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Dois peritos médicos são presos na região pela PF

Dois médicos que atuavam como peritos da Justiça do Trabalho na região de Campinas foram presos anteontem, em operação da Polícia Federal

Alenita Ramirez
28/02/2019 às 07:57.
Atualizado em 05/04/2022 às 01:20

Dois médicos que atuavam como peritos da Justiça do Trabalho na região de Campinas foram presos anteontem, em operação da Polícia Federal. Claudio Sangalli foi preso em São Roque e Tania Mara Ruiz Barbosa, em Sorocaba. Os dois tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça Federal a pedido do Ministério Público. Em maio de 2016, foi deflagrada a operação Hipócritas, e a polícia constatou que Sangalli e Tania, na época, procuravam, assediavam e induziam outros investigados a combinarem versões falsas sobre propinas que recebiam na condição de peritos judiciais. Claudio Sangalli e Tania Mara Ruiz Barbosa foram denunciados pelo MPF e respondem, na Justiça Federal de Campinas, pelo crime de corrupção passiva em razão do recebimento de vantagens indevidas em mais de uma dezena de processos trabalhistas, cada um. Em caso de condenação, a soma das penas poderá superar 100 anos de reclusão. Segundo o MPF, o esquema de corrupção de médicos peritos judiciais funcionava pelo menos desde 2007 e foi detectado tanto em processos que tramitam nas varas do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, como no da 2ª Região, em São Paulo, e que tem atribuição territorial sobre todo o Estado de SP. A investigação da Operação Hipócritas constatou que houve uma espécie de aliciamento de peritos médicos judiciais por médicos assistentes técnicos, a serviço de grandes empresas, que resultaram em perdas para trabalhadores, afastados de suas funções por conta de doenças ou acidentes, e à Justiça, que arca com as custas periciais da maioria dos trabalhadores que perdem as ações na Justiça do Trabalho, em virtude dos laudos fraudados. Colaboração premiada De acordo com o MPF, a ação é resultante de elementos apresentados por um investigado que fez acordo de delação premiada. Até o momento, segundo o órgão federal, outros quatro acordos de delação foram firmados e geraram avanço nas investigações. Pelas apurações, só nos últimos dez anos, houve corrupção em mais de mil perícias de processos trabalhistas. Além das penas de prisão e de multa, o MPF pediu que a Justiça suspenda cautelarmente os denunciados e os impeçam de aturar como peritos judiciais e assistentes técnicos, e os condene a pagar indenizações por danos materiais e morais. Também foi solicitado o bloqueio dos honorários devidos pelo Tribunal Regional do Trabalho aos denunciados.

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