redes sociais

Efeito das fake news é imprevisível

Estratégicos na disputa pelos votos, programas de internet deformam cenário do debate eleitoral

Rogério Verzignasse
28/07/2018 às 19:43.
Atualizado em 23/04/2022 às 08:06
   (iStock/Banco de imagens)

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A manipulação da opinião pública com notícias falsas nas redes sociais deve alcançar, em 2018, um patamar jamais visto. As plataformas serão um verdadeiro campo de batalha entre os chamados robôs — programas usados para multiplicar informações na internet. O fenômeno já foi constatado ao longo da década, com o internauta induzido a assumir posturas críticas motivadas por postagens mentirosas. Não se sabe, no entanto, qual será o tamanho do prejuízo causado no processo eleitoral deste ano. Novos fatores conferem hoje, às redes socais, uma importância ainda mais estratégica na disputa. O número de usuários das plataformas cresce sem parar. E as campanhas de rua ficaram muito caras, sem o apoio de grandes financiadores. A internet é barata. E as mídias sociais, devem mesmo ser usadas para “deturpar” o debate entre correntes ideológicas rivais. Na opinião do professor Vitor Barletta Machado, da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), o momento exige muita atenção. A própria suspensão das páginas virtuais vinculadas a movimentos políticos conhecidos, como aconteceu com o Movimento Brasil Livre (MBL) — veja texto nesta página —, tende a acirrar o debate do que são as fake news. Mas, para ele, o maior desafio não serão as redes sociais “visíveis”, como o Facebook e o Twitter, mas sim as restritas (como WhatsApp e Telegram), onde não existe qualquer controle das postagens. Mais motivo de preocupação: muitas pessoas divulgam a notícia falsa mesmo sabendo que ela não é real, desde que seja sobre pessoa ou assunto que lhe interessa diretamente. Algorítimos O professor ainda detalha um aspecto importante das ferramentas tecnológicas. “As redes sociais trabalham com algorítimos: buscam oferecer aos membros assuntos que agradem aos seus interesses. Então, uma pessoa que curte postagens conservadoras vai ver cada vez mais postagens conservadoras, e será apresentada a pessoas com o mesmo perfil. As redes não funcionam como uma arena onde tudo se debate com todos, mas onde membros de um grupo com certo perfil debatem entre si, recebendo cada vez menos interações daqueles com perfil diverso”, explica. Poder econômico Na visão do cientista social, também é enganoso acreditar que o acesso à internet garante igualdade entre os candidatos na disputa pelos votos. “As candidaturas com maiores recursos financeiros terão maiores possibilidades de combater o que julgarem falso e divulgar suas próprias versões dos fatos. O impacto do poder econômico não foi abolido pelas redes sociais”, conclui.

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