A retomada do setor industrial é considerada boa notícia por oferecer melhores empregos e salários (Gustavo Tilio)
As indústrias da Região Metropolitana de Campinas (RMC) registraram, em julho, o melhor desempenho na geração de empregos do setor dos últimos 17 meses. Depois da forte onda de demissões provocada pela pandemia da covid-19, o segmento industrial retomou a geração de novas vagas, fechando o mês passado com saldo de 1.750 postos de trabalho criados, o maior resultado desde fevereiro de 2021, quando registrou 3.742 vagas.
Considerando todos os segmentos, a região teve saldo positivo de 6.917 empregos criados em julho, de acordo com o relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (Caged), elaborado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. O setor industrial foi o segundo maior gerador de empregos. A liderança continua sendo o segmento de serviços, com 2.342 vagas. O comércio ficou em terceiro lugar (1.742) e a agropecuária fechou o ranking, com 89 postos. No acumulado do ano, a região totaliza 30.819 novos contratos.
“A geração de empregos na indústria é uma notícia muito boa”, avalia a economista Eliane Navarro Rosandiski, do Observatório da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, que acompanha mensalmente os dados do Caged. Ela lembra que o setor industrial é o que gera os empregos de melhor qualidade, ao pagar salários maiores e oferecer mais benefícios aos funcionários.
Os cinco municípios que mais se destacaram nesse segmento na RMC foram Campinas (com saldo de 391 postos), Indaiatuba (383), Americana (341), Itatiba (257) e Vinhedo (80). Segundo a professora de Economia da PUC, a retomada da contratação no setor industrial foi puxada pelos segmentos de manutenção, reparação, têxtil e automotivo.
Entre as 20 cidades da RMC, tiveram fechamentos de postos na indústria em julho apenas Paulínia (15) e Monte Mor (7).
Perspectivas
Eliane destaca ainda que, pelo segundo mês consecutivo, a RMC se destacou na criação de empregos no Estado de São Paulo, com participação de 10,3% do total de 67.009 vagas de julho. Nos sete meses do ano, 8,8% dos empregos gerados no Estado foram na região. A economista explica que será preciso acompanhar os próximos meses para ter uma avaliação real se a retomada é uma tendência ou um fato isolado.
No entanto, ela aponta dois fatores que podem contribuir para a geração de novas vagas. O primeiro é o pagamento dos benefícios sociais pelo governo federal, que começou a ser liberado e vai injetar R$ 41 bilhões na economia. O outro é que as indústrias começaram a receber os pedidos do comércio para as vendas de final do ano.
Apenas uma grande indústria de autopeças e ferramentas tem 65 vagas de emprego abertas para sua fábrica em Campinas, para 19 funções: de engenheiro de produto júnior, analista de planejamento de vendas a mecatrônico de manutenção.
Segundo o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Inovação de Hortolândia, Dimas Corrêa Pádua, a cidade está recebendo este ano sete novas empresas, que representam investimento de R$ 350 milhões e 770 novos postos de trabalho diretos, que podem gerar até outros 3 mil indiretos.
Para o diretor de uma indústria de equipamentos de controle de contaminação, Raul Alejandro Sadir, a criação de novos postos poderia ser maior se o País tivesse feito a reforma trabalhista. “Se o funcionário ganha R$ 2 mil, ele custa R$ 4 mil para a empresa”, diz, referindo-se ao custo dos encargos. A empresa emprega 200 funcionários nas unidades de Campinas e Sumaré.
Há vagas
Uma pesquisa feita por um grande site de empregos aponta que segunda e terça-feira são os melhores dias para procurar emprego. A análise, que envolveu 70 mil vagas, mostra que nesses dois dias se concentra a maior oferta de vagas, representando 41% do total. O levantamento mostra que são nesses dias que os recrutadores mais pesquisam candidatos para vagas ofertadas, concentrando 45,8% das procuras.
O site tem atualmente 12 mil ofertas de vagas no País, que vão de recepcionista a cargos executivos, como o de diretor de empresa. Para a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Regional Campinas (ABRH), Lia Ferreira, os interessados devem ficar atentos a alguns cuidados para aumentar as chances de recolocação. Os principais são manter o currículo atualizado, estar disponível para o processo de seleção online e presencial, manter dispositivos eletrônicos atualizados em condições para entrevista a distância e ser educado e gentil no contato.
A pesquisa do Caged mostra que, em julho, houve aumentos nas contratações de pessoas na faixa de 30 a 49 anos, representando 29% dos novos contratos. Já os jovens de 18 a 24 anos tiveram participação de 41% na ocupação das novas vagas. O levantamento do Ministério do Trabalho aponta ainda que 66% do saldo de novos empregos foi preenchido por profissionais com ensino médio completo. As mulheres representaram 41% do saldo de empregos. “O padrão de remuneração confirma o cenário adverso no mercado de trabalho, visto que no ano há queda de 5% na remuneração média dos ocupados”, afirma a economista.