FORA DE CONTROLE

Em 15 dias, Campinas registra 76% das queimadas de 2024

Município teve 185 focos de incêndio desde janeiro, sendo 141 apenas em maio

Eliane Santos/[email protected]
16/05/2024 às 07:29.
Atualizado em 17/05/2024 às 11:29
Incêndio registrado ontem na altura do quilômetro 88 da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) prejudicou motoristas, principalmente os que trafegavam no sentido interior; na terça-feira, moradores do Parque Prado sofreram por mais de quatro horas com a fumaça de uma queimada que foi controlada com a ajuda de moradores (Alessandro Torres)

Incêndio registrado ontem na altura do quilômetro 88 da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) prejudicou motoristas, principalmente os que trafegavam no sentido interior; na terça-feira, moradores do Parque Prado sofreram por mais de quatro horas com a fumaça de uma queimada que foi controlada com a ajuda de moradores (Alessandro Torres)

A cidade de Campinas já registrou 141 focos de incêndio na primeira quinzena de maio, o que representa 76% dos 185 focos de janeiro até agora. O número foi apresentado nesta semana na reunião da Operação Estiagem e foi obtido por meio de imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A quantidade de queimadas não para de crescer e o fogo segue devastando matas, pastagens, tornando o ar irrespirável e prejudicando a visibilidade de motoristas, além de afetar a saúde de quem já sofre com doenças respiratórias, como asma e bronquite. Em todo o ano passado, segundo o Inpe, foram 226 focos, 18 em maio. Até agora, as queimadas neste mês representam 73,8% de todo o período da Operação Estiagem de 2023, que vai de maio a setembro e teve 191 focos identificados pelo mesmo sistema.
Ontem, uma queimada na altura do quilômetro 88 da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) prejudicava os motoristas, principalmente os que trafegavam no sentido interior. As duas pistas foram afetadas, mas não houve a necessidade de interdição de pista. O Corpo de Bombeiros foi acionado.
Na noite de terça-feira, moradores do Parque Prado, zona Sul da cidade, conviveram por mais de quatro horas com o fogo, fumaça e o temor de que um incêndio atingisse a mata de preservação da Mina de Ouro, onde habitam ratões-do-banhado, sagüis entre outros animais, além de nascentes de água. O caso aconteceu em uma área na esquina da Avenida Maria Emilia Alves dos Santos de Angelis com a Rua Miguel Arcanjo e Avenida Whashington Luiz.

O fogo só foi controlado após as 21h com a ajuda de moradores do condomínio Club House localizado na Maria Emilia. Os condôminos combateram o fogo que já beirava a mata utilizando a mangueira de incêndio do edifício. Moradores de outros prédios também ajudaram com baldes de água. Em dezembro de 2020, a população que vive no bairro alertou o Poder Público sobre a necessidade de cuidados para a área de preservação, com direito até a um abaixo-assinado.

QUALIDADE DO AR

Em maio de 2023, a Defesa Civil emitiu dois boletins de baixa Umidade Relativa do Ar (URA), ambos de Estado de Atenção. Nos 13 primeiros dias da edição da Operação deste ano foram emitidos seis boletins, sendo um de Estado de Emergência (quando a URA fica abaixo de 12%) e cinco de Estado de Atenção (quando fica abaixo de 30%). A maior temperatura registrada na Operação Estiagem, até o momento foi de 34,3 °C, no dia 4 de maio.

A frente fria que amenizou as temperaturas nos últimos dois dias também já se distancia e o calor acima dos 30 graus volta a partir de hoje. Segundo previsão do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Universidade Estadual de Campinas, a temperaturas mínima nesta quinta até sábado é de 17 graus e as máximas de 31 e 32 no sábado. Não há previsão de chuva.

Conforme o coordenador regional e diretor do Departamento de Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, a grande preocupação do município está relacionada ao aumento dos índices de incêndio. “Isso é preocupante porque nos primeiros 13 dias da operação já registramos mais de 50% do índice de toda a operação do ano passado”, destacou.

Para o diretor, o fator determinante no aumento dos índices de queimadas são as ondas de calor. “Num período em que deveríamos estar registrando baixas temperaturas, os índices têm ultrapassado 30 °C, isso tem reflexo direto no aumento dos focos de incêndio”, colocou.

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