Apesar das mudanças que estão sendo estudadas para simplificar a obra de requalificação da Avenida Campos Sales, no Centro de Campinas, o aterramento da fiação previsto no projeto original está mantido (Gustavo Tilio)
Para reduzir os custos e aliviar o impacto sobre as vendas do comércio na região da Avenida Campos Sales, no Centro, a Prefeitura de Campinas discute a simplificação do projeto de revitalização da via, de modo a torná-la mais adequada às dificuldades impostas pela crise econômica em curso no país. A revisão da proposta original ocorre às vésperas do prazo fixado para o início das obras, inicialmente previsto para agosto. Para compensar as alterações no projeto, que devem afetar a forma como ocorrerá a ampliação das calçadas e a troca de pavimento, a Administração decidiu incluir a construção de uma ciclovia no local.
Conduzido pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), em parceria com outras secretarias municipais, a reforma da Avenida Campos Sales, chamada de "Viva Campos Sales", é um passo importante para o início da revitalização da área central, que se encontra bastante degradada há décadas. A iniciativa foi anunciada em 2021 a partir de um investimento de cerca de R$ 12 milhões, sendo a maior parte oriunda de recursos de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). A previsão de que as obras tenham início ainda neste segundo semestre, com duração de 12 meses, segue mantida.
Oficialmente, a opção de simplificar a obra ocorre como forma de reduzir o impacto sobre as vendas, informa a Emdec por meio de nota oficial. A Campos Sales é um dos corredores econômicos mais importantes do Centro da cidade. Mas a reportagem do Correio Popular apurou que "apoios", inicialmente, acertados para garantir a condução do projeto podem ter sofrido baixas devido à crise econômica. A informação não foi confirmada pela empresa. "Considerando o período de pandemia e os resultados econômicos que ela trouxe para os comerciantes, a Administração municipal revisou a proposta, com a simplificação da obra, como forma de reduzir o impacto sobre as vendas", diz trecho de nota enviada pela Emdec.
Entre as mudanças mais significativas, está a ampliação das calçadas em dois metros de cada lado, o que deve ocorrer a partir da remoção das bancas, que passariam a ser acomodadas em uma faixa de rolamento pintada e sinalizada a ser criada na via pública, do lado esquerdo da avenida. A alternativa estudada evita as obras estruturais de alargamento. Outra discussão ainda em relação à calçada está em torno do tipo de piso a ser instalado. O projeto original previa um material semelhante ao usado na Avenida Francisco Glicério, mais resistente e com padrão de qualidade atestado em outros projetos de revitalização ocorridos em capitais brasileiras. Agora, isso está sendo revisto.
A elevação de cruzamentos prevista para ocorrer ao longo da avenida também é discutida. Uma redução do número de construções está sendo avaliada. Para compensar as simplificações de ordem econômica a serem detalhadas, a boa notícia é a de que o projeto irá incorporar a implantação de uma ciclovia na faixa de rolamento a ser criada para acomodar as bancas, compreendendo toda a extensão da via.
Por meio de nota, a Emdec informou ainda que, "na perspectiva de simplificação da obra, haverá, também, redução significativa dos custos para a Administração". A empresa destaca que isso não impactará os benefícios trazidos pelo projeto. E informa, porém, que alguns recursos sairão das áreas correlatas à Prefeitura, como recapeamento e sinalização viária.
A arquiteta e urbanista Maria Rita Amoroso, responsável pelo projeto arquitetônico da Viva Campos Sales e que também foi a responsável pelo projeto que revitalizou a Avenida Francisco Glicério, confirmou que o tema sobre a simplificação da obra esteve em pauta nas últimas discussões sobre o projeto. "Na última reunião foi discutida essa simplificação. É melhor simplificar a obra do que não fazer. Precisamos aproveitar a oportunidade e iniciar esse projeto, mesmo que com a necessidade de adequações", disse.
Segundo ela, tudo está sendo discutido para garantir a realização do que foi previsto no projeto original. "A questão do alargamento da calçada vai ocorrer, mas agora com o avanço das bancas e a construção de uma ciclovia", disse. Segundo a arquiteta, a questão do piso está sendo discutida. "Se não der para colocar um piso igual ao usado na avenida Francisco Glicério, defendemos que seja um piso com material que atenda a todas as especificações técnicas de durabilidade e eficiência", disse.
Sobre a instalação da ciclovia, a arquiteta ressaltou que a intenção é criar uma possibilidade de conectar o centro da cidade a outros trechos que já são atendidos por ciclovias. A arquiteta reforça que nas discussões sobre a revitalização da Campos Sales as outras melhorias previstas no projeto original devem ser mantidas, entre elas, a arquiteta destaca o aterramento da fiação, revisão das redes de água e esgoto, paisagismo e padronização das fachadas, os novos pontos de iluminação, e a incorporação de novos mobiliários para usuários do transporte público, bem como a criação de uma faixa exclusiva para ônibus. As alterações levam ainda em conta a circulação de veículos na velocidade de 40 km/h. "O importante é não perder a oportunidade. O que virá, certamente vai ser muito melhor do que está lá hoje", completa.