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Emprego em alta indica que economia retoma vitalidade

Com 5.957 vagas, outubro teve o melhor desempenho para o mês em dois anos

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
01/12/2023 às 09:18.
Atualizado em 01/12/2023 às 09:18
Comerciante da Rua 13 de Maio optou por uma abordagem criativa ao anunciar oportunidades de emprego, colocando um aviso de contratação no manequim; RMC registrou a criação de 5.015 novos postos de trabalho (Alessandro Torres)

Comerciante da Rua 13 de Maio optou por uma abordagem criativa ao anunciar oportunidades de emprego, colocando um aviso de contratação no manequim; RMC registrou a criação de 5.015 novos postos de trabalho (Alessandro Torres)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou a criação de 5.957 novos empregos com carteira assinada em outubro, marcando o desempenho mais robusto para o mês nos últimos dois anos e o segundo melhor de 2023. Esse resultado representa um aumento de 22,32% em comparação com os 4.870 postos gerados no mesmo mês do ano passado, conforme revelado pelo estudo mensal divulgado na quinta-feira (30) pelo Observatório PUC-Campinas. O levantamento se baseia nos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Comparando com outubro de 2021, um período inserido na fase de recuperação econômica pós-crise agravada pela pandemia de covid-19, observa-se um aumento de 18,78%. Naquele mês, a Grande Campinas registrou a abertura de 5.015 postos de trabalho. Em relação a 2023, o volume de novas vagas fica atrás apenas de fevereiro, quando foram criados 8.098 empregos.

Segundo Eliane Navarro Rosandiski, economista e coordenadora do estudo no Observatório PUC-Campinas, os resultados do mês passado indicam que "há sinais de que a economia está começando a se recuperar". No entanto, ela destaca que persiste uma certa cautela. Sua análise baseia-se especialmente nas novas oportunidades geradas pelo setor de serviços, que mantém uma forte conexão com a dinâmica do setor industrial.

Dentre o conjunto de novas posições criadas em outubro, 1.180 foram destinadas a embaladores e alimentadores de produção, funções vinculadas ao âmbito fabril. "Isso mostra que a indústria está terceirizando a produção para economizar com mão de obra. Paga salários menores e os contratos são temporários, o que gera uma grande rotatividade de emprego. Isso demonstra que ainda há alguma desconfiança com o futuro da economia", explicou Eliane Rosandiski, que também é professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.

Porém, como as vagas de serviços estão atreladas ao setor produtivo, essa tendência pode ser revertida, gerandose empregos de melhor qualidade, com salários maiores, o que pode ser traduzido como empregos efetivos na indústria. Para a economista, ao longo deste ano foram adotadas medidas macroeconômicas que tornaram mais transparentes a política do governo federal, o que criou um ambiente para um crescimento sustentável. Ela citou a queda de juros, controle da inflação, manutenção do arcabouço fiscal e a apresentação da reforma fiscal, que está em tramitação final no Congresso Nacional.

RESULTADOS

Nos dez primeiros meses deste ano, a RMC acumulou a criação de 39.947 empregos formais. O total é como se a soma de toda a população de duas cidades da região, Holambra e Santo Antônio de Posse, tivesse conquistado uma vaga com carteira assinada ao longo de 2023. O número é inferior ao acumulado 2022 (59.216) e 2021 (67.828), mas a comparação é distorcida porque nesses dois anos ocorreu a recomposição do mercado de trabalho após a demissão em massa em 2020 por causa da pandemia, explicou Eliane Rosandiski.

Com o resultado de outubro, a região chegou ao estoque de 1.048.425 empregos. Todos os setores da economia da RMC tiveram resultado positivo na geração de emprego no mês passado, de acordo com o Mapa do Emprego elaborado pelo Observatório da PUC. Assim como aconteceu ao longo do ano, o segmento de serviço liderou a criação de postos, com 3.021 vagas. Depois vem comércio (1.476), indústria (496), agropecuária (577) e construção civil (387).

Um indicador de que as engrenagens estão se movimentando e podem colocar a máquina da economia para andar em direção ao crescimento pode ser visto no Centro de Campinas. Uma volta pela Rua 13 de Maio, a principal do comércio, revela que muitas lojas ainda estão contratando funcionários para o final do ano diante de uma previsão otimista de vendas.

"As vendas agora em dezembro devem ser seis vezes maiores do que em um mês normal", afirmou o proprietário de uma loja de roupas, Helder Fabrício Casalenuovo. Ele tem uma equipe de fixa de cinco funcionários e abriu oito vagas para o final. "Esperamos que todas sejam efetivadas no começo do ano", completou.

Priscila Silva Cardoso se manteve no mercado de trabalho com facilidade. Após ficar um mês parada, a atendente comemora o novo trabalho onde começou esta semana. "Este é um período em que há muitas oportunidades", disse. Ela decidiu sair do antigo emprego "para buscar uma oportunidade melhor". A gerente Cássia Cristina Smaniotto manteve a carteira registrada em uma loja inaugurada há cinco meses na 13 de Maio. A empresa triplicará o número de funcionários este mês, saltando de quatro para 12. Entre as novas oportunidades, seis já foram ocupadas, mas a empresa ainda recebe currículos para as outras duas.

Após seis meses desempregada, Natália de Jesus Silva começou a trabalhar esta semana como vendedora em uma fase de teste. "Espero ser efetivada no começo do ano", afirmou. O desempenho da atividade econômica da Região Metropolitana atrai até pessoas de outros Estados. Priscila Silva Cardoso chegou a Campinas há três meses vindo de Paramirim, na Bahia, e na quinta-feira (30) começou a trabalhar em uma loja do Centro. "Lá está muito difícil conseguir emprego", disse ela, que não tem familiares na cidade e veio para cá em busca de oportunidades. Os parentes mais próximos moram em cidades da RMC e em São Paulo.

OUTROS DADOS

Das 20 cidades da RMC, Engenheiro Coelho foi a única a ter saldo negativo de empregos em outubro, ou seja, as demissões superaram as admissões. O município registrou o fechamento de 12 vagas no mês passado, mas o saldo é positivo no acumulado dos dez primeiros meses de 2023. Entre janeiro e outubro, a cidade registrou a criação de 28 novas vagas e atingiu o estoque de empregos de 4.111 vagas com carteira assinada.

Campinas criou no mês passado 2.382 novas vagas, o equivalente a 39,99% do total. Ou seja, a cidade concentrou duas de cada cinco vagas abertas na Região Metropolitana. A pesquisadora do Observatório PUC-Campinas observou, porém, que as novas oportunidades ainda refletem a criação de emprego de menor qualidade. Entre os postos criados, 4.279 vagas foram para pessoas entre 18 e 39 anos. Dessa parcela, 2.612 foram na faixa etária de 18 a 24 anos, com salário médio de R$ 1.861. Este valor é 16,9% abaixo da média salarial da RMC, que é de R$ 2.239,53.

A faixa etária de 65 anos ou mais foi a única a apresentar resultado negativo na RMC em outubro, com o fechamento de 45 postos de trabalho. Quanto ao gênero, 3.320 vagas foram ocupadas pelo sexo masculino e 2.637 pelo feminino. Os homens foram contratados com salários maiores, com média de R$ 2,4 mil, contra os R$ 2,04 mil pagos para as mulheres. Os setores de alimentação (bares, restaurantes e atividades ligadas a alimentação fora do lar) e alojamento (hotéis) criaram 97 novos empregos com carteira assinada na Região Metropolitana no mês de outubro. O resultado ficou abaixo das 294 vagas criadas em setembro.

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