pleito municipal

Eleições terão número recorde de candidatos

Com o fim de coligações para vereadores, partidos políticos de Campinas avaliam que em 2020 haverá uma explosão no número de candidatos

Maria Teresa Costa
teresa@rac.com.br
21/04/2019 às 10:27.
Atualizado em 04/04/2022 às 09:13

Com o fim da possibilidade de coligações para vereadores, partidos políticos de Campinas avaliam que em 2020 haverá uma explosão no número de candidatos. Cálculos iniciais indicam que poderá haver em torno de 1,2 mil. Parece um número alto, mas no último pleito municipal, 2016, quando era possível coligação para as eleições proporcionais, Campinas teve 818 candidatos. Desde as eleições de 2018, as coligações só são possíveis para as eleições majoritárias - no caso municipal, para prefeito. Com o fim das coligações vão se eleger os candidatos mais votados dentro dos seus partidos, desde que o partido consiga atingir o quociente eleitoral. A cidade tem 36 partidos registrados e cada um poderá lançar até 50 nomes a vereador, que correspondem a 150% das cadeiras na Câmara Municipal. Nem todos lançarão, porque têm poucos filiados e 11 deles não cumpriram as metas da cláusula de barreira e ficarão fora da repartição do fundo partidário e do tempo de propaganda na televisão, mas mesmo assim podem lançar candidatos. A saída que esses partidos estão encontrando é a fusão com outras legendas, como já ocorreu com o PPL que se fundiu ao PCdoB, ou o PRP, que se juntou ao Patriota. “A pulverização de candidaturas tem um lado positivo. Cada vez mais se torna possível que seja eleito um vereador mais próximo do seu eleitor”, afirma o presidente da Comissão Especial de Direito Eleitoral da OAB-Campinas, Valdemir Moreira dos Reis Júnior. O lado negativo, disse, é que a grande distribuição de votos facilita a eleição de alguém com baixa densidade eleitoral. Os grandes partidos, segundo ele, se beneficiam com o grande número de candidatos. “A somatória de votos de todos os candidatos os favorecem na composição das cadeiras, sobretudo em razão do sistema eleitoral ainda utilizar o sistema proporcional de votos”, afirmou. Reis Júnior observa que o financiamento das campanhas será difícil, uma vez que desde 2018 as doações foram limitadas às pessoas físicas e os candidatos recebem recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário. “Infelizmente vivemos um descrédito da classe política, o que torna a missão de conseguir recursos junto ao cidadão uma missão quase impossível. As doações de pessoas físicas tem se resumido a parentes, amigos e apoiadores de candidatos”, disse. Já o fundo de campanha, segundo ele, é destinado aos partidos e, como já ocorreu em 2018 e se repetirá em 2020, grande parte desses recursos será destinada aos candidatos que já são detentores de mandato eletivo ou aos candidatos “celebridade”. “Os que possuem maiores chances de serem eleitos, ou que tenham maior potencial de voto, turbinarão a quantidade de votos de um determinado partido, permitindo que tenha maior número de cadeiras”, afirmou. A disposição das legendas é lançar nomes competitivos em 2020 para o Legislativo, visando assumir cadeiras ou ampliar as atuais bancadas. A composição atual da Câmara é formada pelo PSB, que tem a maior bancada, com seis parlamentares, seguida do PSDB, com quatro, do PSD com três, do PT, PP, PSC, PR e PV com dois cada partido, e do PSL, PMB, PCdoB, PTB, Cidadania, Podemos, Democratas, PSOL, PROS e PRB com um vereador cada. Todos devem concorrer à reeleição. A exceção pode ficar com Tenente Santini (PSD), que, circula nos bastidores da política, pode se candidatar a prefeito, mas oficialmente ele nega. Câmara terá composição eclética Com tantos candidatos possíveis, a previsão é de que a Câmara a ser eleita em 2020 terá uma composição bastante pulverizada, com ampla diversificação de partidos e tendências. Algumas legendas ouvidas pelo Correio já definiram chapa completa. O MDB, por exemplo, trabalha, segundo seu presidente da legenda, Arnaldo Salvetti, para ter uma chapa forte e coesa, com a perspectiva de eleger um ou dois vereadores - atualmente o partido está fora da Câmara Municipal. A disposição legal do desempenho mínimo nas urnas, de 10% do coeficiente eleitoral, exige dedicação, segundo ele, para a formação da chapa. O PSB do prefeito Jonas Donizette vai lançar chapa completa, como ocorreu nas eleições passadas. A exceção foi em 2012, quando o partido se coligou ao DEM no pleito proporcional. O presidente da legenda, Wanderley Almeida, avalia que todos os partidos terão dificuldades no financiamento das campanhas, como já tiveram na eleição passada. "O empenho é para fazer uma bancada expressiva" , disse. O PT, segundo o presidente Durval de Carvalho, também vai de chapa completa. Em 2016 elegeu dois vereadores e a meta para 2020 é ampliar esse número, embora considere que os partidos, especialmente de esquerda, terão muitas dificuldades nas próximas eleições. "Vivemos um período em que a direita resolveu demolir e criminalizar os partidos, taxando-os de quadrilha, de criminosos" , afirmou. O PSDB, segundo o presidente João Carlos Galassi, só deve começar as discussões em maio. Recém-eleito para a presidência, afirmou que é muito cedo para emitir qualquer opinião em nome do partido, e que vai iniciar as conversas com a nossa base no próximo mês. Hoje, os tucanos têm quatro vereadores, que devem concorrer à reeleição. Para a presidente do PCdoB, Márcia Quintanilha, o fim das coligações proporcionais feriu o direito de associar previsto na Constituição. O Brasil tem realidades políticas muito diferentes, e querer enquadrar numa lógica única para todo o país pode produzir engessamento que provocará mais distorções políticas. O PCdoB, que em 2016 elegeu uma vereadora, já definiu que terá chapa completa para vereador. Na mesma linha de chapa completa está o Democratas, que hoje tem um vereador no Legislativo. O PSD, que elegeu dois vereadores em 2016, vai de chapa completa em 2020, e segundo o presidente da legenda, Guilherme Campos, a grande dificuldade será o financiamento das campanhas. "O cenário que se mostra é o de campanha sem dinheiro" , disse. PDT também prepara chapa com nomes para voltar à Câmara Municipal -- em 2016 o partido não conseguiu eleger vereador. O PSC, que elegeu dois vereadores em 2016 e deve perder um em abril - Rubens Gás vai para o Democratas - já está com dois terços da chapa fechada, segundo o presidente Professor Campos. "Já avisamos aos pré-candidatos, ao se filiares, que precisarão ter uma estrutura mínima e própria para financiar a campanha. Não vamos contar com o fundo partidário, que nunca veio" , afirmou.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por