BALANÇO

Dragão morde vendas do comércio campineiro

Alta da inflação se reflete nas lojas de Campinas, que têm redução de 2,59% nos negócios em abril

Adriana Leite
10/05/2013 às 08:25.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:52

Os efeitos da inflação em alta chegaram aos caixas dos lojistas de Campinas. O mês passado registrou queda de 2,59% no volume de operações no varejo frente a abril de 2012. Foi a primeira vez em quase três anos que o resultado das vendas em um mês foi pior do que os números do mesmo mês do ano anterior.

As vendas a prazo, porém, continuam crescendo e representaram no primeiro quadrimestre 57,23% das consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). O faturamento nominal (sem o desconto da inflação) também cresceu 2,36% e atingiu R$ 835,8 milhões em abril.

Embora a inflação tenha freado a evolução das vendas no comércio de Campinas se comparado com o ano anterior, o mês passado esboçou uma reação em relação a março deste ano. Balanço da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) mostrou que houve uma elevação de 5%.

No acumulado do ano (de janeiro a abril), as vendas somaram R$ 3,05 bilhões. O volume ficou 5,91% acima de 2012. Nos últimos 12 meses, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou acima dessa alta e bateu em 6,49%.

O coordenador do Departamento de Economia da Acic, Laerte Martins, afirmou que a inflação desestimulou o consumidor e reduziu o movimento no comércio de Campinas e região.

“A inflação freou o consumo e houve uma retração das vendas em abril em relação ao mesmo mês do ano passado”, comentou. Ele frisou que a situação preocupa o setor e que os índices ainda devem permanecer próximo do teto da meta inflacionária que é 6,5%.

“O acumulado dos últimos 12 meses é de 6,49%”, disse. Ele salientou que foi a primeira vez em quase três anos que houve uma queda de um ano contra o outro. Para o especialista, um indicador de que o consumidor está com pouco dinheiro no bolso é o crescimento das vendas a prazo.

“As consultas de compras no crediário subiram 3,06% no quadrimestre. Enquanto as vendas à vista caíram 2,13%”, afirmou. Martins comentou que as vendas a prazo também podem repercutir sobre o índice de inadimplência. “O consumidor continua se endividando”, pontuou.

Calote

Além de amargar um movimento menor nos caixas, os lojistas ainda sofreram com a inadimplência elevada. Houve um recuo frente a março, mas a quantidade de carnês em atraso há mais de 30 dias é superior ao ano de 2012. O calote chega a R$ 50,3 milhões.

O estudo mensal da Acic apontou que há 52.924 carnês sem pagamento no estoque do SCPC neste ano em Campinas. “Entre janeiro e abril do ano passado, a quantidade era de 38.989 documentos. O aumento foi de 35,74%”, detalhou o economista.

Martins apontou que a relação entre carnês em atraso e as vendas a prazo está muito elevada no comércio da cidade. Segundo ele, há dois anos era quase três documentos a cada 100 vendas.

“A relação subiu para quase oito carnês a cada 100 vendas”, comparou. O coordenador afirmou que a situação também é preocupante na Região Metropolitana de Campinas (RMC). “Na região, há 124.527 carnês em atraso há mais de 30 dias. Deixaram de circular no comércio regional um total de R$ 112,5 milhões nos primeiros quatro meses deste ano”.

O economista afirmou que a tendência é de queda da inadimplência nos próximos meses, mas o ritmo não deve seguir o compasso de anos anteriores.“Os consumidores procuram limpar o nome para voltar a comprar. Entretanto, como aumento das vendas a prazo, é provável que mais carnês sejam incluídos no SCPC por falta de pagamento há mais de 30 dias”, comentou Martins.

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