Presidente da Câmara dos Vereadores de Campinas, Zé Carlos (Divulgação/Câmara dos Vereadores de Campinas)
O escândalo de corrupção envolvendo o nome do presidente da Câmara Municipal de Campinas, o vereador José Carlos Silva (PSB), ganhou mais um capítulo. Na mira da Justiça há mais de um mês, Zé Carlos agora vê a sua situação como parlamentar ficar ainda mais complicada a partir da divulgação de áudios de conversas, que, supostamente, comprovariam pedidos de propina para a prorrogação de um contrato de prestação de serviço de uma empresa que presta serviço à Câmara.
Diante dos áudios, vereadores a favor de uma CPI contra o presidente da Casa de Leis já se mobilizam, entendendo que o crime de corrupção passiva fica comprovado a partir do teor das conversas que vieram a público.
Os áudios, que estavam no Ministério Público, mostram Zé Carlos e o advogado Rafael Creato, subsecretário de Relações Institucionais da Câmara, pedindo propina a um prestador de serviços para prorrogação de um contrato.
Na conversa, Zé Carlos atribui o número "800", possivelmente, referindo-se a um valor a ser pago pelo prestador de serviços, que teve a identidade preservada.
Em outro trecho da fita, a qual o Correio Popular teve acesso, o mesmo prestador de serviço teria confirmado que dependeria do vereador Zé Carlos uma definição sobre a continuidade ou não do contrato. Na sequência, pergunta se o parlamentar definiu como seria a contraposição da empresa para que a prestação de serviço fosse prorrogada. "Então, tá na mão do presidente, o que ele precisa decidir é isso. Se ele vai fazer uma nova licitação ou vai decidir pela prorrogação…maio, né? Então, ele queria saber qual seria a contraprestação para manter, o que a empresa pode fazer para ajudar", diz um dos trechos do áudio.
O vereador Nelson Hosrri (PSD) informou na quinta-feira (22) que vai, ainda hoje, até o Ministério Público solicitar a íntegra dos áudios que foram divulgados. Segundo ele, pelo conteúdo que se tornou público, o crime de corrupção passiva estaria configurado. Hosrri foi um dos parlamentares que defenderam a instauração de uma Comissão de Inquérito para investigar as denúncias.
O advogado do vereador Zé Carlos, Ralph Tórtima Filho, foi procurado na noite de quinta e informou que "tanto a defesa quanto o vereador José Carlos, em respeito ao sigilo judicial decretado, deixarão de se manifestar publicamente quanto aos áudios divulgados, somente o fazendo formalmente nos autos da investigação."
O advogado de Rafael Creato, Haroldo Cardella, informou que ficou surpreso com a divulgação dos áudios e que seu cliente vai comprovar sua inocência por meio de documentos assim que for chamado para prestar esclarecimento pelo MP.
