Eles foram presos em 2013 acusados de receber quantias mensais dos traficantes para não realizarem prisões
Dois policiais civis de Campinas que foram presos durante operação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e da Corregedoria da Polícia Civil em julho de 2013, acusados de participar de esquema de mensalão pago por traficantes do Jardim São Fernando, saíram nesta quarta-feira (8) do Presídio Especial da Polícia Civil de São Paulo. Mark de Castro Pestana e Renato Peixeiro Pinto, conhecido como Peixe, eram investigadores do 10º Distrito Policial e de acordo com o promotor Ricardo Schade, recebiam quantias mensais dos traficantes para não realizarem prisões nem apreensões de drogas e armas. O advogado dos policiais, Ralph Tórtima Stettinger Filho, disse que o habeas corpus foi concedido por decisão unânime por conta do excesso de prazo na tramitação do processo e também porque os dois respondem por "crimes menos graves, num contexto probatório bastante frágil". "É provável que com essa decisão outros réus peçam a extensão dos efeitos desse habeas corpus, objetivando também a liberdade", declarou. O caso Peixe e Pestana foram presos em 15 de julho de 2013, quando o Gaeco e a Corregedoria também prenderam cinco integrantes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) de São Paulo e fez megaoperação no São Fernando, que não resultou em prisões. Outros dois policiais do Denarc, de seis que não foram localizados, se entregaram dois dias depois. No dia 30 do mesmo mês, outros três policiais do Denarc se entregaram. Segundo o promotor Ricardo Schade, os policiais do Denarc costumavam cobrar quantias anuais dos traficantes recorrendo ao sequestro de familiares dos traficantes. "Eles apareciam um ou duas vezes por ano e faziam essa extorsão. Era algo muito forte. Em dois anos, eles chegaram a levar mais de R$ 1 milhão dos traficantes", disse na época. A descoberta O esquema foi descoberto depois de uma megaoperação do Gaeco e da Polícia Militar nove meses antes, quando foram presos 27 criminosos e desmantelada a liderança regional de uma facção criminosa. Os promotores passaram a investigar diversos núcleos do tráfico em Campinas e em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça identificaram policiais do Denarc ligados a Andinho, principal liderança do tráfico local. A prisão dos policiais de Campinas era temporária por cinco dias e foi prorrogada por mais cinco dias. Eles foram liberados, mas em 10 de setembro do mesmo ano o juiz da 6ª Vara Criminal de Campinas, José Guilherme Di Rienzo Marrey, aceitou denúncia contra eles, que voltaram para a cadeia. Quatro audiências aconteceram em junho e julho do ano passado, mas como o caso segue em segredo de Justiça o juiz não se manifestou nem revelou quais policiais continuavam presos.