Empresas do setor se segurança patrimonial sediadas na Região Metropolitana de Campinas já usam o gadget para um fim bem diferente
O drone Phantom 4, importado da China, em ação no Condomínio Vila Rica, em Indaiatuba: câmera fixa registra as ocorrências com extrema precisão, em um ângulo de 360 graus (Matheus Pereira/Especial para a AAN)
Ao longo dos últimos anos, a utilização dos drones como ferramenta de lazer vem se tornando cada vez mais comum, principalmente porque o advento das novas tecnologias tem permitido que os novos equipamentos captem melhores ângulos para fotos e filmagens em locais de difícil acesso. Empresas do setor se segurança patrimonial sediadas na Região Metropolitana de Campinas já usam o gadget para um fim bem diferente do habitual: fazer patrulhamento preventivo nos elegantes condomínios residenciais. O especialista em análise de gestão de risco da SP Conservação Patrimonial, Jamerson Santos, empresa instalada em Indaiatuba, foi o responsável por trazer a tecnologia para o Estado. “Em 2011, eu era gestor em uma empresa de segurança e a gente prestava serviço em obra na cidade de Hortolândia. O meu agente acabou levando seis tiros e morreu no local. Depois disso, eu tomei a consciência de que se eu enviasse outro profissional para qualquer outro local sem saber o que está acontecendo, o risco pode ser irreversível. Pensando nisso, comecei a procurar por ferramentas que poderiam agregar valor nas nossas operações e foi quando eu vi no drone um grande potencial”, contou Santos. Dito e feito. Ele encontrou na tecnologia uma forma inteligente de realizar um monitoramento em tempo real, em rondas 24 horas, sem precisar expor nenhum segurança. O drone — um Phantom 4 — foi escolhido e importado da China. Sua conexão ocorre via câmera 4k ou full HD de alta resolução, por meio de um dispositivo móvel, como tablet ou smartphone, que fica acoplado no controle remoto. As gravações e fotos são feitas por meio de uma câmera fixa que registra as ocorrências em um ângulo de 360 graus. Segundo o especialista, a tecnologia se mostrou um equipamento perfeito para a realização de patrulhas. Ele afirma que o Brasil possui hoje um sério problema no que diz respeito à segurança privada. “O que eu vejo é que a maioria das empresas do ramo quer lucrar de uma maneira fácil, sem fazer questão de investir. Ou seja, a qualidade do serviço acaba deixando muito a desejar. A nossa faz o contrário. Nós prezamos pela qualidade e não pelo custo. Para se ter uma ideia, quando eu optei por adquirir o drone eu precisei desembolsar mais de R$ 8 mil”, explicou. Ao todo, ele pesa cerca de 3,5kg e pode ser segurado com apenas uma das mãos. O equipamento possui três modos de voo: inicial, mediano e esporte, sendo que os dois últimos podem chegar a até 72km/h — ele ainda para por inércia, ou seja, não interrompe o movimento lentamente, o que é bom para fazer vídeos. No entanto, a vantagem do modo inicial é reconhecer pessoas e objetos por perto, permitindo parar o movimento de forma mais brusca e rápida. Teste A reportagem fez o teste junto com o especialista e constatou que a máquina consegue detectar a presença de objetos por perto, por meio de uma câmera de vídeo que “enxerga” as pessoas ao seu redor. Ao todo, a bateria oferece autonomia de 30 minutos de voo. Num primeiro momento, pode parecer pouco, mas vale lembrar que o drone é recomendado para uso profissional. Além disso, é possível comprar baterias extras. “Durante as operações noturnas, nós acoplamos uma lanterna de LED no drone para iluminar e facilitar a patrulha”, ressalta o especialista. O quadricóptero alcança até 500 metros e é capaz de sobrevoar por uma distância de até 5km do dono. Se acontecer algum problema com a transmissão da imagem, tudo fica gravado no cartão de memória acoplado na câmera — em caso de perda de sinal, quem estiver pilotando o equipamento pode apertar um botão que o drone volta sozinho (no modo automático) até o ponto de partida. Até o momento, a SP Conservação Patrimonial presta serviço para dois condomínios em Indaiatuba, mas a ideia da companhia é atingir o máximo de território possível. Segundo Jamerson, os interessados em adquirir mais informações sobre o serviço podem entrar em contato pelo telefone: (19) 3329-4911 ou pelo site http://www.spconservacaopatrimonial.com.br/contato/. Ex-secretário municipal diz que aparelho veio para ficar A utilização dos drones também é vista com bons olhos por outros especialistas da área. O ex-secretário de Segurança Pública de Campinas, Ruyrillo Pedro de Magalhães, por exemplo, defendeu a utilização dos equipamentos não só para operações em condomínios fechados. “Isso nada mais é do a tecnologia colaborando com a segurança e com o desvendamento de eventuais crimes. Um equipamento como esse consegue filmar e registrar as ocorrências, de modo a facilitar a identificação de suspeitos e criminosos que estejam, por exemplo, assaltando uma determinada residência ou praticando algum ato suspeito”, comentou o especialista. O ex-secretario da Prefeitura acredita que em breve os drones serão utilizados com mais frequência não só para bens de lazer, mas também no auxílio das autoridades competentes. “Isso requer muitos estudos ainda na minha avaliação. Porem, é evidente que esses aparelhos vieram para ficar e para facilitar o trabalho da segurança pública”, avaliou o especialista. Apesar de elogiar a tecnologia, Magalhães ressalta ainda a importância do equipamento estar sempre de acordo com o parecer da Secretária de Segurança Pública ou de outros órgãos responsáveis. “É importante que esses drones estejam sempre todos regulamentados por um macrossistema de segurança pública, que envolve a Polícia Militar, a Guarda Municipal, a vigilância privada, entre outros”, avaliou o especialista. Os drones têm sido utilizados comercialmente desde 2014 e estima-se que irão gerar mais de 100 mil novas vagas de emprego nos próximos 10 anos nos Estados Unidos. No entanto, somente em 2 de maio de 2017 a diretoria colegiada da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou legislação específica para utilização de aeronaves não tripuladas por meio da norma Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial. SAIBA MAIS Atualmente, o preço de um Phantom 4 no Brasil é alto se comparado ao valor praticado nos Estados Unidos, por exemplo. No mercado nacional, o drone é vendido por quase R$ 9 mil, enquanto nos EUA é possível encontrar o mesmo modelo por menos de US$ 1 mil (cerca de R$ 3,7 mil na conversão).