REFORÇO ESCOLAR

Educação se mobiliza contra defasagem na alfabetização

Município e Estado prometem ações para melhorar rendimento em sala de aula

Rodrigo Piomonte
06/01/2023 às 08:58.
Atualizado em 06/01/2023 às 08:58
Alunos do Ensino Fundamental na escola municipal Cecília Meireles: autoridades educacionais pretendem lançar programa para reduzir as distorções no ensino e melhorar o rendimento dos estudantes em sala de aula (Gustavo Tilio)

Alunos do Ensino Fundamental na escola municipal Cecília Meireles: autoridades educacionais pretendem lançar programa para reduzir as distorções no ensino e melhorar o rendimento dos estudantes em sala de aula (Gustavo Tilio)

O percentual de alunos matriculados na escola com alguma defasagem no processo de alfabetização, revelado pela mais recente pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), acendeu o sinal de alerta nas autoridades educacionais de Campinas e do Estado. Eles decidiram centrar esforços em reverter o problema neste ano letivo. O objetivo é o de reduzir as distorções e melhorar o rendimento escolar dos estudantes. Em Campinas, de acordo com o Inep, a chamada Taxa de Distorção Idade/Série é de 6% no Ensino Fundamental, chegando a 10% nos anos finais. No Ensino Médio, a rede estadual apresenta uma defasagem que chega a 14%.

Embora os números sejam considerados baixos em relação aos de outros municípios, as secretarias de Educação do município e do Estado pretendem melhorar esses índices. Para isso, Campinas aposta no programa "Superação". Apesar de ter sido criado para minimizar o estrago causado pela pandemia no rendimento dos estudantes, o projeto deve contribuir para reduzir as distorções ao prever um reordenamento curricular, contratação de profissionais e investimento em tecnologia. Segundo a Prefeitura, o alerta sobre a defasagem no conhecimento dos alunos foi acionado na rede municipal no primeiro semestre do ano passado. 

A Prefeitura identificou, por meio de uma pesquisa com 4.551 estudantes de 4º e 5º anos do Ensino Fundamental, que 15% deles não estavam com a alfabetização consolidada. A taxa de alfabetização não consolidada, que chegava a 7%, foi ampliada em oito pontos percentuais a partir do período de enfrentamento da covid-19 nas escolas municipais. A pesquisa apontou ainda que 40% dos estudantes de 6º e 7º anos sofriam atraso na disciplina de matemática. Foram ouvidos 4.111 estudantes desses períodos. Os dados fazem parte de um trabalho realizado pela Secretaria Municipal de Educação e contou com a aplicação de uma avaliação de aprendizagem em 19 mil alunos no total.

Para mitigar a defasagem no aprendizado, a Administração aposta este ano em um programa de reordenamento curricular que inclui a contratação de profissionais e investimento em tecnologia. A iniciativa é destinada aos alunos da Educação Infantil (pré-escola), Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA). 

A rede municipal de ensino tem 55, 6 mil alunos matriculados na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), que serão contemplados pelo programa. Os resultados da avaliação mostraram que o impacto negativo não se deu de maneira uniforme, significando que há diferenças na aprendizagem entre os alunos e também entre as escolas.

Na rede estadual

Nas escolas estaduais, o novo governo assume com o discurso de transformar São Paulo em uma potência educacional. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que a alfabetização está diretamente ligada às metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e ao Plano Estadual de Educação (PEE). Sendo que a meta é que o estudante deve estar alfabetizado e com competência do discurso oral e escrito até o 2º ano.

A Seduc-SP informa que assim que for iniciado o ano letivo seguirá oferecendo aos estudantes da rede programas de recuperação e reforço, semana de estudos intensiva, além de outras estratégias para reduzir a distorção das taxas e melhorar o rendimento dos estudantes. Em 2022 foram mais de 40 mil crianças entre 6 e 7 anos matriculadas na rede estadual de ensino em Campinas.

Para ajudar a melhorar as distorções de idade e a defasagem dos estudantes tanto a rede municipal quanto a estadual esperam poder contar com o auxílio do governo federal, apoiados no discurso do novo ministro da Educação, Camilo Santana, que durante a posse declarou que a alfabetização na idade certa é "prioridade absoluta" para o país. 

O ministro citou, inclusive, a última avaliação feita pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb 2021) que apontou que apenas uma em cada três crianças é alfabetizada na idade certa no país. "Essa é uma situação que provoca graves repercussões na vida dessas crianças", disse.

A prova do Saeb avalia conhecimentos de matemática, língua portuguesa, ciências humanas e da natureza de alunos das escolas públicas e privadas. O novo ministro responsabilizou considerou os efeitos da pandemia, mas criticou o tratamento da educação adotado pela gestão anterior.

Segundo o governo federal, a pasta da educação vai tratar como prioridade investimentos na expansão do ensino integral, o combate à evasão escolar e a introdução de novas tecnologias nas salas de aula para ajudar a rede estadual e municipal a equilibrar o conhecimento do estudante com a idade escolar.

O ministro afirmou ainda que buscará um "diálogo permanente" com as universidades e institutos federais para elaborar o novo Plano Nacional de Educação, já que o atual tem validade apenas até 2024. Até a atualização das pesquisas com dados de 2022, as atuais Taxas de Distorção Série-Idade estão disponibilizadas por município pelo INEP no link www.l1nq.com/inepnacional

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