O Correio Popular defende que os poderes deixem as diferenças de lado e atuem de forma conjunta e coordenada. Eis o caminho para sairmos da crise
Na manhã de ontem (8), a Câmara Municipal de Campinas divulgou a informação de que teria conseguido, por conta própria, viabilizar 40 leitos destinados ao tratamento de covid-19 para a cidade. O presidente Zé Carlos (PSB) chegou a dizer, inclusive, que o Legislativo teria decidido “assumir o protagonismo na luta em prol da população campineira.”
O anúncio da Câmara coincidiu com o da Prefeitura, que se gabou da expansão dos leitos de enfermaria e de UTI — a maioria deles requisitada por via judicial junto ao Hospital Metropolitano (a previsão é que estes leitos estejam disponíveis a partir de amanhã).
A princípio não há problema algum na reivindicação de protagonismos por parte dos distintos poderes na luta contra a pandemia. Desde que a sociedade seja beneficiada, não importa de onde venham as boas notícias.
No entanto, o fato de esta conduta não ser ilegal, não significa que seja ética. No atual estágio da crise pandêmica, em que o sistema de saúde está em pré-colapso e as mortes se sucedem sem trégua, fazer proselitismo político é algo que deveria envergonhar todo agente público. Vide os embates sem fim entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo João Doria, que buscam controlar a narrativa do combate à pandemia desde que o novo coronavírus chegou ao Brasil.
Em que pese a validade do movimento feito pelos vereadores campineiros e pela administração municipal, capitalizar politicamente uma decisão que deveria ser técnica não nos parece uma opção razoável, sobretudo quando nos deparamos com cenários de guerra nos hospitais de Campinas.
O Correio Popular defende que os poderes deixem as diferenças de lado e atuem de forma coordenada e conjunta. Sabemos que ofícios e requerimentos saídos de gabinetes não foram responsáveis, sozinhos, pelos leitos que, esperamos, estarão aptos aos pacientes de covid-19 em breve. E isso não tira o mérito dos vereadores e secretários envolvidos nas conversas junto ao governo estadual. A expectativa é de que, até o fim de março, vinte leitos sejam inaugurados no Hospital Metropolitano e outros vinte no Ambulatório Médico de Especialidades (AME).
O Correio Popular reconhece o esforço da Prefeitura e da Câmara Municipal no caso específico dos leitos, mas clama para que os poderes busquem equalizar seus discursos e ações. Eis o caminho mais curto para sairmos da crise.