REFORMA

Emergentes dão fôlego novo para setor da construção civil

Aumento do poder aquisitivo e facilidade do crédito aquecem venda de material

Maria Teresa Costa
teresa@rac.com.br
13/09/2013 às 08:57.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:24

Afonso Mendes, morador do Jd. Satélite Íris 1, com a ajuda do filho, constrói grupos de cozinha, banheiro, sala e quarto para toda a família (Elcio Alves/AAN )

A “nova classe média” formada pela população com renda mensal familiar entre R$ 1.315 e R$ 5.672 é a principal responsável pelo aumento das vendas de materiais de construção, que este ano devem crescer 4,5% em Campinas, acima de outros setores da economia. São pessoas como Milton José Ferreira, que conseguiu melhorar seu poder aquisitivo trabalhando com conserto de eletrodomésticos e aplicar todo dinheiro que sobra na reforma da casa, a responsável pelo aquecimento desse setor. Em Campinas, basta circular pelos bairros mais distantes para constatar que a periferia está em reforma — difícil encontrar uma quadra em que não haja pelo menos uma residência em obras.O comércio da construção civil esperava um crescimento de 6,5% este ano, mas refez as estimativas e rebaixou para 4,5% por causa do fraco desempenho em agosto. “O ano passado crescemos pouco, até por conta dos problemas de liberação de alvarás de construção e de reforma pela Prefeitura, e o que vem mantendo nosso movimento são as reformas, especialmente as pequenas”, disse o presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Campinas, Claudemir Benedito Purchatti.Depois de trocar de geladeira, de fogão e até comprar um carro, essa nova classe média, que cresce pelo esforço pessoal e muitas vezes pela dupla jornada, decidiu melhor o lugar onde vive. A casa do aposentado Afonso Mendes, no Jardim Satélite Íris 1, tem tijolos, azulejos e sacos de cimento espalhados por todo lado. Com a ajuda do filho, está ampliando o imóvel para comportar toda a família. Olhando de fora parece um único imóvel, mas por dentro é bem diferente. Quatro cômodos estão reservados para ele e a mulher, três para a sogra, e mais três para cada um dos dois filhos. Cada grupo de cômodos tem uma cozinha, um banheiro, sala e quarto.O rendimento que recebe da aposentadoria por invalidez não daria para fazer a obra, mas o filho, que conseguiu melhorar o salário no emprego, entrou na poupança da família e aos poucos, comprando os materiais à vista, a moradia da família, que está na fase de acabamento, vai sendo concluída. “É uma felicidade olhar para uma conquista como essa. É a nossa casa, construída com nosso esforço”, disse.Dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ligada ao governo federal, apontam que de 2001 a 2011 cerca de 35 milhões de brasileiros deixaram a pobreza para serem incluídos nas fileiras da nova classe média, segmento que hoje incluiria 53% da população. Os critérios para classificação de uma família nesse grupo, porém, são tema de amplo debate. Pelos parâmetros da SAE, fazem parte da classe média indivíduos com renda entre R$ 291 e R$ 1.019 mensais, ainda que vivam em moradias precárias, sem saneamento básico, por exemplo. No caso do Banco Mundial, são considerados de classe média indivíduos que recebem entre US$ 10 e US$ 50 por dia, ou entre US$ 300 (R$ 680) e US$ 1,500 (R$ 3.400) por mês. EsforçoO ex-frentista Gilson Pinto juntou a poupança que tinha, o salário da mulher, e reformou sua casa no Jardim Novo Campos Elíseos. Na semana passada terminou a pintura e ontem estava com o chapéu na cabeça e enxada nas mãos e com dois ajudantes, reformando duas pequenas casas que têm no Jardim Florence. “Vou fazendo aos poucos, com o dinheiro que vai sobrando no final do mês, para não ter que pagar juros de crediário. No final, as reformas valorizam o imóvel e trazem alegria para a família”, disse.No Jardim Valença 2, o especialista em consertos de eletrodomésticos Milton José Ferreira, que se encaixa na nova classe média, segundo os critérios da SAE, está, aos poucos, tornando o sonho de uma casa arrumada, do jeito que ele e a mulher querem, em realidade. Falta muita coisa ainda para terminar, como o forro da cozinha, o reboco e a pintura da copa, mas ele já conseguiu trocar o piso, colocae os azulejos na cozinha e arrumar os quartos. Neste final de semana, a família vem ajudar a fazer a calçada e concretar o quintal. “Vai ser um mutirão”, disse. “Estou fazendo a obra sem me endividar e trabalhando até tarde da noite para juntar o dinheiro. Depois que terminar a reforma, aí vou pensar em outras melhorias, como trocar fogão, geladeira, carro”, afirmou.

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