FISCALIZAÇÃO

Emdec faz cerco a veículos pretos na caça ao Uber

Na noite desta quinta-feira (24), um empresário teve o carro cercado por quatro amarelinhos na entrada do Aeroporto Internacional de Viracopos

Inaê Miranda
24/03/2016 às 22:57.
Atualizado em 23/04/2022 às 01:26
A ação dos amarelinhos contra o empresário ocorreu na quinta-feira por volta das 19h (                               Élcio Alves/ AAN     )

A ação dos amarelinhos contra o empresário ocorreu na quinta-feira por volta das 19h ( Élcio Alves/ AAN )

Em ações ostensivas para coibir o Uber na cidade, agentes de trânsito da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) passaram a abordar e constranger motoristas de veículos comuns. Na noite desta quinta-feira (24), um empresário teve o carro cercado por quatro amarelinhos na entrada do Aeroporto Internacional de Viracopos. O veículo, preto, só foi liberado após o empresário descer, informar que o motorista era seu funcionário e que o carro pertencia à sua empresa. As reações agressivas de taxistas contra os motoristas do Uber também continuam. A ação dos amarelinhos contra o empresário ocorreu na quinta-feira por volta das 19h. Segundo o motorista, que preferiu não ser identificado, tudo começou após os motoristas de táxis executivos olharem com desconfiança para o veículo e, na sequência, um deles foi até os agentes de trânsito, que voltaram e deram início à abordagem. “O carro era preto. Viram que eu desci para abrir as portas e colocar as malas do meu patrão e logo imaginaram que eu era um motorista do Uber”, contou. Dois agentes se colocaram na frente do carro e outros dois ao lado da porta do motorista, impedindo que ele entrasse. Os questionamentos dos amarelinhos então se iniciaram. “Perguntaram onde eu ia levar meus clientes. Respondi que era motorista e, então, perguntaram onde eu trabalhava. Eles queriam que eu provasse que o carro não era Uber, que era de uma empresa”, contou. O assessor do empresário, que também pediu para não ter o nome revelado, disse que, inicialmente, achou que os agentes queriam apenas que o motorista tirasse o veículo do local. “A hora que ouvi o motorista responder que o carro era de uma empresa, questionei a abordagem e perguntei aos amarelinhos qual seria o problema se fosse Uber. Responderam que estavam fazendo checagem de rotina. Então falei para checar todos os seis carros que estavam atrás da gente. Por que só estavam checando o nosso que era preto?” O veículo só foi liberado pelos agentes após o empresário descer do veículo e falar que o carro era da empresa. O motorista questionou a legalidade da abordagem dos amarelinhos. “Se o carro estivesse no meu nome iam querer apreender. Não iriam deixar o carro sair de lá. Acho que eles não têm autonomia para isso. Creio que o papel deles é monitorar o trânsito e multar, não saírem abordando e pedindo documento de todos os motoristas”, disse. Além das ações ostensivas da Emdec, os motoristas de Uber também vêm enfrentado a ira dos taxistas. Leandro Clemente Dias, de 23 anos, está desempregado há cinco meses e encontrou no Uber uma fonte de renda. Dias atua como motorista do Uber há cerca de um mês e relatou para a reportagem que foi abordado duas vezes por taxistas nesse curto período. Em uma delas quase teve o carro destruído. “Logo na primeira semana em que comecei como motorista do serviço fui em uma balada de Campinas buscar um casal. Ao chegar ao local, notei que vários taxistas esperavam para pegar as pessoas que saíam. Eles perceberam que o casal entrou na porta de trás do meu carro e, naquele momento, fecharam a rua e impediram que eu seguisse viagem. Diziam que se o casal não saísse, iriam quebrar todo o carro”, conta. Sem escolha, o casal desceu e acabou pegando um táxi, segundo ele. Apesar do risco, o motorista conta que está surpreso com o faturamento que o Uber vem trazendo. “Estou ganhando cerca de R$ 1,4 mil por semana. Quando trabalhava como motorista de ônibus ganhava isso por mês”, conta. Procedimento Questionada sobre a abordagem de veículos comuns, a Emdec afirmou que continua realizando operações para coibir o transporte remunerado clandestino de passageiros e que as ações seguem um procedimento padrão. Informou que qualquer cidadão que se sentir lesado pela ação pode efetuar a denúncia pelos canais de comunicação da Emdec, pelo telefone (19) 3772-1517, que atende 24 horas por dia, todos os dias, ou pelo site www.emdec.com.br e fazer a denúncia dentro da seção fale conosco. A Prefeitura de Campinas informou ainda que lamenta o ocorrido, diz que não é essa a orientação repassada aos agentes e que vai apurar o que houve na abordagem ao motorista particular no aeroporto de Viracopos.

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