após sete anos

Em Campinas, valor das tarifas de táxi tem reajuste de 20%

Decepcionada, categoria esperava que a Emdec autorizasse um aumento maior

Thiago Rovêdo
14/05/2022 às 10:38.
Atualizado em 14/05/2022 às 10:38
Fila de táxis nas imediações da Rodoviária de Campinas: motoristas com mais de 30 anos de profissão estão insatisfeitos com o aumento concedido pela Prefeitura de Campinas (Gustavo Tilio)

Fila de táxis nas imediações da Rodoviária de Campinas: motoristas com mais de 30 anos de profissão estão insatisfeitos com o aumento concedido pela Prefeitura de Campinas (Gustavo Tilio)

Após sete anos trabalhando sem reajuste no preço cobrado pelo serviço e enfrentando a concorrência dos motoristas de aplicativos da Uber, 99 e Cabify, entre outros, os taxistas receberam um reajuste de 20% nas tarifas, autorizado pela Secretaria de Transportes de Campinas. Os novos valores já estão aplicados a partir de hoje. A última alteração no preço cobrado pelas corridas foi realizada em março de 2015. Com isso, a Bandeira I passa de R$ 2,90 para R$ 3,48 - um aumento de 20% - a Bandeira II, de R$ 3,75 para R$ 4,52 - um crescimento de 20,53%. O valor da Bandeirada, como é chamada a taxa inicial da corrida, não foi alterado e continua R$ 4,85. Também não haverá alteração no valor da Hora Parada, que continua R$ 43,00 para os táxis.

Contrariando a expectativa da categoria, que esperava um aumento bem maior, o secretário de Transportes, Fernando de Caires, acredita que os valores atendem o pedido da categoria, principalmente por conta da atual situação. "A recomposição atende às solicitações da categoria, frente à situação econômica atual, mas consideramos um percentual justo e que não representa alto impacto para a população", afirmou.
Atualmente, o serviço de táxi conta com 902 veículos convencionais e 15 executivos.

"Se fossemos seguir a variação dos preços, desde o último reajuste, o valor percentual seria de 76,18%. A categoria fez uma reivindicação, que estava com os valores defasados; e estamos atendendo ao pedido, dentro de um patamar que não penalize a população, usuária do serviço", explica o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Vinicius Riverete.

O presidente do Sindicato dos Taxistas Permissionários Autônomos do Município de Campinas (Sinditáxi), Inácio Rodrigues, considera que a Prefeitura de Campinas não atendeu as demandas da categoria, e que ao menos o dobro deveria ter sido concedido aos trabalhadores. "O reajuste se deu somente sobre os quilômetro rodado, que são as bandeiras 1 e 2. É neste momento que se consome o combustível. Sobre a bandeirada ou a hora parada, continua o mesmo valor. E temos que lembrar que não temos reajuste desde 2015, mas todo o restante tem aumentado, e muito, desde então", afirmou.

Um levantamento feito pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostrou que o preço da gasolina subiu, desde janeiro, cerca de 9,37% nas bombas. O valor médio do litro passou de R$ 7,28, na semana passada, para R$ 7,29, nessa semana, marcando novo patamar médio recorde no varejo. "Este reajuste vai ajudar os taxistas, mas pelos nossos estudos o aumento teria que ser acima de 40%. Muitas cidades até mesmo próximas daqui ou da capital conseguiram chegar em cerca de 35% e aqui ficou somente em 20%", afirmou o presidente. 
Trabalhador há cerca de 40 anos no ramo do táxi, Antônio Malafaia, de 68 anos, analisa que o aumento ainda é pouco, principalmente se levar em consideração que a categoria passou mais de sete anos sem nenhum tipo de reajuste. "Vou ser sincero com você. Sete anos sem aumento e vem 20%. Isso não dá pra cobrir nem as despesas atuais. Para conseguir bastante corrida aqui, tenho que chegar no final da madrugada e ir embora só no meio da tarde. Já foi o tempo que ser taxista dava para sustentar uma família", disse.

Já Manoel Vieira Gomes está na profissão há 48 anos. Hoje, aos 77, ele diz que sendo taxista conseguiu criar dois filhos, mas que não vê mais o mundo dessa forma. "Tudo muito caro e a categoria ainda passa sete anos sem aumento. Ninguém fica um ano sem ter aumento, mas quem é taxista fica. Desse jeito é complicado demais manter uma família", disse.

O taxista Antônio Alves da Silva, de 68 anos, está há cerca de 30 anos na profissão, e não vislumbra um futuro melhor. "Se depois de todo esse tempo, só veio 20%, fica difícil. Cheguei a trabalhar com 30 corridas ao dia, e hoje com sorte fazemos seis ou oito", comentou.

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