VENDAS EM ALTA

Em cinco meses, RMC registra R$ 11 bilhões em exportações

É o melhor desempenho para o período nos últimos dez anos, aponta estudo desenvolvido pelo Observatório PUC-Campinas

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
14/06/2023 às 09:14.
Atualizado em 14/06/2023 às 09:14
Multinacional fabricante de material hidráulico, instalada em Sumaré, tem planos de crescimento da produção, apostando no aquecimento do mercado de construção civil (Divulgação)

Multinacional fabricante de material hidráulico, instalada em Sumaré, tem planos de crescimento da produção, apostando no aquecimento do mercado de construção civil (Divulgação)

As indústrias da Região Metropolitana de Campinas (RMC) registraram entre janeiro e maio deste ano exportações que somam US$ 2,31 bilhões (R$ 11,2 bilhões), melhor desempenho para o período nos últimos 10 anos. O valor é 5,35% superior aos US$ 2,19 bilhões (R$ 10,63 bilhões) registrados nos primeiros cinco meses de 2021, recorde anterior, de acordo com o estudo mensal "Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas" divulgado pelo Observatório PUC-Campinas, com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

O levantamento aponta ainda que de janeiro a maio as importações foram de US$ 6,02 bilhões (R$ 29,22 bilhões), queda de 11,34% em comparação aos US$ 6,79 bilhões registrados no ano passado. Com isso, o saldo da balança comercial na RMC nos primeiros cinco meses do ano teve déficit de US$ 3,71 bilhões (R$ 18,01 bilhões), redução de 19,29% em relação aos US$ 4,6 bilhões (R$ 22,33 bilhões) de 2021, aponta o balanço.

Para o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, responsável pelo estudo e professor da Faculdade de Economia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), os números da balança comercial apontam para uma estabilidade da atividade industrial com indicadores de alta, contrariando as previsões de crise feitas no início do ano. "Os dados indicam para uma alta de 4,71% nas exportações este ano, enquanto a queda nas importações está relacionada mais à redução dos preços dos insumos no mercado internacional do que ao volume, o que indicaria uma diminuição na produção", explicou ele.

O pesquisador cita como exemplo a queda de 14,95% nas importações de chips nos últimos meses, usados na produção de automóveis e equipamentos eletrônicos. O valor desses circuitos integrados teve forte alta nos últimos anos em função da pandemia de covid-19, que afetou a cadeia produtiva na China e causou a falta no mercado internacional, e da guerra entre Ucrânia e Rússia. Com a normalização no fornecimento, os analistas apontam uma queda de até 37% no preço desse insumo.

O resultado acumulado da balança comercial foi verificado após as indústrias da Região Metropolitana registrarem em maio exportações de US$ 523,82 milhões (R$ 2,54 bilhões), o segundo maior volume para o mês desde 2013. O montante teve uma queda de 0,29% em comparação aos US$ 525,32 milhões (R$ 2,55 bilhões) do quinto mês de 2022, que é recorde do período. No mês passado, as importações foram de US$ 1,19 bilhão (R$ 5,79 bilhões), redução de 25,12% em relação ao US$ 1,59 bilhão (R$ 7,71 bilhões) de maio de 2021. Já o saldo da balança comercial da RMC foi de US$ 668,75 milhões (R$ 3,24 bilhões), o que representa baixa de 37,34% sobre o US$ 1,06 bilhão (R$ 5,92 bilhões) do quinto mês do ano passado. 

DESEMPENHO

As exportações representam de 5% a 7% de uma fabricante de materiais hidráulicos de Sumaré, que no ano passado registrou crescimento em vendas e operacional de 56% em comparação a 2021. A empresa vende principalmente para países da América Latina, incluindo o México e Caribe, mas também mantém negócios com o Oriente Médio e África. A fabricante produz itens para os setores predial, industrial, agrícola e infraestrutura.

Em 2022, a empresa fez investimentos de R$ 200 milhões no Brasil, o maior valor já destinado pelo grupo para o país. Parte do montante foi destinada para a modernização e aumento de 40% na produção de conexões nas plantas de Sumaré e Joinville (SC). A multinacional tem ainda fábrica em Suape (PE) e Ribeirão das Neves (MG). "Essa é a nossa contribuição com o intuito de preparar o mercado brasileiro para o futuro da construção civil e saneamento básico. Também estamos trazendo novos produtos e serviços ao país", disse o presidente da empresa no Brasil, Daniel Neves.

A companhia prevê a manutenção do ritmo de crescimento este ano em função da prospecção de novos negócios, tendo em vista a retomada econômica, o aquecimento do setor de construção civil e a entrada de novos players no mercado de saneamento, em razão do marco regulatório que entrou em vigor em 2020. "Atualmente, somos a maior operação com atuação em um único país dentro do grupo, o que nos permite maior confiança e respaldo para trazer novas tecnologias ao mercado nacional", afirmou o executivo.

Outra empresa de Monte Mor também busca aumentar as exportações para ampliar o faturamento. Com 16 anos de existência, a fabricante de fragrâncias 100% nacional participa, desde 2019, de feiras internacionais para conquistar novos mercados na América Latina. Ela atua no segmento B2B (business to business), fornecendo insumos e prestação de serviço para a produção de xampus, sabonetes e hidratantes, além de atuar com perfumaria fina com marca própria.

Atualmente, a empresa tem cerca de 500 clientes e 3 mil fragrâncias desenvolvidas, com produção mensal de 50 toneladas. O Brasil é o segundo maior consumidor mundial desse tipo de produto, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo último levantamento da Euromonitor International. O mercado mundial movimenta em torno US$ 45 bilhões por ano (R$ 218,5 bilhões), com o mercado brasileiro representando em torno de 12,26% do total. O estudo aponta que as vendas do segmento no país devem crescer 15,9% até 2025, enquanto o mercado internacional terá desempenho ligeiramente maior, 17%.

OUTROS DADOS

O levantamento do Observatório PUC-Campinas apontou que as exportações da RMC representaram 7,48% do total do Estado de São Paulo em maio, enquanto a participação nas importações foi de 18,82%. O economista Paulo Ricardo Oliveira explicou que a participação maior nas compras feitas em outros países ocorre em função das indústrias regionais dependeram desses insumos para produção.

Os resultados no mês passado representaram uma pequena redução da participação da Região Metropolitana de Campinas tanto nas exportações quanto nas importações. No caso das vendas ao exterior, a queda está relacionada ao aumento dos produtos agropecuários, que tem maior participação na cadeia produtiva de outras regiões do Estado, como Ribeirão Preto.

Nos últimos 12 meses, a RMC registrou alta de 11,09% nas exportações, totalizando US$ 5,7 bilhões (R$ 27,68 bilhões). No mesmo período, as importações tiveram alta de 8,31%, chegando aos US$ 17,5 bilhões (R$ 85,22 bilhões). O déficit comercial regional foi de US$ 11,8 bilhões (R$ 57,54 bilhões).

O estudo apontou que de junho de 2022 a maio deste ano as exportações regionais que apresentaram os maiores crescimento foram as de tratores, medicamentos e automóveis. Já as importações com maior alta foram de agroquímicos, compostos heterocíclicos de nitrogênio e ácidos nucleicos e seus sais. O Observatório PUC-Campinas apontou que houve aumento relativo das exportações para praticamente todos os principais destinos, com destaque para a Argentina, Estados Unidos, México, Alemanha e Paraguai.

Juntos, esses cinco mercados somaram US$ 3,01 bilhões (R$ 16,45 bilhões), o que representou 52,81% do total das vendas ao exterior. As empresas da Região Metropolitana importaram principalmente da China, valor que chegou a US$ 5,41 bilhões (R$ 26,26 bilhões), o que representou 30.86% do total. Os insumos vindos desse país tiveram alta de 15,81% nos últimos 12 meses. Os outros países que também registraram crescimento nas exportações para a RMC foram o México (25,44%), Estados Unidos (15,84%), Alemanha (19,37%) e Índia (9,07%).

De acordo com o levantamento o Observatório PUC, Campinas foi a cidade da RMC que registrou o maior volume de exportações nos últimos 12 meses, totalizando US$ 1,24 bilhão (R$ 5,53 bilhões). Depois aparecem Indaiatuba (US$ 990 milhões), Paulínia (R$ 977,97 milhões), Americana (R$ 511,93 milhões) e Vinhedo (R$ 438,24 milhões).

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