FINANCIAMENTO

Doação para campanha mobiliza só 0,05% dos eleitores

A cidade tem 822.044 eleitores aptos a votar na eleição do próximo domingo, mas até terça-feira (27) somente 491 pessoas ajudaram a financiar a campanha dos prefeituráveis

Bruno Bacchetti
bruno.bacchetti@rac.com.br
27/09/2016 às 20:24.
Atualizado em 22/04/2022 às 22:23

As doações de pessoas físicas totalizam R$ 1,127 milhão e representam 35,3% do arrecadado pelos candidatos (Cedoc)

Na primeira eleição com proibição do financiamento empresarial de campanha, apenas 0,05% dos eleitores de Campinas fizeram doações para os candidatos a prefeito. A cidade tem 822.044 eleitores aptos a votar na eleição do próximo domingo, mas até terça-feira (27) somente 491 pessoas ajudaram a financiar a campanha dos prefeituráveis. Outras 67 doações vieram dos partidos e diretórios e 12 dos próprios candidatos, totalizando 570 doações. Juntos, os nove prefeituráveis receberam R$ 3,192 milhões para investir na contratação de cabos eleitorais, confecção de material de campanha e propaganda de televisão e rádio, entre outras despesas. As doações de pessoas físicas totalizam R$ 1,127 milhão e representam 35,3% do arrecadado pelos candidatos. A maior parte dos recursos, no entanto, veio dos partidos: R$ 1,747 milhão, equivalente a 54,7% do total. Os próprios candidatos arcaram com R$ 318,0 mil das receitas de campanha, o que corresponde a 10% dos recursos arrecadados. Os dados constam no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a lista de doações pode ser consultada no link www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2016/divulgacao-de-candidaturas-e-contas-eleitorais. De acordo com a resolução 23.463 do TSE, publicada no final do ano passado, o valor para doação de pessoas físicas é limitado a 10% dos rendimentos brutos do doador que consta na declaração do Imposto de Renda no ano anterior à eleição. Pela primeira vez foi estipulado um limite de gastos, levando em consideração o número de eleitores da cidade. Em Campinas, cada prefeiturável pode gastar R$ 4,456 milhões no primeiro turno. Portanto, o teto de gastos para os nove candidatos, juntos, é de R$ 40,1 milhões. No entanto, a quatro dias da eleição o valor arrecadado por eles corresponde a 8% do limite estipulado pela Justiça. O prefeito Jonas Donizette (PSB) foi quem recebeu a maior quantidade de doações de pessoas físicas — 321 ao todo, totalizando R$ 966,2 mil. Entre os doadores, como pessoa física, estão grandes empresários e membros do primeiro escalão do governo. Entretanto, a maioria dos recursos da campanha do peessebista foi do partido, que disponibilizou R$ 1,5 milhão. O próprio prefeito contribuiu com R$ 3,8 mil para sua campanha. A seguir vem Marcio Pochmann (PT), com 96 doações de eleitores, totalizando R$ 23,5 mil. O petista não recebeu recursos do partido. Já Artur Orsi (PSD) foi financiado por 36 pessoas físicas, que doaram R$ 69 mil à sua campanha. Engrossaram o caixa do vereador R$ 180 mil em doações do partido e R$ 290 mil do próprio bolso. Para o sociólogo Arnaldo Lemos Filho, professor da PUC-Campinas, o eleitor brasileiro não está habituado a fazer doação para a campanha eleitoral, até porque o financiamento empresarial sempre foi a principal fonte de recursos dos candidatos. Por isso, as poucas doações são de pessoas envolvidas diretamente com o concorrente. “Acho que é uma coisa mais ou menos histórica, é uma cultura. O brasileiro ainda não tem esse costume de participação de política. Ele quer entregar ou para o Estado ou para empresas financiarem”, avaliou. De acordo com Lemos Filho, três fatores principais explicam o baixo índice do financiamento do eleitorado para as campanhas: a crise da economia, que impede o eleitor de ter recursos para doar; o desconhecimento da prática; e a rejeição da população com a classe política. “Há três causas principais. Primeiro a própria crise econômica, que ninguém está em condições de fazer financiamento. Outra é a ausência de uma cultura de participação política através de contribuição financeira, além do desconhecimento que isso pode entrar no desconto do imposto de renda”, afirmou. “E tem mais uma causa. Está todo mundo descrente com os políticos, o ceticismo é muito grande.”

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