CONFINAMENTO

Distanciamento: proteção necessária

Medida unânime contra a Covid-19 é interrompida, às vezes, por urgências e acaba em tragédia

Henrique Hein
09/08/2020 às 10:30.
Atualizado em 28/03/2022 às 19:17
No cenário de incertezas e rodeado por desafios, as ferramentas on-line de comunicação ao vivo se consolidam como acessórios indispensáveis no tratamento do alívio da saudade, que insiste em doer no peito já machucado  (Erbs Jr/Estadão Conteúdo)

No cenário de incertezas e rodeado por desafios, as ferramentas on-line de comunicação ao vivo se consolidam como acessórios indispensáveis no tratamento do alívio da saudade, que insiste em doer no peito já machucado (Erbs Jr/Estadão Conteúdo)

A insatisfação com o longo período de quarentena, que já dura mais de 120 dias no Estado de São Paulo, tem levado muitas pessoas a deixarem suas casas para fazer visitas a outros familiares, no que pode ser considerado por especialistas como um comportamento de risco. O vereador campineiro Cidão Santos (PSL), por exemplo, visitou a mãe que estava doente em Porecatu (PR), no final do mês passado e — enquanto esteve na cidade — começou a sentir os sintomas da Covid-19 e acabou internado por causa da doença. A mãe dele também contraiu o novo coronavírus e morreu no dia 28 de julho na Santa Casa de Lorena (SP). O filho e a mulher do vereador também se contaminaram, mas passam bem. De acordo com Cidão, a notificação de que ele estava com a doença foi um choque pelo fato de ele garantir que sempre evitou sair de casa por qualquer motivo. O parlamentar disse ainda que o medo de pegar a doença era tamanho que ele mesmo tinha um estoque com mais de 30 máscaras em casa. "A gente estava se cuidando mesmo, eu e a minha família", disse ele. "A minha mãe ficou doente e morava sozinha numa cidadezinha do Paraná. Eu tive que ir cuidar dela. Chegando lá, tive dor de cabeça e achei estranho, porque eu não costumo ter febre. Voltei com o meu filho, o Paulo Henrique, e quando fiz o exame eu estava com a Covid-19", destacou.Na avaliação de especialistas ouvidos ontem pelo Correio Popular os encontros com outros familiares, ao contrário do que muitos pensam, oferecem riscos consideráveis de contaminação. "A gente não pode se esquecer que a principal característica da doença é a transmissão entre pessoas assintomáticas, que são aquelas que não estão sentindo absolutamente nada, mas estão com o vírus", destaca o médico epidemiologista, André Ribas Freitas. Para Renata Moreira, coordenadora de biomedicina da Faculdade Anhanguera, por mais que a saudade seja grande da família, as pessoas precisam entender que o momento não é nada propicio para encontros. "Sair do isolamento agora, num momento em que estamos começando a achatar a curva, não é o ideal. Sair de casa para visitar parentes é um comportamento de muito risco, porque o coronavírus é uma doença que leva as pessoas a terem quadros assintomáticos", afirmou. Na avaliação da psicóloga Paula Montenegro, o longo período de isolamento social interfere na maneira como as pessoas levam a sério essa questão. Segundo ela, quanto mais o tempo passa, maior é a dificuldade da população conseguir cumprir a quarentena. "As pessoas nesse momento de pandemia querem se sentir na segurança de sua normalidade. Então, quando observam que outras pessoas estão saindo na rua, que o comércio está voltando aos poucos e que pessoas próximas não estão tendo sintomas, elas tendem a realizar esse intercâmbio (visitar parentes) para poder ter a sensação de normalidade resgatada e poder estar com alguém próximo", explicou. Visitas virtuais integram realidade dos hospitais da cidade Desde o começo de julho, os pacientes internados com o novo coronavírus nos hospitais de Campinas estão podendo receber visitas virtuais para auxiliá-los na recuperação da enfermidade e evitar a solidão decorrente do distanciamento familiar. Por meio de smartphones, tablets ou aplicativos que transmitam áudio e vídeo em tempo real, as unidades de Saúde estão viabilizando o contato dos pacientes isolados com as respectivas famílias. Para que isso ocorra, os responsáveis pelos hospitais estão avaliando e definindo o dia e o horário da "visita". A lei é de autoria do vereador Cidão Santos. "Eu utilizei da minha própria lei quando estive internado, porque o fato da família poder ver um ente querido se recuperando melhora tanto a saúde quanto a recuperação do paciente."  Chamada de vídeo ameniza isolamento Para iniciar uma chamada de vídeo com qualquer pessoa pelo celular, basta acessar a um dos inúmeros aplicativos que oferecem o serviço. Uma das ferramentas disponíveis, por exemplo, é “Google Meet”, que permite reuniões virtuais com várias pessoas ao mesmo tempo. Para usá-lo é preciso acessar o link criado pelo dono da reunião. Dessa forma, basta pressionar o link de acesso para ser direcionado à sala de reuniões. Em seguida, é só tocar em "Pedir para participar" e, depois, esperar o dono da reunião aceitar o pedido. Outra opção viável e, até mais fácil, acontece via Whatsapp – onde é preciso apenas abrir um bate-papo com a pessoa escolhida e, em seguida, selecionar um ícone que fica localizado no canto superior da tela. Há duas opões: chamada de voz ou chamada de vídeo. Para acessar o vídeo, basta clicar no ícone que se assemelha a uma filmadora. Os dispositivos devem estar conectados a uma rede Wi-Fi ou se a internet móvel (3G ou 4G) do celular estiver ligada. (HH/AAN

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