CAMPINAS

Emdec ignora carro achado pela Polícia Militar

PM registra, em Boletim de Ocorrência, que empresa pública se recusa a remover veículos furtados ou roubados

Cecília Polycarpo
28/07/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:37
Voyage está obstruindo completamente a passagem de pedestres no Parque São Quirino: população questiona a razão da Emdec não fazer o seu serviço ( César Rodrigues/ AAN)

Voyage está obstruindo completamente a passagem de pedestres no Parque São Quirino: população questiona a razão da Emdec não fazer o seu serviço ( César Rodrigues/ AAN)

Um carro furtado e encontrado pela Polícia Militar (PM) na calçada da Rua Dona Luísa de Gusmão, no Parque São Quirino, continua no local há uma semana porque a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) não fez a remoção do veículo. A informação consta no boletim de ocorrência de localização do carro, registrado no último dia 20 pela PM. O documento diz que o dono do automóvel, com placa de Pinhalzinho, não foi localizado e “como não existe serviço de guincho estadual e a Emdec se recusa a remover veículos de furto/roubo, o mesmo permanecerá no local conforme a resolução SSP-57, de 8 e maio de 2015”.O Voyage está obstruindo completamente a passagem de pedestres no local. Trabalhadores da via disseram que o veículo foi deixado no ponto de madrugada há mais de 15 dias. “A polícia veio aqui, mas não tiraram o carro da calçada. A Emdec guincha carro torto e a direito, por que não tiram um que está atrapalhando todo mundo?”, disse um pedreiro, que não quis se identificar.Questionada sobre o caso, a Emdec informou que a remoção de veículos em casos de furto ou roubo são de atribuição do Estado. No entanto, a nota oficial diz que “em algumas situações pontuais, como em casos emergências em que o veículo localizado está causando transtorno ou insegurança ao trânsito, ou inteiramente sobre o passeio”, a empresa municipal colabora com a remoção. A empresa não explicou, no entanto, porque o carro ainda não foi retirado da calçada.O Estado não possui serviço de guincho em Campinas, por isso a Emdec faz o reboque de carros multados pelas polícias Civil ou Militar. O serviço prestado pelo município é, inclusive, alvo de ação do Serviços de Reboque, Resgate, Guincho e Remoção de Veículos do Estado de São Paulo (Segresp), que pede que motoristas de carros guinchados em ações da PM paguem a taxa estadual mais baixa de R$ 233,35, ao invés dos R$ 325,71 cobrados no pátio administrado pela Emdec.A própria Emdec alega que é de sua competência a remoção de veículos que infringiram as leis de trânsito. Estacionar na calçada é infração grave no Código de Trânsito Brasileiro (CTB)— o condutor flagrado tem registrado cinco pontos na carteira de habilitação e paga multa de R$ 127. Na manhã do último domingo (26), durante a corrida Circuito da Longevidade, que ocorreu no Taquaral, agentes de trânsito guincharam pelo menos três carros que estava estacionados na calçada da Avenida Heitor Penteado. Uma das corredoras presenciou a ação. “Eles estavam multando desde as 7h. Às 11h, estavam guinchando o terceiro carro de atletas da corrida. E tinha muito espaço na calçada para pedestre passar”, disse a empresária, Beatriz Campanaro, de 32 anos.PropinaO serviço de guincho de Campinas é tema de matérias do Correio desde o dia 16, quando reportagem mostrou que o número de carros levados ao pátio da Prefeitura triplicou no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014. No dia 17, outra matéria denunciou um esquema de pagamento de propina a guincheiros para retirada irregular de veículos do pátio municipal. No sistema fraudulento, o motorista que sai do pátio com carro precisando de manutenção, paga R$ 70,00 para que empresas de reboque credenciadas pela Emdec deixem o carro em vias próximas. Dessa forma, o condutor vai para seu destino dirigindo, quando deveria ir guinchado. As altas taxas cobradas pela Administração também são alvo de reclamações de condutores.

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