Empresária que atropelou o lutador negou racha e disse que se assustou com barulho de Camaro
A empresária Adriane Aparecida Pereira Diniz Ignácio de Souza, que atropelou e matou o lutador de jiu-jitsu Kaio Ribeiro, na época com 23 anos, em novembro de 2011, falou nesta quinta (28) pela primeira vez em juízo e negou que estivesse participando de um racha com o motorista de um Camaro na Avenida Júlio Prestes, em Campinas, como afirma o Ministério Público (MP). Ela confirmou que havia ingerido bebida alcoólica e justificou que atropelou o jovem por ter se “assustado com o barulho do Camaro”. O advogado de Fabrício Narciso Rodrigues da Silva, que dirigia o Camaro, considerou o depoimento de Adriane “esdrúxulo” e espera a absolvição de seu cliente. O promotor do MP, Fernando Viana, que apresenta a acusação na próxima semana, adiantou que irá pedir que ambos sejam levados a júri popular.
A terceira audiência de instrução do caso aconteceu na tarde de ontem no Fórum Central de Campinas. Nas duas primeiras — em 17 de outubro e 27 de novembro — Adriane havia faltado porque, segundo seus advogados, estava internada em uma clínica de repouso.
Em seu depoimento, Adriane confirmou que estava alcoolizada no dia do acidente. Ela afirmou que não conhecia Fabrício e que teria se assustado com o barulho do motor do carro. Isso teria provocado uma aceleração repentina — ela dirigia um Audi — e causado o atropelamento.
De acordo com o advogado da ré, José Pedro Said Junior, ela não agiu com dolo eventual (quando assume o risco de matar). “Ela não estava participando de racha em hipótese alguma. Ela disse que o que aconteceu foi uma fatalidade”, defendeu.
Sobre ela estar sob efeito de álcool no dia do acidente, o que, pelas leis brasileiras pode configurar crime com dolo eventual, Said argumentou. “Ela ingeriu bebida alcoólica, mas não o ponto de perder os sentidos. Isso está provado nos autos.”
Antonio Godoy Maruca, advogado que defende Fabrício, reiterou que seu cliente não deve ser parte no processo. “Ele não conhecia a Adriane e estava passando pelo local. Não tem culpa no acidente.” Maruca afirmou que os quatro policiais militares que são testemunhas de acusação mentiram em seus depoimentos sobre a existência de um racha. “Os policiais inventaram uma história, que teria havido uma comunicação do Copom (Comando de Operações da Polícia Militar) sobre um racha na avenida. Não existe essa história”, afirmou. “Tenho certeza de que se houver Justiça ele (Fabrício) tem que ser absolvido.”
Mas para o promotor que irá apresentar a denúncia “o caminho natural é a sociedade poder julgar o caso”, disse, antecipando sua manifestação, que será feita na semana que vem. “Vou me declarar para os dois irem a júri popular. Ela por autoria e ele por participação. Os documentos dos autos comprovam.”
Viana disse que o argumento da defesa dos réus de tentar desqualificar os depoimentos dos policiais não se sustenta. “Eles foram coerentes no que falaram, todos os quatro, em todos os momentos do processo.” A partir do dia 10 de março a defesa dos réus deve apresentar a defesa final e o juiz Sérgio Araújo Gomes deve decidir se leva o caso a júri popular até o início de abril.