Empresa propõe sistema chinês para a proteção de estudantes da região de Campinas

Um sistema de monitoramento com reconhecimento facial foi desenvolvido por uma empresa de Barueri como alternativa para garantir segurança nas escolas. A tecnologia foi apresentada na terça-feira (12) pela manhã, em evento com prefeitos e secretários de educação da Região Metropolitana de Campinas (RMC), em Campinas. O sistema é baseado em uma tecnologia chinesa e é novo no país. 

Pelo sistema, como explica o diretor de negócios do grupo LPM, Elisson Asato, os alunos de uma determinada escola entram em um cadastro de monitoramento, que permite identificar tanto a frequência dos estudantes quanto a presença de pessoas que não façam parte do grupo escolar no local. 

Asato fez uma demonstração no evento. A escola contaria com um sistema de reconhecimento facial na entrada da instituição. Já dentro da escola, câmeras distribuídas fariam esse controle, por meio de alta tecnologia. Essas imagens alimentam um sistema que disponibiliza aos gestores relatórios por estudante, por dia e por turma. 

Um dos ganhos, segundo Asato, é permitir eficiência na chamada de presença, que não precisariam mais ser feitas, e o monitoramento on time dos estudantes. "É uma solução que existe, funciona em grandes cidades da China, e estamos trazendo isso para o país, agregando inteligência e tecnologia a favor do ser humano e a favor da gestão pública. Não são apenas câmeras para coletar imagens. A gente trata essas imagens, a gente faz uma análise facial e, a partir disso, gera informações para ajudar na gestão pública. O foco é que a gente controle a presença de alunos nas escolas e também a parte de merenda. Esse é o grande diferencial do produto. Tratar informações, não só coletar imagens", defendeu Asato. 

A apresentação da tecnologia foi para cerca de 70 pessoas, entre prefeitos da RMC e secretários e secretárias de educação. Ela já foi apresentada aos municípios de Assis e Regente Feijó. No país, segundo Asato, a tecnologia é inédita, havendo sistemas similares, mas que se diferenciam por apenas captar imagens e não tratá-las, como é o caso da apresentada pelo grupo. 

Da Associação Paulista de Municípios, Carlos Cruz, organizador do encontro, sustentou que a tecnologia pode ser uma alternativa para prefeituras em relação a investimentos de ponta na área da educação. "Os prefeitos têm essa necessidade. Existem prefeitos que chegam a pintar três, quatro vezes a escola para estar dentro da lei e gastar 25%, por falta de opção de investimentos. E uma implantação tecnológica como essa pode resolver o problema da gestão e também do cumprimento da lei dos 25%. Por isso nós achamos importantíssima essa parceria", frisou. 

A Lei citada por Cruz se refere ao artigo 212 da Constituição Federal (CF), que determina que os municípios apliquem, anualmente, e no mínimo, 25% da receita resultante de impostos para a manutenção e o desenvolvimento do ensino. De acordo com Asato, além da educação, a mesma tecnologia pode ser agregada a outras pastas, como a de segurança.

Smart Cities

A aplicação de tecnologia à gestão pública está aliada à iniciativa de smart cities, que contempla o conceito de cidades eficientes, conectadas e sustentáveis por meio de inovações tecnológicas. 

Presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC e prefeito de Jaguariuna, Gustavo Reis cita que essas iniciativas caminham pari passo com a concessão do 5G, disponível no Brasil desde a quarta-feira, dia 6. A tecnologia garantirá que as conexões via internet sejam mais rápidas, sem interferência e estáveis, mudando a forma de usuários lidarem com as informações. 

"Isso vai impactar diretamente a vida das pessoas. Cidades inteligentes precisam estar adaptadas, agora, na questão da legislação. Estamos fazendo no Brasil todo uma adaptação das leis municipais para que a gente possa receber essas mudanças. Feito isso, entraremos em um outro mundo da era digital. E a gente tem que aproveitar isso para melhorar a vida das pessoas, seja na área de medicina, com a telemedicina, na área de transportes, ou na educação. O professor perde cerca de 30% da aula fazendo a chamada, com face time, capaz de fazer o reconhecimento facial, vamos eliminar essa perda e será mais rápido. Haverá ainda mais controle de segurança às pessoas que estarão na escola", aponta.

Reis ainda cita que o sistema de reconhecimento servirá como inibidor de crimes nesses espaços. 

Ônibus 

Tecnologias de reconhecimento facial já são uma realidade em outras frentes. Em Campinas, desde novembro de 2016, os ônibus urbanos contam com o sistema de reconhecimento facial para evitar fraudes no pagamento com Bilhete Único das tarifas do Sistema de Transporte Público (Sistema InterCamp).

O objetivo foi prevenir a evasão total ou parcial da tarifa, que ocorre quando os passageiros utilizam indevidamente as gratuidades e os descontos, sem serem os reais beneficiários. 

Já no primeiro ano de funcionamento, a Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc) registrou, por meio de reconhecimento facial, 1.872 usos irregulares do bilhete único gratuito, 8.380 usos irregulares do bilhete único do idoso, 7.111 usos irregulares do bilhete único escolar e 1.860 usos irregulares do bilhete único universitário.