FISCALIZAÇÃO

Emdec rompe contrato com oito empresas de guincho

A Emdec informou que o descredenciamento estava programado e é retroativo ao dia 7 de julho, não tendo ligação com a denúncia do Correio Popular

Cecília Polycarpo
20/07/2015 às 22:53.
Atualizado em 23/04/2022 às 07:41
Caminhão-guincho na saída de pátio da Emdec, na Vila São João: esquema de propina em investigação (Erica Dezonne/Especial para a AAN)

Caminhão-guincho na saída de pátio da Emdec, na Vila São João: esquema de propina em investigação (Erica Dezonne/Especial para a AAN)

A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) descredenciou oito empresas que realizam o serviço de guincho em Campinas. A divulgação da lista das firmas, publicada nesta segunda-feira (20) no Diário Oficial, ocorreu dois dias depois de o Correio denunciar esquema montado por guincheiros credenciados pela Prefeitura para liberar veículos do pátio municipal de forma irregular, depois de o motorista pagar propina de R$ 70. A Emdec informou que o descredenciamento estava programado e é retroativo ao dia 7 de julho, não tendo ligação com a denúncia. A lista com as novas empresas será publicada nesta terça (21). Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), todos os carros que são retirados do pátio devem estar com as taxas em dia, com licenciamento e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) pagos, por exemplo. No entanto, alguns condutores ainda precisam fazer pequenos reparos, como trocar pneus ou lâmpadas de faróis. Por isso, os carros são levados até a casa do motorista, ou oficina, rebocados e os documentos dos veículos ficam retidos até nova vistoria.No esquema dos guincheiros, a legislação é burlada para que o motorista possa voltar dirigindo à sua casa. A denúncia veio de uma empresa de guincho independente e a prática comprovada por um vídeo feito pelo próprio condutor. Nas imagens, o caminhão, após sair do pátio com o carro rebocado, para em uma via próxima e o motorista assume o volante. O Correio publicou outra reportagem na última quinta-feira mostrando que o número de carros guinchados na cidade triplicou no primeiro trimestre deste ano em relação a 2014. Em entrevista ao Correio, o secretário de Transporte e presidente da Emdec, Carlos José Barreiro, disse que um dos motivos da explosão foi o “aumento da qualidade de fiscalização”. A reportagem teve conhecimento de dois episódios em que os guincheiros receberam propina. O caso do vídeo ocorreu há um mês. O comerciante, que não quis se identificar, teve o carro guinchado após parar por 30 minutos em local irregular no Centro de Campinas. Quando foi buscar o veículo, o homem foi informado que não poderia sair conduzindo o veículo porque seus pneus estavam carecas. “O cara me falou do esquema quando eu ainda estava dentro da Emdec. Paguei R$ 70 para ele me deixar a alguns quarteirões do pátio.” O pátio da Emdec fica no Jardim São João, às margens da Rodovia Santos Dumont (SP-075). O outro caso aconteceu na semana passada. O caminhão com o carro guinchado foi até a esquina da via onde fica o pátio, na Rua Cascaldi Júnior. O veículo foi colocado novamente no asfalto e o jovem motorista foi embora dirigindo. “Isso ocorre todos os dias. Vejo pelo menos uns três casos por dia. Todo mundo sabe. E são só os guincheiros que são autorizados pela Emdec que fazem isso”, disse o proprietário de uma empresa que não tem contrato com a Administração.ApuraçãoA Emdec informou que apura a denúncia de liberação indevida de veículos. Se for constatada alguma irregularidade, a empresa de guincho poderá ser descredenciada. De acordo com a Emdec, os “guincheiros que atendem ao Pátio Municipal são cadastrados, podendo, eventualmente, prestarem serviço particular, desde que retirem a identificação do veículo ‘a serviço da Emdec’”. A empresa disse ainda que os veículos apreendidos pela Polícia Militar são liberados exclusivamente pelo Detran de São Paulo, que expede autorização para que a Emdec faça o serviço. Quando isso ocorre, o proprietário do carro é orientado, pelo pátio, a procurar um guincho para que possa haver a liberação do mesmo.

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