PARTIDO

Dividido, PT decide se expulsa os "aliados" de Jonas

Sigla discute punição a filiados que estão na administração do prefeito Jonas Donizette (PSB)

Milene Moreto
16/02/2013 às 12:07.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:22
O presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes: atual secretário Jaírson Canário é principal nome (Dominique Torquato/AAN)

O presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes: atual secretário Jaírson Canário é principal nome (Dominique Torquato/AAN)

O Partido dos Trabalhadores vai avaliar hoje pelo menos 24 processos de expulsão de filiados de Campinas. Na Executiva Estadual, 11 nomes que integravam o governo do então prefeito Pedro Serafim (PDT) estão na pauta da reunião da legenda para avaliação. Já no Diretório Municipal, são 13 do total de 21 processos referentes à atuação de petistas no atual governo comandado por Jonas Donizette (PSB). Os petistas foram proibidos de aceitar cargos nas duas gestões sob pena de serem desligados da sigla.

Muitos não cumpriram a determinação do diretório e respondem agora a processos instaurados dentro das comissões de ética, o que causou uma divisão dentro da legenda. Um dos exemplos em Campinas é o do atual secretário de Trabalho e Renda, Jaírson Canário, que deixou sua função de vereador para integrar a Administração à convite do peessebista.

Os dissidentes têm se movimentado nas últimas semanas na tentativa de derrubar a decisão do diretório local nas esferas superiores do PT. Mas as articulações não estão surtindo efeito. O próprio prefeito tem articulado na defesa dos petistas de sua administração e também para se aproximar dos caciques da legenda nas esferas estadual e federal.

Jonas afirma que tem recebido lideranças petistas e que foi convidado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha — que é do PT —, para integrar a comitiva da presidente Dilma Rousseff na próxima semana, durante a inauguração de uma fábrica em Hortolândia. O peessebista confirmou também que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) deverá vir a Campinas na próxima semana.

O presidente do PT em Campinas, Ari Fernandes, disse que nada mudou nas decisões do diretório e que o partido continua oposição à atual gestão. Sobre a visita dos líderes petistas, Fernandes afirmou que é preciso separar ações dos governos de atos políticos. “Se parlamentares que tiverem Campinas como representantes de área de algum setor específico, por exemplo, vierem conversar com o prefeito, não vejo problema, desde que não seja declarado apoio à gestão. A cidade também é palco de várias ações do governo federal e vai receber ministros do PT e de outros partidos. Só iríamos nos preocupar se o presidente nacional, Rui Falcão, viesse ter uma agenda política na cidade”, afirmou.

Nos bastidores, um possível encontro político entre Jonas e o presidente nacional do PT chegou a ser dado como certo. A assessoria de Falcão disse ontem que não existe nenhuma agenda futura entre o prefeito de Campinas e a liderança do diretório. A assessoria também informou que a decisão do PT local, de fazer frente ao governo do PSB, é a que vale neste momento.

A nomeação mais polêmica foi a do vereador Canário, que passou a ocupar a vaga de secretário de Trabalho e Renda dias depois de o PT ter reafirmado seu papel de oposição ao governo. O petista não só aceitou como defendeu sua permanência no Executivo dizendo que o cargo “foi uma missão de Deus”. A composição de Canário com a gestão de Jonas causou debates entre a bancada do PT na Câmara e a abertura de uma comissão de ética no diretório. Atualmente, apenas o PT e o PSOL se colocam oficialmente na oposição. As demais legendas integram a base do governo.

Veto

A decisão do PT em ser oposição a Jonas — o que inclui a bancada de quatro vereadores na Câmara no próximo mandato — foi anunciada no ano passado. Jonas venceu as eleições e tinha o candidato do PT, o economista Marcio Pochmann, como principal adversário, que levou a disputa ao segundo turno, mas saiu derrotado. Além da disputa eleitoral, a rivalidade do PT com PSDB, DEM e PPS, partidos da coligação de Jonas, diminuiu as possibilidade de aliança com o peessebista.

A presença dos tucanos foi um dos principais obstáculos. Integrantes do PT chegaram a dizer no ano passado que o responsável pelo governo seria o PSDB, portanto, não teria a possibilidade de realizar com a gestão do peessebista qualquer tipo de acordo. Porém, no primeiro mês de Jonas à frente da Prefeitura, vários nomes petistas passaram a integrar o governo.

Colaborou Maria Teresa Costa/AAN

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