Prefeito de Paulínia quer investigação da suposta 'negociata'
Advogado do prefeito Dixon Carvalho (acima), Fabio Candello, acredita que gravação caracterize crime (Cedoc/RAC)
O prefeito de Paulínia Dixon Carvalho (PP) entrou terça-feira com pedido de abertura de inquérito no Ministério Público (MP) para apurar suposta ‘negociata’ envolvendo o vice-prefeito Sandro Caprino (PRB) e membros da Comissão Processante, que analisa possível troca de favores entre o chefe do Executivo e 13 parlamentares para barrar investigações na Câmara. Prefeito e vice estão rachados desde o início do mandato e, dependendo do resultado final da comissão, pode haver troca de cadeiras no governo municipal e também no Legislativo. De acordo com o advogado Fabio Candello, que representa o prefeito Dixon Carvalho, o documento de cinco páginas entregue à Promotoria se baseou em reportagem publicada na última sexta-feira no Correio Popular, que repercutiu o vazamento de uma gravação de áudio em que o vice Sandro Caprino teria confirmado ao suplente de vereador Marcelo Domingos de Souza (PRTB) que havia “ajudado” - não se sabe se com seu dinheiro ou não – o também suplente Sargento Camargo (PDT), que integra a Comissão Processante, para não deixá-la esfriar. “O conteúdo da conversa é inequívoco e revela o interesse pessoal do vice-prefeito na continuidade da comissão processante, tratando da eventual descontinuidade como uma questão de vida ou morte, que o levou a oferecer ajuda a um dos membros da comissão responsável por conduzir as investigações contra o atual prefeito”, explanou Candello no documento protocolado ao MP e encaminhado ao presidente da Câmara, Du Cazelatto (PSDB). À reportagem e também em sua página no Facebook, Sandro Caprino negou ter oferecido qualquer tipo de vantagem indevida e afirmou que apenas pediu a amigos que ajudassem Sargento Camargo pelas dificuldades financeiras que ele tem atravessado desde que se afastou da polícia, há dois meses, para atuar nas investigações da CP. Sargento Camargo também lamentou o vazamento da gravação e considerou distorcido o teor da denúncia, ao ter confirmado receber ajuda financeira de amigos e familiares por estar sem salários há dois meses, mas sem qualquer tipo de relação com o andamento da CP. Para Candello, há indícios de crimes de corrupção ativa e passiva no caso: "É espantoso como um agente público, incumbido de uma função de suma importância, que afeta o cotidiano de milhares de pessoas e pode cassar o atual prefeito da cidade e de 13 vereadores, admite, sem constrangimento que recebe ajuda financeira de amigos para exercer uma função pública.” Procurado pela sua assessoria de imprensa, o MPse limitou a informar que, “dentro de suas atribuições, no momento oportuno, tomará as medidas que achar adequadas.” O caso A Comissão Processante em questão foi aberta dia 26 de fevereiro para investigar denúncia contra o prefeito Dixon Carvalho e 13 vereadores por suposta troca de favores. Os trabalhos são hoje presididos pelo vereador Ademilson Jeferson Paes, o Tiguila Paes (PPS), tendo como secretário o suplente Sargento Camargo e como relator o também suplente Robert Jacinto de Paiva. Conforme a denúncia, Dixon Carvalho teria sido blindado de apurações em contratos emergenciais da merenda e coleta de lixo, cada um com valor superior a R$ 13 milhões, e compensado os parlamentares por meio de manobra que resultou em 68 nomeações para cargos de confiança.