EDITORIAL

Editorial: 'A letalidade de um vírus antieconômico'

A adesão da sociedade às medidas preventivas para conter a pandemia é crucial

Correio Popular
01/02/2021 às 10:33.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:55

A expansão da variante das novas cepas do Sars-CoV-2, muito mais agressivas, motivou governantes europeus a adotar medidas drásticas para proteger a população. O Brasil ainda aguarda a disseminação dessa tempestade pandêmica, sem ter referências claras sobre quais estratégias devem ser adotadas para frear a volúpia virótica.

Enquanto os governantes batem cabeça, segmentos da população economicamente ativa se opõem às medidas de restrições às aglomerações. O argumento sobre a validade exclusiva da sobrevivência econômica exclui a preocupação com os ensinamentos médicos e científicos em torno de planos de contenção do coronavírus.

As vacinas começaram a ser aplicadas tardiamente por aqui. Para ter uma ideia sobre a indolência governamental, somente na segunda semana de dezembro passado é que o Ministério da Saúde apresentou um plano nacional de vacinação, em obediência à decisão do Supremo Tribunal Federal.

Tal plano, tomado por inúmeras dúvidas, não apontava a estratégia de vacinação universal no País. Ou seja, não se sabe ainda se haverá vacinas para todos, em curto prazo. Enquanto os países europeus intensificam a imunização com insumos produzidos por vários laboratórios, a mesquinha politicagem entre os possíveis candidatos para 2022 degrada qualquer plano de combate à pandemia.

Em Campinas, o conflito exposto durante a semana entre donos locais de bares e restaurantes e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da RMC, que em tese os representa, indica o quanto é necessária a intervenção dos governantes para mediar tais demandas. Mais afetados pela redução da atividade econômica, os pequenos e médios proprietários de bares e restaurantes se opõem às medidas restritivas, à Fase Vermelha, decretada acertadamente pelo governo do Estado. A Abrasel RMC, contudo, apoia o plano de contenção da covid-19.

Nesse sábado, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), anunciou o lockdown numa das principais cidades do Estado, Santarém. A nova cepa do coronavírus chegou por lá, depois de tomar Manaus.

A adesão da sociedade às medidas preventivas para conter a pandemia é crucial. Mas, para tanto, as lideranças e autoridades governamentais precisam se empenhar em convencer e reduzir a ostensividade daqueles que, até desesperados com a sobrevivência, ainda não entenderam a gravidade e a letalidade do coronavírus.

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