APENAS NO 1˚ SEMESTRE

Em 6 meses, flagrante de drogas avança 31% em Viracopos

De janeiro a junho deste ano, já foram incinerados 356 kg de entorpecentes; no mesmo período de 2021, 272 kg

Alenita Ramirez/ [email protected]
03/07/2022 às 10:57.
Atualizado em 03/07/2022 às 10:57
De acordo com o delegado, a droga apreendida vem de diversos lugares do país e ela é despachada especialmente para os países da Europa, como Portugal (Lisboa) e França (Divulgação)

De acordo com o delegado, a droga apreendida vem de diversos lugares do país e ela é despachada especialmente para os países da Europa, como Portugal (Lisboa) e França (Divulgação)

O número de apreensões de drogas no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas aumentou em aproximadamente 31% nos seis primeiros meses deste ano, em comparação a igual período do ano passado. É o que mostra os números do que foi incinerado nos meses de março e abril deste ano. Em 2022, foram 356 quilos, enquanto no primeiro semestre do ano passado foram 272 kg. 

“O tráfico de drogas é um empreendimento ilícito que usa a mesma estratégia dos empreendimentos lícitos, à exceção dos meios de negociação, transporte, comercialização e ocultação de seus ganhos

Assim, como o negócio lícito, o tráfico busca produtores, fornecedores, logística, consumidores e meios de pagamento”, explicou o delegado da PF, Edson Geraldo de Souza, ao ser questionado sobre o fato de os traficantes usarem Viracopos para enviarem entorpecentes ao Exterior.

De acordo com o delegado, a droga apreendida vem de diversos lugares do país e ela é despachada especialmente para os países da Europa, como Portugal (Lisboa) e França.

Um dos casos mais recentes registrados foi o de uma brasileira, que mora em Lisboa, presa com 1 quilo de cocaína escondido em uma cinta modeladora feminina. Ela saiu de Belo Horizonte e embarcaria para Portugal a partir de Viracopos. 

O flagrante foi feito durante uma inspeção. A suspeita alegou que receberia 3 mil euros pela entrega da droga. “O que observamos é que, via de regra, o tráfico de drogas explora pessoas em condições de vulnerabilidade, convencendo-as a se arriscarem no trabalho de transporte (as chamadas “mulas”). Quanto a Viracopos, constatamos que quase 100% dos detidos por tráfico de drogas internacional tinham por destino a Europa”, comentou Souza. 

O aumento na apreensão da mercadoria ilícita, afirmou o delegado, deve-se, em grande parte, ao trabalho de repressão. Na maioria dos casos, os flagrantes acontecem durante a inspeção da bagagem. “Não há como mensurar o volume real do tráfico de drogas. A mensuração ocorre observando-se o resultado do trabalho de repressão. Quanto mais eficientes e efetivos os mecanismos de repressão, maior a quantidade de drogas apreendidas e de pessoas presas”, frisou o delegado.

Em 2020, a PF campineira deflagrou a “Operação Overload”, que apurou uma quadrilha, composta por mais de 40 integrantes, que, inclusive, recrutava funcionários do próprio aeroporto para facilitar o envio de drogas ao exterior. 

Crime organizado

De acordo com a investigação na época, a organização criminosa era formada por brasileiros que respondiam pelo fornecimento da cocaína que seria exportada para a Europa. Além disso, o grupo aliciava funcionários do aeroporto para que interferissem a favor da quadrilha nas atividades de logística do terminal.

As investigações começaram em fevereiro daquele ano, com a apreensão, na área restrita de segurança do terminal, de 58 quilos de cocaína antes do embarque. Após o flagrante, a Polícia Federal mapeou a rede criminosa, identificando as respectivas lideranças, as pessoas com quem se relacionavam e o processo empregado na exportação da cocaína em larga escala. A quadrilha também operava no processo de ocultar o lucro obtido com a prática criminosa.

Entre os funcionários e ex-funcionários terceirizados de Viracopos que atuavam junto à quadrilha estavam vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampa, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros, encarregados pelo esquema de embarque das drogas nas aeronaves com destino internacional. “Há diversos modos de se tentar ocultar as drogas durante o embarque, como nas malas, calçados, cosméticos, roupa ou até mesmo dentro do próprio estômago”, comentou Souza. 

Assim como Guarulhos, Viracopos é um dos aeroportos mais visados pelos criminosos para o envio de ilícitos para fora do país. Isso devido a ele figurar entre os mais movimentados do Brasil. “Quanto mais movimentado e destinos e conexões houver, maior será a importância desse espaço para o tráfico de entorpecentes. Nesse sentido, o aeroporto campineiro oferece exatamente o que o tráfico procura como parte de sua logística internacional”, frisou o delegado. 

Para o agente federal, “falar sobre o tráfico internacional de drogas que passa por Viracopos é basicamente selecionar um microssistema dentro de um universo gigantesco, que não é diferente de qualquer outro aeroporto internacional do mundo”.

Para evitar que esse microssistema atue cooperativamente para o tráfico, a PF, em conjunto com diversos outros órgãos que atuam no aeroporto, especialmente a Receita Federal, investe em treinamento e especialização de agentes federais e colaboradores. “O próprio concessionário aeroportuário investe em treinamento de pessoal e equipamentos, tais como espectrômetros de massa”, lembra Souza.

Entre fevereiro de 2019 e abril de 2022 a Polícia Federal apreendeu e incinerou mais de 1.023 objetos/bagagens com drogas apreendidas quando os criminosos tentavam passá-las por Viracopos. Esse volume totalizou quase 1,5 toneladas de drogas. O trabalho de vistoria de bagagens tem o apoio do canil do 1° Batalhão de Ações Especiais (Baep) e da Guarda Municipal.

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