O sociólogo aposentado Odimir Pedro Widner: apurado senso de cidadania para identificar problemas do município, nunca solicionados (Érica Dezonne/AAN)
Um dossiê contendo 28 reclamações e pedidos de reparos em várias ruas e avenidas da cidade feito por um leitor do Correio, o sociólogo aposentado Odimir Pedro Widner, expõe a fragilidade do serviço 156 da Prefeitura de Campinas. Canal de comunicação entre o governo e o cidadão, o serviço faz o encaminhamento das queixas feitas pelos moradores da cidade e oferece respostas aos cidadãos. Mas, segundo o sociólogo aposentado, não é isso que vem ocorrendo. Widner conta que não recebe resposta sobre as 28 solicitações que fez ao 156 desde 2011. “Eu não obtive nenhuma resposta, fui pessoalmente, escrevi uma carta à diretora e ela não respondeu. E eu não devo ser o único”, diz o aposentado.Diante do que classifica como descaso da Prefeitura com o cidadão, o aposentado escreveu diretamente ao prefeito Jonas Donizette (PSB), em 1 de abril, relatando a ausência de respostas em suas solicitações. Na carta, Widner reclama ainda da falta de medicamentos na rede pública. “Não obtive resposta do gabinete e o medicamento continua em falta”, afirmou.Insatisfeito com a qualidade do serviço prestado pelo 156, Widner fez um documento endereçado à diretora de Gestão de Informação ao Cidadão, Lúcia Beatriz Affonseca de Affonseca. Nele, o cidadão pede uma cópia dos protocolos abertos e reclama do atendimento feito por uma das funcionárias. O documento é datado de 25 de abril de 2013. “Até o início de julho eu não obtive qualquer tipo de resposta”, reclama. O aposentado é uma daquelas pessoas que tem um senso apurado de cidadania. Quando vê algo de errada nas ruas do bairro onde mora, ou por onde passa, não perde tempo. Ele fotografa a irregularidade, anota detalhes e aciona o 156 para abrir um protocolo.A maior parte das reclamações se refere à má conservação de ruas, terrenos e praças e foi feita ainda esse ano, mas há protocolos que datam de 2011 e 2012. A pasta mais solicitada pelos moradores é a de Serviços Públicos, com pedidos que variam entre limpeza de córregos, de terrenos e áreas públicas até podas de árvores.A diretora de Gestão de Informação ao Cidadão, Lúcia Beatriz Affonseca de Affonseca, reconhece que Widner tem um papel importante para a Administração. Mas diz que os atendimentos são feitos de acordo com a prioridade. Segundo ela, o setor de Serviços Públicos é o mais solicitado por meio das ligações. Nos seis primeiros meses do ano foram feitas 15.429 pedidos ao setor, o que corresponde a 48,1% de todas as solicitações.O outro ladoA Prefeitura de Campinas diz que recebeu 17 solicitações do aposentado Odimir Pedro Widner desde o ano passado e informa que já respondeu em três casos. De acordo com a administração, não há uma resposta padrão e o cidadão é comunicado somente quando há uma previsão de solução para cada caso. “A resposta vai com a assinatura de um funcionário e é enviada por meio dos Correios”, afirma a diretora de Gestão de Informação ao Cidadão, Lúcia Beatriz Affonseca de Affonseca.Os pedidos são encaminhados às secretarias para que elas se programem para executar o serviço. São adotados critérios por gravidade. “Coisas que têm menos risco, entram no esquema de grandes mutirões”, explica. Segundo a diretora, o aposentado costuma apresentar pedidos repetidos. “Ele pediu quatro vezes para tirar árvores. E na primeira vez ele obteve resposta pelo correio dizendo que a solicitação entraria no cronograma”, afirma Beatriz. Ela afirma que o setor de Serviços Públicos tem a maior demanda e reconhece a dificuldade em responder às solicitações. “Quando a nova administração começou, fomos conversar com o secretário (Ernesto Paulella) e ele disse que encontrou equipamentos e maquinários sucateados. Disse que não tem equipamentos e não tem gente. Ele pediu um tempo para reestruturar tudo e enquanto isso vai trabalhar em esquema de mutirão”, diz. Ainda segundo Beatriz, a demanda de pedidos demonstra que o serviço está fazendo o encaminhamento e buscando soluções. “O prefeito acompanha tudo isso, mas estamos trabalhando em cima de coisas mais urgentes, é muita coisa para colocar em ordem. Não há descaso, há um excesso de pedidos”, completa. O sociólogo afirma que a região em que mora está sendo vítima do abandono há anos. “Não estão fazendo nada naquela região. Mas tem coisa errada em várias regiões da cidade. Eu fotografei postes com decoração de Carnaval desde 2010, a cidade está abandonada”, diz. Widner diz que é papel do cidadão cobrar melhorias na cidade. “Todo mundo tem que exigir mudanças e melhorias. A gente tem que cobrar da administração, eles só arrecadam e não dão retorno nenhum”, argumenta.