VOTO JOVEM

Eleitorado de Campinas de 16 a 17 anos cresce 156% em 2 anos

Com 7.068 jovens dessa faixa etária aptos a votar em outubro, o crescimento foi três vezes superior à média nacional

Edimarcio A. Monteiro
06/05/2022 às 09:08.
Atualizado em 06/05/2022 às 09:08
Os irmãos Filipe e Cauê do Valle Cury com os títulos eleitorais: compromisso com as urnas (Gustavo Tilio)

Os irmãos Filipe e Cauê do Valle Cury com os títulos eleitorais: compromisso com as urnas (Gustavo Tilio)

O crescimento de novos eleitores de 16 a 17 anos em Campinas foi três vezes maior do que a média nacional. O aumento nessa faixa etária no município foi de 156,92%, totalizando 7.068 eleitores aptos a votar nas eleições de outubro, de acordo com balanço parcial divulgado na quinta-feira (5) pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Em 2020, eram 2.751 adolescentes aptos a votar. O Brasil ganhou neste ano 2.042.817 eleitores de 16 a 17 anos, aumento de 47,2%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os dados deste ano do TRE são de até 30 de abril, ficando de fora os alistamentos e regularizações de título ocorridos entre 1º e 4 deste mês, últimos dias para o eleitor garantir a participação no pleito. Campinas ganhou 23.509 novos eleitores em 2022, totalizando 867.638, crescimento de 2,79%. O número fechado está programado para ser divulgado em 11 de julho.

Os irmãos Filipe, 16 anos , e Cauê do Valle Cury, 19, estão entre os jovens que votarão pela primeira vez este ano. "Eu gosto de ficar antenado com política, mas de forma mais abrangente, sem ficar preso a um partido ou ideologia", diz Cauê. "Nenhum dos candidatos predominantes no momento me parecem ser o ideal para o país", completa, referindo-se aos que disputam a presidência da República. "É de extrema importância estudar o que cada lado propõe. Isso indicará como serão os próximos quatro anos do país", diz Filipe. Ele ainda não definiu em quem votará em outubro, preferindo avaliar melhor as propostas dos candidatos. 

Fatores

Para a cientista política, Katia Mika Nishimura, quatro fatores explicam o crescimento dos eleitores jovens em Campinas: a campanha nas redes sociais feitas por diversos artistas para a participação desse público, a campanha do TSE nesse mesmo sentido, a facilidade de tirar o título de eleitor pela internet e a insatisfação com o atual momento do país. "Historicamente, o voto do jovem é de contestação da ordem vigente. A insatisfação com o governo é grande em toda a sociedade", diz ela, que é e professora de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC).

A campanha de artistas teve a participação da cantora Anitta, a atriz Bruna Marquezine e de até atores estrangeiros, como Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo e Mark Hamill, o Luke Skywalker, de Star Wars. "Foi um chamamento de pessoas que eles admiram, acompanham", afirma a cientista política. Katia considera que "o crescimento significativo em dois anos dos eleitores jovens chama a atenção" em virtude do voto de Campinas ter sido mais conservador em 2018, com vitória do presidente Jair Bolsonaro (PL) na cidade e uma grande abstenção. 

Em termos absolutos, a maior faixa etária de eleitores no município é de 45 a 59 anos, com 217.430 registros, aumento de 2,55% em relação a 2020. Em Campinas, as mulheres aptas a votar são maioria. São 464.976 eleitoras, 15,69% a mais do que os homens, 401.890. De acordo com o TRE, 792 pessoas não informaram o gênero.

Entre as sete zonas eleitorais de Campinas, o maior aumento no número de eleitores foi na 378. Ela fechou abril com 197.914 pessoas aptas a votar, crescimento de 4,29% em relação as 189.770 de 2020. A zona 378 abrange 60 bairros da região Sul, entre eles os DICs, Jardim Campos Elíseos, Conjunto Habitacional Vida Nova e Mauro Marcondes. 

Katia defende a participação dos eleitores no pleito de outubro. "A democracia no Brasil sempre esteve ligada ao voto. É o momento em que as pessoas são chamadas a participar do processo político decisório", afirma a cientista política. Para ela, a campanha eleitoral deste ano ficará polarizada entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"A reeleição sempre teve o caráter plebiscitário, quando o atual governo é avaliado", explica. A professora considera que as eleições deste ano serão as mais importantes desde 1989, quando ocorreu o primeiro pleito presidencial após a redemocratização do país.

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