Octaviano Machado Neto prevê que obras sejam concluídas em dois anos
Duplicação da Rodovia Miguel Melhado é uma reivindicação antiga dos moradores da região, que disputam espaço com veículos para atravessar a via, e também dos motoristas, que enfrentam congestionamentos constantes (Gustavo Tilio)
A 11 dias do primeiro turno das eleições em 2 de outubro, o governo estadual anunciou na quarta-feira (21) o início da duplicação da Rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324), reivindicação feita pela população da região há mais de 40 anos. O secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto, divulgou que as obras começarão dentro de 15 dias, duplicando 3,8 quilômetros entre o Anel Viário José Roberto Magalhães Teixeira e a Rodovia Santos Dumont, com investimentos de R$ 100 milhões. A previsão é de conclusão em dois anos.
Esse trecho tem tráfego intenso, com média de 17 mil veículos ao dia, e é considerado perigoso, com grande ocorrência de acidentes de trânsito, que deixaram cinco vítimas fatais no ano passado. Em 2020, foram três.
De acordo com Machado Neto, o início da duplicação depende apenas da liberação das licenças ambientais pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que teria se comprometido a fazer a emissão até a próxima segunda-feira. “Se a promessa for cumprida, o início das obras dependerá apenas da assinatura da ordem de serviço, que ocorrerá rapidamente”, disse o secretário.
Segundo ele, o contrato para execução da obra já foi assinado, mas não divulgou o nome da construtora vencedora. O governo estadual lançou o edital de licitação para duplicação e modernização da Miguel Melhado em agosto do ano passado, com o projeto prevendo pistas suspensas para evitar o isolamento de bairros localizados às margens do trecho urbano em Campinas, como o Campo Belo e São Domingos. Para veículos e pedestres, a ligação será feita por passagens em nível.
Com a duplicação, a SP-324 passará a ser uma importante via até o Aeroporto Internacional de Viracopos, o maior em volume de cargas e o segundo em passageiros do País. A estrada permitirá acesso rápido ao interior e à capital ao fazer a ligação com rodovias como Anhanguera, Bandeirantes e Dom Pedro I, que, por sua vez, permite acesso à Via Dutra.
Vítimas
“Vamos torcer para que a duplicação saia finalmente, não fique apenas no papel”, afirma o pastor evangélico Carlos Roberto Ferreira da Costa, que no prazo de um ano perdeu o genro, Tiago Aparecido de Oliveira, e a filha, Grace Kelli Costa de Oliveira, em acidentes na Miguel Melhado. No dia 8 deste mês, o acidente dela completou um ano, enquanto ele faleceu em 2020. O casal deixou dois filhos órfãos, Christian, de 12 anos, e Karoline, de 5, que hoje são criados pelos avós.
Costa cita outros acidentes fatais na rodovia. “Quinze dias após a morte de minha filha, outra mulher morreu aqui. Ela era muito conhecida no bairro. Poucos dias depois, um homem também morreu. A duplicação é importante para salvar vidas”, afirma o pastor. “Já perdi vários amigos em acidentes de moto e de carro nesse local. Ninguém respeita”, afirma a copeira Maria Rita Silva de Santana, moradora no Campo Belo.
As reclamações dos usuários da rodovia são comuns. Veículos cortam a frente de outros para entrar nos acessos da SP-324 ao longo dos bairros. Pedestres atravessam continuamente a via, cruzando as pistas simples e disputando o espaço com carros, caminhões, ônibus e motocicletas. Até pessoas com carrinhos de bebê se arriscam nessa travessia.
“Aqui tem muita batida. Os acidentes são comuns”, diz o borracheiro Cauã Vieira, que trabalha às margens da rodovia. No trecho de 3,8 km a ser duplicado, a rodovia tem 11 lombadas em uma tentativa de forçar a redução da velocidade de veículos e tentar melhorar a segurança.
Os usuários também reclamam do risco de assaltos, sequestros e dos congestionamentos no local. O acidente grave mais recente na Miguel Melhado foi em julho passado, quando três pessoas ficaram gravemente feridas na colisão frontal de dois veículos. A batida ocorreu em trecho onde a ultrapassagem é proibida e a velocidade máxima permitida é de 80 km/h.
Um balanço divulgado pela Polícia Rodoviária mostrou que foram emitidas 7.380 multas por infrações de trânsito nessa rodovia entre janeiro e setembro de 2021. O número foi 1,73 vez maior do que as 4.271 autuações registradas em todo o ano de 2020. A Polícia Rodoviária atribuiu o crescimento à maior fiscalização.
No mês passado, o governo estadual já havia anunciado a construção de uma rotatória de acesso no bairro Capela, em Vinhedo, a SP-324. Porém, a duplicação dos 10,8 km de extensão desse município até o Anel Viário Magalhães Teixeira não tem previsão de quando será feita. A obra dependerá de outra licitação pública a ser lançada futuramente.
Outras rodovias
O secretário estadual de Logística e Transportes esteve quarta-feira (21) em várias cidades para fazer vistorias e entregar obras em rodovias vicinais. Ele cumpriu uma maratona para percorrer quatro municípios das regiões de Campinas e Jundiaí, onde entregou cinco projetos. Entre eles, duas obras em Campinas, na Rodovia Lix da Cunha (SP-073), que liga o município a Salto, cortando Indaiatuba, e na Estrada José Bonifácio Coutinho Nogueira (SP-081), que faz a ligação com Morungaba. Ainda na região, foram entregues as obras da Vicinal Estrada da Boiada, que interliga a SP-075/330 e a SP-332, localizada em Louveira.
Em Jundiaí, foram entregues as obras na marginal do Rio Jundiaí (lado esquerdo), que dá acesso à Várzea Paulista; e a duplicação de um trecho da mesma via de Campo Limpo Paulista a Várzea Paulista.
Já em Monte Mor, Machado Neto vistoriou as obras da Estrada do Rio Acima (MOR 354), via de acesso da cidade até o Aeroporto de Viracopos. A construção está quase concluída, faltando apenas o asfaltamento de 350 metros perto do trecho de acesso à Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101), a Campinas-Monte Mor. Porém, está atrasada 13 anos. A pavimentação estava prevista inicialmente para ser feita em 2009.
Reivindicações
Durante a visita, o secretário de Transportes ouviu reivindicações de autoridades da região. Uma delas é a pavimentação de um trecho de 4 quilômetros entre Viracopos e a Estrada Friburgo, em Campinas. A outra é a extensão do Corredor Metropolitano de Transporte Intermunicipal até Monte Mor – hoje vai até Hortolândia. Machado Neto se dispôs a estudar a viabilidade da obra e ajudar no que for possível para a execução do corredor
Ele esteve ainda em Sumaré, onde fiscalizou as obras na SP-115/330 do Km 0 ao Km 3. Os serviços estão previstos para serem concluídos em março de 2023. O secretário ressaltou que as obras na região fazem parte de um pacote de projetos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que incluem 7 mil km de estradas vicinais e 4 mil km de rodovias, com investimentos de R$ 14 bilhões. “Estamos fazendo no Estado de São Paulo o que o governo federal não faz no País todo”, afirmou.
Sem citar nomes, ele criticou o candidato ao Governo do Estado pelo Republicanos, o ex-ministro Tarcísio de Freitas. “Esses dias, encontramos com nossos adversários na saída de uma emissora de rádio. Mostrei para ele um mapa e pedi para mostrarem aonde era o anel viário de São Paulo. Não sabiam”, disse Machado Neto para uma plateia formada por políticos da região. Foi uma referência às críticas de Tarcísio não ser do Estado de São Paulo. Hoje, o secretário visitará cidades próximas de Americana. A maratona de entregas e vistoria segue amanhã, retornando para São Paulo apenas à noite.