. Nunca coloquei dinheiro de tramoia dentro da minha casa", disse.

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