Cotação da moeda norte-americana dispara e desanima turistas, mas setor busca alternativas para tentar compensar a variação do câmbio
Ficou difícil: muita gente está tendo que rever os planos para tentar comprar o mínimo de dólares possível ( Janaína Ribeiro/ Especial a AAN )
Mais uma vez neste ano, o dólar assusta quem sonha com uma viagem internacional. Com o custo da moeda norte-americana mais elevado, a tendência é que os turistas fujam de destinos em outros países.O recuo no primeiro semestre nas viagens internacionais variou de 10% a 20%, dependendo do local. Mas para não perder passageiros companhias aéreas e hotéis oferecem desconto de mais de 50% nas tarifas para atender a demanda dos brasileiros. Agentes de viagens e especialistas afirmam que o turista que se planejar vai conseguir ótimas oportunidades de negócios até para a alta temporada, como Natal e Réveillon. A procura para o final de ano já está aquecida nas agências de turismo de Campinas, mesmo com dólar em alta. Profissionais da área de turismo informam que muitos viajantes estão migrando dos Estados Unidos para a Europa em decorrência da quase paridade das duas moedas, quando cotadas em real. Os destinos nacionais também ganharam força na preferência do consumidor. O presidente da Associação das Agências de Viagens do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp), Marcelo Mota, afirma que o vaivém do dólar é um fator que influencia no comportamento do consumidor na hora de decidir o roteiro das férias. “O câmbio elevado gera uma pisada de freio dos consumidores na compra de pacotes internacionais. Neste ano, o mercado sentiu uma queda de 10% a 20% na vendas de destinos para outros países. Porém, no geral, o mercado vem mantendo o mesmo ritmo do ano passado”, comenta. Ele diz que para continuar a atrair os consumidores toda a cadeia do turismo usa as promoções como estratégia. “O mercado tem que se adaptar ao novo momento da economia. Os descontos nos preços de passagens e hotéis valem inclusive para alta temporada. As companhias marítimas também estão oferecendo vantagens para atender a nova realidade do brasileiro”, comenta. Matera salienta que os brasileiros aprenderam a planejar as viagens. “Programar com antecedência propicia melhores preços e pacotes mais vantajosos”, diz.Negociação A consultora de turismo da VViagens, Valéria Barcelos, comenta que o dólar alto assusta, mas muitos consumidores ainda preferem aproveitar as promoções de destinos internacionais do que viajar pelo Brasil. “Uma passagem aérea para alguns destinos nos Estados Unidos que, antes custava US$ 1.100, hoje sai por US$ 370. Na sexta-feira à tarde, estávamos trabalhando com um câmbio IATA para as passagens de US$ 3,28. Na quinta-feira, o valor foi de US$ 3,18”, compara. Ela ressalta que os hotéis estão fazendo cotações de acomodações por preços em reais parcelados em até 12 vezes sem juros. “O objetivo é continuar atraindo os turistas brasileiros”, diz. aléria afirma que houve uma retração das viagens internacionais e um maior interesse nos destinos nacionais. “Os consumidores estão consultando mais destinos e analisando bem as propostas”, aponta. Comparação A gerente de Vendas da Adriana Turismo, Renata Barros Pimentel, afirma que a comparação entre destinos nacionais e internacionais mostra que, em muitos casos, ainda é mais vantajoso o Exterior do que no Brasil. “O custo Brasil é muito elevado e prejudica o turismo dentro do País. Com a alta do dólar, companhias aéreas, hoteis, companhias marítimas e outros agentes da cadeia de turismo passaram a oferecer fortes promoções. A estratégia tem permitido a manutenção do fluxo de turistas para o Exterior”, diz. Viagem O gerente Silas Brito Fernandes afirma que fechou recentemente um pacote de cinco dias para Buenos Aires. “Eu e minha esposa tínhamos como opção era ir para Manaus. O custo por pessoa seria de R$ 2.950,00. Decidimos fazer uma cotação para um destino internacional - e vamos pagar de R$ 3.450,00 para os dois. Valeu muito mais a pena ir para a Argentina do que viajar para a região Norte do País”, conta. A administradora Maria Flor Santos quer passar o Ano-Novo em Nova York. “Estou fazendo as cotações agora. Tem muita promoção no mercado, mesmo sendo para a alta temporada. A minha preocupação é que também terei que levar dólar e aí preciso fazer um plano de ir comprando um pouco por mês em períodos que a moeda estiver com cotação mais baixa. Não pretendo desistir da minha viagem porque o dólar teve um aumento”, afirma. Valorização Neste mês, o dólar teve uma valorização de 7%. O diretor de Operações de Câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, afirma que o dólar turismo fechou a cotação na sexta-feira entre R$ 3,50 e R$ 3,55 (incluindo o Imposto sobre Operações Financeiras). “O valor foi para a moeda em espécie. Quem optava pelo cartão de débito estava pagando entre R$ 3,70 e R$ 3,75. No dinheiro de plástico, há um incremento de 6,38% referente ao custo das operações financeiras”, diz. Ele comenta que a forte subida do dólar na última semana foi resultado da instabilidade da economia brasileira e tem um componente especulatório. Repercutiu mal “O fato de o governo ter anunciado uma redução tão drástica da meta fiscal repercutiu mal e abalou a confiança dos investidores. Uma das consequências foi a desvalorização do real em relação ao dólar. Não é só a moeda norte-americana que está subindo. O real está perdendo valor em relação a várias outras moedas, como o euro e até o peso argentino”, aponta. Ele acredita que o cenário não será alterado nas próximas semanas. “Quem tem viagem internacional marcada para os próximos 30 dias deve comprar dólar agora, porque a tendência é que a cotação continue subindo nas próximas semanas. E há ainda um outro problema: as notas das agências que analisam os fatores de risco para investimentos no Brasil. Se elas reduzirem as notas brasileiras, o dólar pode disparar e atingir os R$ 4,00”, diz.