coronavírus

Elo virtual conecta na quarentena

Diante da situação que requer medidas de distanciamento social, a vida dos profissionais liberais é diretamente afetada

Daniela Nucci
11/04/2020 às 08:56.
Atualizado em 29/03/2022 às 18:14

A crise do novo coronavírus gerou reflexos não apenas na saúde da população, mas também na parte econômica. Diante da situação que requer medidas de distanciamento social, a vida dos profissionais liberais é diretamente afetada. Sem carteira assinada, esses trabalhadores recorrem às aulas on-line para lidar com a situação sem ficar no vermelho. O jornalista multitarefa José Jorge Tannus Junior, que também é advogado, apresentador e radialista, além de professor universitário em três faculdades, encara a realidade adotando os recursos tecnológicos disponíveis para prestar seus serviços de forma on-line. Atualmente, Tannus Junior — que é também desenhista de quadrinhos, criador do personagem Tubino, que é publicado no Caderno C do Correio — têm trabalhado dando aula por teleconferência aos alunos nas três faculdades através de um aplicativo, graças aos softwares oferecidos pelo Google. “Continuo no dia a dia com uma nova perspectiva tecnológica que veio para suprir uma série de impossibilidades criadas pelo isolamento. Faço as teleaulas presenciais com meus alunos, ao vivo, no horário normal das disciplinas tirando dúvidas e gerando conteúdo. Essa experiência, do ponto de vista pedagógico, é mais intensa do que na sala de aula porque os alunos não correm o risco de esquecer o material em casa. O tempo vai mostrar que essa experiência é muita rica em todo ensino, pois aumenta o elo entre professores e alunos e busca novos caminhos pedagógicos. A pessoalidade aumenta, têm muitos alunos que mostram como é um cantinho da casa ou ela inteira”, diz Tannus Junior. Com relação aos seus programas de rádio, a internet também é aliada. “Faço as entrevistas em casa e envio as gravações pela internet para a rádio. Os programas acontecem normalmente, de segunda a sexta. Mantenho também as tiras diárias no Caderno C. A vida continua, o isolamento não pode nos tirar de cena”, afirma Tannus Jr. Música Outra profissional que partiu para aulas 100% on-line é a musicista Carmen Lúcia Calixto Carbonari, moradora de Jaguariúna. Antes do isolamento social, Carmen dava as aulas de piano erudito, piano popular e piano para acompanhamento para 25 alunos, entre 6 a 81 anos, numa sala de música dentro da sua casa ou ia até eles. Hoje, através de diversos aplicativos, a musicista se adaptou e presta o serviço de acordo com cada família. “Graças a Deus, os alunos e as famílias aceitaram esse tipo de aula on-line. Alguns não conseguiram ainda se adaptar. Tudo é muito novo para mim porque nunca trabalhei desta forma. Sou autônoma e não tinha nenhum equipamento on-line. Muitos professores já possuem todos os preparativos. Estou lutando e aprendendo para não ficar sem dar aulas e assim fazendo com que meus alunos não percam a prática adquirida”, diz Carmen. “Fiquei muito insegura de não conseguir realizar as aulas on-line, por outro lado estou aprendendo muito, vou sair desta fase com algo a mais na bagagem”, diz a professora de música, que conta com um material colorido e didático com sinais como parte teórica, feito pelo artista Paulo Menestrel. “Gravo vídeos e áudios para complementar as aulas tirando determinadas dúvidas. Uso o material didático nas aulas on-line para que o aluno possa visualizar a parte teórica e não somente ouvir a explicação”, completa. Para a alegria da aluna Eleonor Del Frate, de 81 anos. “Nem mexia direito em celular, mas consigo acompanhar as aulas por chamada de vídeo pelo WhatsApp com a Carmen Lúcia, que é muito dedicada. Ainda bem que ela fez isso porque adoro as aulas de piano e não queria parar”, diz Eleonor. Idiomas A professora de inglês Débora Scuira, graduada em Letras e aluna do Mestrado de Linguística Aplicada na Unicamp, também mudou a rotina com este cenário. “Apesar de já ter conhecimento em aulas através de tecnologias, confesso que o isolamento social devido à pandemia do coronavírus mudou completamente tanto a minha rotina quanto a dos meus alunos. Eles tiveram o primeiro desafio que foi pesquisar e aprender como se conectar on-line e aprender a utilizar o Skype ou outra plataforma. Normalmente, o aluno demora um tempo para se familiarizar com essas ferramentas, mas a necessidade da comunicação e de ocupar seu tempo fez com que os estudantes se adaptassem muito rápido”, explica Débora. A assiduidade e o interesse também aumentaram, talvez pela desaceleração do cotidiano ou ainda pela imensa necessidade de comunicação com outras pessoas. Para a aluna Sarah Duarte Begatti, que estuda o idioma com mais duas colegas, o método foi aprovado. “As aulas são até mais fáceis, pois ficamos mais à vontade em falar as coisas, tirar dúvidas”, comenta Sarah. O novo modelo deve ser empregado até para alguns alunos após o fim do isolamento social. “Eles dizem que economizarão tempo de deslocamento e também por ser mais prático”, diz a professora. As aulas feitas em grupo são da mesma maneira que a presencial. As crianças e adolescentes acham bem divertido. “Conversamos, ouvimos e analisamos os áudios, fazemos exercícios práticos e ao final fazemos brincadeiras. Já com alunos adultos que trabalham em empresas, revisamos apresentações que farão on-line para seus clientes globais. O treinamento prévio tem trazido segurança para o estudante. A experiência está sendo enriquecedora e ímpar. Apesar de ter perdido 10% dos alunos por estarem sem emprego ou por serem autônomos”, completa Débora.

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