5 mil adesivos serão entregues para conscientizar condutores, forças de segurança e de resgate sobre como agir em emergências de trânsito envolvendo pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) (Divulgação)
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) iniciou a entrega de 5 mil adesivos "autista a bordo", criados em parceria com o Programa de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (PAICA) para conscientizar condutores, forças de segurança e de resgate sobre como agir em emergências envolvendo pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no trânsito. A iniciativa faz parte do Maio Amarelo, mês de conscientização pela paz no trânsito, e surgiu a partir de uma demanda do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência.
O material alerta sobre comportamentos comuns apresentados pelas pessoas autistas em situações de emergência, como não ter noção do perigo, não conseguir falar ou aceitar ajuda, sair correndo e gritar.
Além da entrega na instituição PAICA, os adesivos serão distribuídos para todos os transportadores escolares quando passarem pelas inspeções veiculares realizadas na Emdec e aos coordenadores de escolas, que tenham crianças com autismo, em que a Emdec realiza atividades da Educação para mobilidade. Também será feita a distribuição em eventos promovidos pela Emdec, em ações educativas com instituições do segmento e na retirada das credenciais de vagas exclusivas para pessoas com deficiência, nos casos em que o CID for relacionado a pessoas com TEA.
INCLUSÃO
O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, afirmou que dentro do transporte público já há adesivos de assento preferencial, incluindo o autismo, algo que não estava indicado antes. Ele ainda destacou a união entre Poder Público e sociedade civil e o empenho para transformar a ideia em realidade.
"Queria dizer à Mariah que todos aqui têm a sua importância e que o seu ato mostra que a integração entre os poderes Executivo, Legislativo, e a sociedade se manifestando, dá resultado. Basta a gente não desistir. E você não desistiu."
A fala de Riverete faz referência à Mariah Neves, que faz parte do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência. Mãe de um pré-adolescente autista, Mariah contou à reportagem como surgiu a ideia. Ela e a família ficaram presas por mais de seis horas no trânsito em uma viagem de carro de Santa Catarina até Campinas após a queda de uma ribanceira.
"A Polícia Rodoviária fez um desvio em que passava apenas um carro por vez. Estávamos impossibilitados de voltar para casa. Alguns carros à frente do meu, um adolescente de 15 anos entrou em crise sensorial, saiu correndo na chuva e a mãe, desesperada, foi atrás. Ele agrediu a mãe e a polícia queria prendê-lo.".
Foi naquele momento que Mariah se deu conta de que o adolescente era autista e estava em crise. De acordo com ela, foi necessário intervir na situação, mas o acontecimento foi um divisor de águas. Com uma grande demanda de mães, pais e responsáveis, ela procurou membros do Legislativo, como os vereadores Eduardo Magoga (Podemos) e Carlinhos Camelô (PSB), e conseguiu com que a ideia prosperasse.
"Estou muito feliz, pois isso é uma questão de humanidade, dignidade, qualidade de vida... e segurança. Isso serve para que em casos de acidentes, o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros saibam como socorrer uma criança e uma família atípica", concluiu.
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