Dirigir bêbado é a causa de 30% dos acidentes com vítima fatal em Campinas

A emblemática frase "se beber, não dirija", tantas vezes ouvida em qualquer horário do dia nas inúmeras mídias brasileiras e em comerciais de bebidas alcoólicas, ainda parece pouco praticada de fato. Dados preliminares referentes ao acompanhamento de nove casos envolvendo acidentes de trânsito de Campinas que terminaram com mortes, revelam que 30% deles tiveram o álcool como o fator de risco. Em todo o ano passado, esse percentual chegou a 44%.

Quem afirma é a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), responsável pelo gerenciamento do trânsito na cidade, que iniciou este mês mais uma edição da campanha de prevenção de acidentes de trânsito. A campanha educativa recebe o nome de "Beber e dirigir pode matar", e chega com o objetivo de conscientizar os motoristas sobre os perigos da combinação entre álcool e o volante.

A primeira ação da campanha tem como foco três pontos de fluxo de veículos na cidade. A avenida John Boyd Dunlop, no Cidade Satélite Íris, a Praça Arautos da Paz, na região do Taquaral e Rodovia Dr. Heitor Penteado (SP-81), no Bairro das Palmeiras. Nesses locais foram instalados motos e carros batidos para alertar e sensibilizar o motorista que estiver trafegando pelo local sobre o fator de risco que a mistura álcool e direção representam.

Realizada também em anos anteriores, a campanha 2022 traz uma novidade. Ao lado da instalação de veículos batidos nos três pontos destacados, a Emdec colocou banners de 3x5 metros exibindo as mensagens da campanha. Entre elas estão frases como: "A união de bebida e direção causou 22% das mortes no trânsito", "Uma em cada 5 mortes no trânsito tem como fator de risco o álcool" e "1 em cada 3 motociclistas mortos estava alcoolizado". 

Os banners foram colocados acompanhando as instalações dos veículos acidentados devido à falta de clareza na mensagem da campanha na última edição. A Emdec recebeu críticas pelo fato das instalações dos veículos batidos não virem seguidas de uma explicação. Na ocasião, os motoristas passavam, observavam as cenas dos acidentes, mas não compreendiam do que se tratava.

Segundo a Emdec, os painéis educativos também serão colocados perto da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas), na avenida John Boyd Dunlop, e da EMEF/EJA Professora Geny Rodriguez, na Avenida das Amoreiras. 

Conforme a empresa, as informações contidas nas mensagens são referentes a dados de acidentes de 2021 do município. Os painéis também destacam a frase "Nunca beba e dirija!".

Conforme os dados de acidentes fatais na cidade este ano, a questão da conversão em locais proibidos também chama atenção. Neste seis meses do ano, 20% das mortes no trânsito campineiro ocorreram devido a essa infração.

A campanha deste ano terá três etapas, no período de 1º de julho a 4 de setembro. Após essa fase das instalações, de 15 de julho a 14 de agosto, haverá abordagens educativas em bares da cidade. A partir de15 de agosto ocorrerão blitzes de fiscalização da Polícia Militar, articuladas com a campanha. A blitz da PM integra o Programa Direção Segura, que é coordenado pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP).

Entre as peças de comunicação, também estão previstos cartazes em ônibus, divulgações em pontos, faixas informativas, folheto digital para compartilhamento pelo aplicativo de mensagem WhatsApp, publicações nas redes sociais da Emdec e spot de rádio. 

Segundo a Emdec, no ano passado, 44% das ocorrências fatais no trânsito de Campinas, quase a metade, foram causadas pela mistura entre álcool e o excesso de velocidade. "É fundamental que toda a sociedade entenda e perceba as consequências. São caminhos sem volta", disse o presidente da Emdec, Vinicius Riverete.

O secretário municipal de Transportes, Fernando de Caires, comenta que a redução de veículos nas vias na pandemia da covid-19 foi acompanhada por mais comportamentos de risco. "Infelizmente houve aumento nas ocorrências e sua gravidade", disse.

A gerente da Divisão de Educação para Mobilidade Urbana da Emdec, Roberta Mantovani, faz questão de alertar que não existe 'nível seguro' na condução de um veículo após a ingestão de bebidas alcoólicas. "Conduzir alcoolizado sempre prejudica a atenção, coordenação, visão, as decisões e o tempo de reação. Mesmo bebendo pouco, fica difícil, por exemplo, perceber ao mesmo tempo a via, as interseções, sinalização, os usuários e veículos", explica. 

A Emdec destaca que a campanha tem o apoio da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global, da Guarda Municipal (GM), da Polícia Militar (PM) e do Detran SP.