Editorial: As manchadas bandeiras vermelhas
Bandeiras que por mais alto que se levantem, não conseguem ocultar a história da corrupção que alarmou o Brasil, trazendo estagnação econômica
O Brasil de Jair Bolsonaro resulta em um país dividido em ideologias, posturas políticas e contemplações humanas de múltiplos matizes. Há muito de espontaneidade e de insatisfação em parcelas da sociedade, porém, há oportunismos e intentos de resgate de práticas de um passado recente, nada abonador.
De um lado, a parcela da população que ainda enxerga em seu governo alguma esperança de mudanças econômicas e sociais.
De outro, os que vêm uma franca ruptura na forma tradicional de governança, em especial no tocante à gestão das políticas vinculadas ao combate da pandemia do Coronavírus. Os que confluíram para confrontos por conta da expansão dos casos em Manaus, com mais de três mil enterros.
Há uma pandemia que parece avançar e minar qualquer busca de normalização da vida humana e das relações institucionais. Contudo, e a despeito do momento, o final de semana descambou para manifestações de rua, carreando insatisfações e certo oportunismo de facções interessadas em vícios do passado.
A era das grandes manifestações, que ora ressurge, aparenta uma configuração histórica, mas é preocupante. Pode ter constituído demonstrativo de inquietação. Mas há que se admitir que há nelas mais que a evocação pelo impeachment. Ergueram-se, ainda que de maneira tênue e acanhada, bandeiras vermelhas manchadas.
Bandeiras que por mais alto que se levantem, não conseguem ocultar a história da corrupção que alarmou o Brasil, trazendo estagnação econômica. São bandeiras vermelhas atoladas no lodaçal da corrupção inédita e avassaladora.
Não se pode ignorar os episódios que abalaram as estruturas da nação, e que desaguaram em envolvimentos de políticos destacados em escândalos como o do "Mensalão" e dos desvios de recursos financeiros vultosos e comprovados na Petrobrás.
São procedimentos ilegais e irregulares, julgados pelas instâncias da Justiça, e que geraram ações, processos, julgamentos e decisões drásticas, com prisões de figuras proeminentes.
Resta dizer que, nestes dias em que o Brasil chora e lamenta a perda de milhares de vidas para a Covid 19, novas bandeiras, de ideais mais pluralistas e abrangentes são bem-vindas. Bandeiras de coloração isenta e transparente, na busca da construção de uma Nação integrada no espírito da reconstrução para todos.
