OPERAÇÃO SUMIDOURO

Emdec abre sindicância para apurar suspeita de propina

MP apontou indício de fiscalização branda em veículos de cooperativa

Da Redação
14/07/2023 às 10:22.
Atualizado em 14/07/2023 às 10:22
Sede da Altercamp, no bairro Ponte Preta, foi alvo de busca e apreensão na sexta-feira da semana passada

Sede da Altercamp, no bairro Ponte Preta, foi alvo de busca e apreensão na sexta-feira da semana passada

A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) abriu uma sindicância nesta semana para apurar se houve pagamento de propina para que a fiscalização de veículos da cooperativa Altercamp fosse menos rigorosa. Os veículos foram apreendidos durante a terceira fase da Operação Sumidouro, que aconteceu na sexta-feira da semana passada, dia 7. A operação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Palo (MP-SP). A cooperativa, com sede no Bairro Ponte Preta, é responsável por uma frota de cerca de 1,1 mil ônibus que transportam, diariamente, cerca de 204 mil usuários.

Segundo a empresa, a “Emdec está formando uma comissão interna de sindicância, formada por funcionários de carreira da empresa, que irá apurar as suposições levantadas pelo Gaeco sobre a fiscalização em relação à operação da cooperativa Altercamp”.

Após a formação da comissão, instituída na segunda-feira, dia 10, o prazo para conclusão é de 30 dias, prorrogável por igual período, mas apenas se houver algum motivo “muito relevante e devidamente justificado”. A Emdec também está levantando toda a relação de documentos dos permissionários da cooperativa. O material será encaminhado ao MP. As linhas que tiveram ônibus sequestrados na ação do Gaeco estão operando normalmente.

O MP constatou que três linhas do transporte público alternativo de Campinas eram usadas para lavagem de dinheiro da associação criminosa que trafica drogas usando, inclusive, a tubulação de águas pluviais na Vila Formosa, em Campinas. No caso da cooperativa, segundo a promotoria, as linhas de ônibus eram administradas por membros da organização e em nome de "laranjas". De acordo com o promotor de Justiça Felipe Bertolli, o foco desta fase foi realizar o sequestro de bens dos suspeitos de participação no esquema, incluindo seis ônibus que operavam no sistema de transporte alternativo em Campinas.

Segundo ele, uma das vertentes da lavagem de dinheiro verificada na investigação constatou o uso das linhas por traficantes e integrantes de organizações criminosas. Além disso, as linhas eram mantidas em nome de pessoas sem capacidade financeira. Nesta fase, foram apreendidas uma escopeta e uma espingarda na sede da Altercamp. Uma pessoa foi presa em flagrante.

Em nota, no dia da terceira fase da Operação Sumidouro, a Emdec informou que a Administração não tinha contrato com a Altercamp e que os termos de permissão são assinados diretamente com cada um dos permissionários que compõem a Cooperativa. A empresa afirmou que somente somente repassa 21% para a cooperativa, valor utilizado para cobrir gastos administrativos e operacionais.

A advogada da Altercamp, Daniela Giungi Waldhue, disse, também na sexta-feira da semana passada, que a cooperativa apenas presta serviços como oficina, lavagem e combustível para os permissionários, e que desconhecia os investigados.
“As armas foram encontradas dentro de um ônibus há muito tempo e, na época, foram guardadas no almoxarifado, pela pessoa que encontrou, para ser entregue às autoridades, mas acabou no esquecimento. Nós não sabíamos, tanto que mostramos tudo aos policiais. Estamos colaborando com as investigações”, disse Daniela.

A terceira fase da investigação contra essa organização criminosa, que usa galerias de água para traficar drogas, aconteceu dois dias depois de as instituições terem capturado 13 investigados que tiveram prisão temporária decretada pela Justiça. O grupo faz parte de 26 pessoas investigadas. Na segunda fase, os policiais militares apreenderam cinco milhões de eppendorfs em uma empresa da área farmacêutica de Campinas e R$ 138,4 mil na casa da proprietária, em Sumaré.

Os mandados de busca, apreensão e prisão foram cumpridos em Campinas, Paulínia, Hortolândia, Itatiba, Sumaré e Presidente Prudente. Em Campinas, os mandados foram cumpridos nos bairros São Fernando, Jardim Itatiaia, Jardim Samambaia, Vila Formosa e Jardim Paranapanema.

As investigações sobre o tráfico praticado por essa associação criminosa tiveram início em abril de 2022 e culminaram em uma operação em dezembro do ano passado, quando houve a prisão de um traficante apontado como líder do grupo. Na ocasião, foram apreendidos R$ 306 mil em espécie em dois endereços do suspeito. Ao longo das investigações, a Polícia Militar apreendeu mais de quatro mil pinos de cocaína em uma tubulação na Vila Formosa.

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