De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o número de acidentes no País (incluindo os grandes centros urbanos) aumentou 35% entre os anos de 2016 e 2017, passando de 3.820 casos para 5.157 no período
Uma senhorita encrenqueira: o aumento dos ataques pode estar atrelado à intensificação do uso de inseticidas contra alguns dos seus predadores naturais, acreditam especialistas (Cedoc/RAC)
As taturanas estão longe de serem os animais peçonhentos mais conhecidos por parte da população, entretanto, esses pequenos e aparentemente inofensivos animais vêm chamando a atenção por um motivo perigoso. De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o número de acidentes no País (incluindo os grandes centros urbanos) aumentou 35% entre os anos de 2016 e 2017, passando de 3.820 casos para 5.157 no período. De 2010 até 2016, a taxa anual de incidentes em nenhum momento havia passado do patamar de 3 mil. Os índices de mortes humanas motivadas pelas queimaduras de taturanas também cresceu: de dois para nove em um ano. Ao todo, o município de Campinas registrou 19 ocorrências entre os dias 10 de janeiro e 27 de abril, segundo informou a Prefeitura. Os atuais números, já superam todos os casos registrados em 2017, quando 13 pessoas haviam sido atendidas nos hospitais municipais. Os primeiros quatro meses do de 2018 ainda ultrapassaram mais da metade das ocorrências de 2016 — cerca de 35 vítimas. A Prefeitura ressaltou ainda que nenhuma morte foi registrada durante os anos. Inseticidas Para o biólogo e professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) André Victor Lucci Freitas, um possível aumento no número de ataques de taturanas pode estar atrelado ao aumento do uso de inseticidas contra alguns dos seus predadores naturais. “É Importante ressaltar, antes de tudo, que para que possamos saber exatamente as razões desse aumento, seria preciso uma análise mais aprofundada sobre o assunto, mas em um primeiro momento, o que podemos supor é que esse aumento pode ter alguma relação com o uso de inseticidas contra os predadores das taturanas, como aranhas e formigas. Você, eliminado os predadores naturais, naturalmente aumenta a população de animais peçonhentos”, explicou o especialista. Freitas ressalta, contudo, que o aumento de ocorrências é plenamente compreensível nessa época do ano e que não há motivos para qualquer tipo de alarde. “Houve um aumento nos casos? Houve! Porém, é algo muito insignificante ainda, porque existem vários fatores naturais que podem ou não influenciar em um possível aumento dos casos”, disse o especialista. Para ele, o fato da cidade de Campinas possuir mais de um milhão de habitantes faz com que seja “normal você apresentar uma variação de dez, vinte ou até trinta pessoas queimadas de um ano para outro. Agora, se houver uma explosão nos números e nós chegarmos a 200 casos, por exemplo, óbvio que eu serei obrigado a começar a achar que alguma coisa está errada. Porém, não acredito que esses números subirão muito além dos índices atuais”, opinou o biólogo. Mesmo se caso não parecer grave, deve-se ir a hospital Embora a maior parte dos casos de queimaduras causadas por taturanas apresente apenas sintomas leves, Freitas ressalta que é importante procurar ajuda médica sempre que houver algum incidente envolvendo qualquer animal peçonhento. “Não é recomendado passar nada na pele, nem mesmo uma simples pomada ou gelo. Na dúvida, é sempre bom ir para o hospital e não esquecer de levar a taturana viva num compartimento. Algumas espécies costumam causar a sensação de queimadura, mas só profissionais capacitados são capazes de avaliar caso a caso”, explicou o professor do Instituto de Biologia da Unicamp. CONFIRA O NÚMERO DE CASOS EM CAMPINAS Ano Nº de acidentes 2016 35 2017 13 2018 19 (até o dia 27 de abril) Total 67 Fonte: Prefeitura Municipal de Campinas