comemoração

Elos que marcam a história local

Em comemoração aos 100 anos do Instituto Penido Burnier (IPB), em Campinas, comemorados ontem , uma cápsula do tempo foi enterrada

Francisco Lima Neto
02/06/2020 às 10:07.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:28

Em comemoração aos 100 anos do Instituto Penido Burnier (IPB), em Campinas, comemorados ontem , uma cápsula do tempo foi enterrada para ser aberta no segundo centenário, em 1º de junho de 2120. Entre os objetos enterrados, está um exemplar do Correio Popular deste domingo, com uma edição da coluna Baú de Histórias, que narra o primeiro centenário da instituição, que é a primeira da América do Sul especializada na saúde dos olhos. A cápsula do tempo foi enterrada pelo médico e presidente do IPB, Leôncio Queiroz Neto, por volta das 10h30. No artefato foram colocadas fotos do corpo clínico e da equipe de funcionários, além da edição do jornal, que traz reportagem sobre os 100 primeiros anos da instituição. "Também esteve aqui o desembargador aposentado José Augusto Marin, de 94 anos. Ele foi cliente do dr. Burnier. Ele trouxe de presente moeda no ano de nascimento do dr. Burnier, que foi em 1881, moeda de 1910, que foi quando o dr. Burnier se mudou para Campinas, e moeda de 1920, quando o instituto nasceu", conta o presidente. Todas essas moedas também foram colocadas na cápsula do tempo. "Ele trouxe de presente. Disse que era uma data muito importante. Foi uma surpresa muito importante", afirma Queiroz Neto. Tijolos da antiga construção do prédio também foram guardados, bem como reprodução de um jornal que falava sobre a primeira cápsula, de 1926. "O jornal foi dobrado e colocado numa espécie de cantil, que tem vedação grande. Comprei nos Estados Unidos. Sobrevive a furacão, fundo do mar, parece uma garrafa térmica gigante", diz. Pelo caminho Segundo atas encontradas, no dia 1° de junho de 1926, quando o IPB já tinha seis anos, uma cápsula do tempo foi enterrada para ser aberta nesse primeiro centenário. "De acordo com a ata, essa cápsula tinha moedas da época e o jornal do dia, entre outros. A ata dizia que no dia 1º de junho de 2020 ela deveria ser desenterrada, aberta e enterrada outra cápsula do tempo para ser aberta novamente depois de outros 100 anos", conta Queiroz Neto. Contudo, mesmo com a ajuda da tecnologia, sondas e perfuração, em um trabalho de cerca de seis meses, a cápsula não foi localizada. "Achamos a ata, fizemos estudo cartográfico porque a Avenida Andrade Neves foi alargada, foi usado ultrassom, perfuramos e não achamos. Toda a tecnologia foi usada, procuramos por uns seis meses e nada. Foi a maior frustração. O prédio mais novo foi feito em 1955. Pode ser que tenha sido feito em cima de onde estava a cápsula", explica o médico. "Nós tomamos algumas precauções para que isso não volte a ocorrer. Vamos escrever uma ata em que vai constar as coordenadas de localização, de acordo com a bússola de celular. Além disso, a cápsula vai ficar num local bem na entrada do Instituto", aponta. Ele deseja que quando o segundo centenário chegar, a sociedade esteja melhor. "Vamos ter de repensar as maneiras de produção e o ser humano vai ter de evoluir com mais solidariedade. Estamos ficando muito tecnológicos e pouco humanos. Uma coisa que não muda é a parte humanística do relacionamento médico-paciente", conclui. No entanto, o médico ainda não desistiu da primeira cápsula. "Se um dia nós descobrirmos uma nova tecnologia que nos permita achá-la, nós vamos tentar. Não está totalmente descartada. Mas nós estamos fazendo história. A gente e vocês. Só tenho gratidão por poder vivenciar esse momento. Foi o tempo que nos delegou isso. Fizemos a nossa parte e vamos deixar isso para a posteridade", comemora.

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