Motoristas e cobradores protestam contra a falta de segurança durante trabalho
Terminais de linhas metropolitanas e urbanas ficaram vazios no período da manhã, quando os 43 coletivos deixaram de circular; sindicato garante que toda a frota volta hoje às ruas (Matheus Pereira)
Sumaré amanheceu ontem sem ônibus nas ruas, numa greve-relâmpago que durou apenas um dia. Toda a frota de 43 coletivos da Viação Ouro Verde, única permissionária, ficou parada na garagem da empresa, na Avenida da Amizade. Mobilizados pelo sindicato da categoria, motoristas e cobradores protestam por melhores condições de segurança, após sucessivos relatos de agressões e ameaças a condutores por parte de perueiros do transporte complementar (micro-ônibus), com quem rivalizam pelo domínio das 27 linhas da cidade. De acordo com o sindicato, a manifestação atingiu cerca de 30 mil passageiros no período da manhã. Por volta das 9h, cerca de 250 pessoas, entre motoristas e apoiadores da greve, fizeram uma passeata com faixas e cartazes até o Paço Municipal, onde cobraram soluções do prefeito Luiz Dalben (PPS). No começo do último ano, Dalben nomeou dois dos líderes da Cooperativa dos Perueiros de Sumaré (Coopersum) para cargos comissionados, de onde operam, de dentro da Prefeitura, as ações envolvendo os micro-ônibus do município. Eles inclusive representaram ontem os perueiros em reunião de conciliação com o prefeito na parte da tarde (leia texto abaixo). O Viaduto Comendador Aristides Moranza chegou a ser bloqueado, o que deixou o trânsito lento em seu entorno. A Tropa de Choque da Polícia Militar foi chamada para companhar a manifestação. Na hora do almoço, a Ouro Verde ingressou com ação na Justiça pedindo, liminarmente, que os motoristas retornassem ao trabalho imediatamente. No entanto, parte dos ônibus das linhas urbana e metropolitana só voltou a circular no final da tarde, após reunião organizada pela Prefeitura com motoristas de ônibus, perueiros, secretários, vereadores e representantes da Guarda Municipal e Polícia Militar. Em nota, a Viação Ouro Verde informou ser contrária à paralisação deflagrada pelo Sindicato dos Condutores de Americana e Região: “A empresa não concorda com a paralisação das atividades promovida pelo sindicato, pois a mesma prejudica o direito de ir e vir dos usuários do transporte. A Ouro Verde defende, acima de tudo, o diálogo para que os constantes atos de agressões praticados por perueiros contra os seus colaboradores sejam investigados e os agressores punidos, conforme a legislação vigente estabelece .” Hoje, toda a frota deve operar normalmente, desde as primeiras horas da manhã, segundo o sindicato. Como efeito da paralisação, o prefeito Luiz Dalben antecipou sua volta de São Paulo, onde assinava convênios junto ao Fundo Social do Estado, para se reunir com motoristas e sindicalistas na parte da tarde de ontem, quando ouviu as reivindicações. Inadmissível A revolta dos motoristas de ônibus explodiu após o caso mais recente de agressão, ocorrido contra uma mulher que dirige para a Viação Ouro Verde, na última semana. Ela foi atacada com a fivela de um cinto por um perueiro e chegou ao hospital com sangramentos na testa. Desde 2013, foram registrados pelo menos 20 boletins de ocorrência, muitos dos quais enviados à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Rural. Sobre a paralisação, a Prefeitura avisou que “honra todas as suas obrigações e repudia a atitude dos manifestantes, que prejudica os moradores.” A Administração ressaltou ainda que a segurança pública é responsabilidade do governo estadual, porém, mantém sob alerta a Guarda Municipal.